No fim, o pai explicou-me durante cerca de vinte minutos as realidades da vida. Não me escondeu nada. Iniciou-me no segredo dos deuses do mundo dos bibliotecários: revelou-me a via real e os caminhos transversais, as paisagens vertiginosas das variantes, das nuances, das fantasias, das avenidas distantes, das tonalidades audaciosas e até dos caprichos excêntricos: podiam classificar-se os livros por títulos, por ordem alfabética de nome de autor, por colecções e editores, cronologicamente, por língua, por assunto, por género ou tema, ou até mesmo por local de edição, etc…
E foi assim que me iniciei nos mistérios dos cambiantes: a vida comporta diferentes vias. As coisas podem acontecer desta ou daquela maneira, segundo diferentes partituras ou lógicas paralelas. Cada um desses raciocínios é consequente e coerente à sua maneira, perfeito em si e indiferente a todos os outros.
Amos Oz, Uma história de amor e trevas
terça-feira, 15 de abril de 2008
Os livros e os cambiantes da vida
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