segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Homenagem

Já vem muito atrasada. Mas, em todo o caso, fica a homenagem merecida:

Discurso Sobre a Reabilitação do Real Quotidiano

Pastelaria


Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura

Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio

Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante

Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos
frente ao precipício
e cair verticalmente no vício

Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola

Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come

Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!

Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora ? ah, lá fora! ? rir de tudo

No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra



Mário Cesariny

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Sugestões de Leitura




As sugestões para o próximo livro do clube de leitura foram, como sempre, bastante variadas:

A papisa Joana, de Donna Woolfolk Cross
Abel Trajana, de Almodena de Ortega
A Viajante, de Karla Suárez
À espera no centeio, de J.D. Salinger
A herança de Eszter, de Sándor Márai
As pequenas memórias, de José Saramago
Aquilo que eu amava, de Siri Hustvedt
E se eu gostasse muito de morrer, de Rui Cardoso Martins
O segredo do bosque velho, de Dino Buzzati
A Prova, de Agota Kristof
As travessuras da menina má, de Mario Vargas LLosa
O coração dos homens, de Hugo Gonçalves

A votação foi muito renhida, com direito a segunda volta entre Aquilo que eu amava e O coração dos homens, mas acabou por ganhar Siri Hustvedt, a mulher de um dos nossos autores preferidos, Paul Auster, e Aquilo que eu amava, What I Loved no original.

Boas leituras!!

Discussão de Arco-Íris

A nossa discussão do Arco-Íris, de Banana Yoshimoto, foi fraquinha. Porque também achámos o livro bastante fraquinho. Muito superficial, muitos clichets, personagens estereotipadas... Enfim, não agradou a nenhuma das leitoras e todas ficámos a pensar como de uma lista de sugestões tão rica fomos precisamente escolher aquela Margarida Rebelo Pinto japonesa!
Referimos a forma como caracterizou a personagem da esposa do Sr. Takada negativamente a fim de facilitar a escolha moral da protagonista em se envolver sentimentalmente com o patrão. E também como a identificação com a natureza, o amor pelas plantas e animais, que podia ser um elemento interessante, é utilizado meramente como um meio de comunicação entre Takada e Eiko.
A qualidade do texto é, na nossa opinião, má, embora reconheçamos que isso se pode prender com a dificuldade de transposição entre as línguas (a tradução portuguesa é feita através da tradução do japonês para o italiano).
Ainda discutimos um bocado uma questão que nos pareceu interessante, que foi o brio profissional da protagonista no desempenho das suas funções de empregada de mesa, e posteriormente de governanta da casa do patrão.
Não deixa saudades! (Mas gostámos da comida!!)

domingo, 19 de novembro de 2006

Mais Banana, desta vez em inglês


BIG IN JAPAN
Banana YoshimotoThe biographical blurb inside Yoshimoto' novel N.P. reads: "Banana Yoshimoto was born in 1964. She has won numerous prizes in her native Japan, and her first book, Kitchen, has sold millions of copies worldwide. She lives in Tokyo." Not exactly packed with detail. So who is Banana Yoshimoto?Yoshimoto Mahoko was born on July 24 1964, and is the daughter of Yoshimoto Takaaki, aka Ryumei, probably the most famous and influential Japanese philosopher and critic to emerge out of the 1960s New Left. (Ryumei's notoriety of late has mostly been due to his nearly drowning a couple of times in the last few years). In addition to having a famous father, Mahoko's sister, the cartoonist Haruno Yoiko, is also a public figure. Mahoko grew up in a leftist, liberal family with significantly more freedom than the typical Japanese teenager and, while she was still in high school, she moved in with her boyfriend. After graduating from the literature department of Nihon University's Art College, Mahoko took the deliberately androgynous pseudonym "Banana" and began to write seriously. One of the chief influences on her writing, both in terms of style and content, was the work of Steven King (particularly his non-horror stories), whom she still greatly admires. Later she developed less populist inspiration from the works of Truman Capote and Isaac Bashevis Singer.As it turned out, Banana was instantly successful.
Her story "Moonlight Shadow" won the Izumi Kyoka Prize in 1986 and she became a publishing sensation the next year with the release of her debut novella Kitchen (published in English with "Moonlight Shadow"). The two stories were written while she was working as a waitress in Tokyo - often she would write during her breaks and slack periods at work - and the book went on to win her the Umitsubame First Novel Prize. There have been two films made of the story, a Japanese TV movie and a more widely released version produced in Hong Kong by Yim Ho in 1997. So far the novel has had over sixty printings in Japan alone. At the 1993 G7 summit, the Foreign Ministry even handed out copies of Banana's book to foreign delegates. One wonders whether anyone at the ministry had read Kitchen, whose two stories concern a transsexual father and a boy who dresses up in his dead girlfriend's school uniform!Since Kitchen, Banana has sold in excess of six million books in Japan and become an internationally renowned author. She has produced eleven other novels and seven collections of essays, only a handful of which have so far been translated into English. Her most popular works include Sanctuary, Tsugumi (made into films by Ichikawa Kon in 1990), N.P., Lizard (a collection of short stories), Amrita (winner of the Murasakishikibu Prize), the novels Kanashii, Yokan, Honeymoon and SLY, and the collections of essays Pineapple Pudding and Song from Banana.Despite her phenomenal success, Banana has remained a somewhat enigmatic and down-to-earth figure. She usually appears without make-up and dresses simply. Despite a long-term relationship, and the fact that the characters in her last novel Honeymoon found redemption by marrying, she maintains that marriage is unnecessary. The fact that her own mother fell in love with her father when she was married to another man has undoubtedly influenced her view of relationships. Certainly the majority of her characters enjoy rather unconventional relationships and lead what most would consider atypical Japanese lives.
These days Banana has the security of success. "Banana Mania," it seems, is now impervious to bad reviews, with sales of the unremarkable and simplistic Amrita being largely unaffected by its critics. Now Banana writes to please herself, putting in at least thirty minutes at the keyboard every day, and says, "I tend to feel guilty because I write these stories almost for fun." Certainly her readers would agree that she offers escapism, fun, and a view of modern Japanese life still tinted with a touch of the traditional sense of mono no aware - the pathos of things.
Matt Wilce

in: http://metropolis.co.jp/biginjapanarchive299/271/biginjapaninc.htm

segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Biografia da Banana


No site da Cavalo de Ferro, recomendado pela Ana Cristina, encontrei esta pequena biografia da nossa autora do momento:

Biografia

Yoshimoto Mahoko nasceu em 1964, filha de Yoshimoto Takaaki, aka Ryumei, provavelmente o filósofo e crítico mais importante e influente, que emergiu nos anos 60. Além de ter um pai famoso, a sua irmã, a cartoonista Haruno Yoiko, é também uma figura pública.Yoshimoto cresceu numa família liberal, de esquerda e com significativamente mais liberdade que uma típica jovem japonesa. Ainda durante o liceu, Yoshimoto foi viver com o namorado.Depois de terminar a licenciatura no departamento de Literatura, do Nihon University's Art College, Mahoko adopta, deliberadamente, o pseudónimo andrógino Banana e começa a escrever de forma convicta. Escreve os seus primeiros livros enquanto trabalhava como empregada de balcão em Tóquio.Uma das maiores influências na sua escrita, tanto em estilo como conteúdo, é o trabalho de Stephen King (particularmente nas histórias que não são de terror), do qual é admiradora. Mais tarde procurou inspiração também em Truman Capote e Isaac Bashevis Singer.

Também encontrei a página pessoal da autora, onde se encontram algumas entrevistas, informações sobre as suas obras, etc.

Sugestões de Leitura

As sugestões de leitura saídas da nossa última reunião foram as seguintes:

- O Orientalista, de Tom Reiss

- Story of the Eye, de Georges Bataille

- Arco-Íris, de Banana Yoshimoto

- Travessuras da menina má, de Mario Vargas Llosa

- Mulheres perigosas, uma antologia de contos

- Jaime Bunda, de Pepetela

- Laurentino, dona Antónia de Sousa e eu, de José Luandino Vieira

- O coração dos homens, de Hugo Gonçalves

- A Pirata, de Luísa Costa Gomes

- E se eu gostasse muito de morrer, Rui Cardoso Martins

- O segredo do bosque velho, de Dino Buzzati

- Bem vindo ao deserto do real, de Slavoz Zizek

- Teatro completo, de Sarah Kane


A votação foi renhida e animada, mas acabou por vencer... : Arcoris, de Banana Yoshimoto


Discutimos alegremente os contos de Flannery O'Connor

A Ana Cristina mandou-me uma contribuição para o blog:

Quanto à reunião de ontem, sobre o livro Um Bom Homem é Difícil de Encontrar, foi muito animada e a discussão sobre os contos muito interessante, mesmo para mim que não li todos.

Em traços muito breves, a ideia com que fiquei dos contos, daquilo que li e sobretudo do que ouvi, é de que são retratos absurdos, exagerados, de uma realidade dura, brutal. A maldade e a crueldade humanas são os temas predominantes, e Flannery O'Connor tem uma capacidade excepcional para definir personagens e ambientes em poucas palavras e é senhora de um humor negro (ou preto?), por sinal contagiante, o que tornou a discussão de histórias cruéis numa conversa muito divertida (embora um bocado para o caótica).

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Estamos sempre em cima do acontecimento!


Nobel para Orhan Pamuk, uma nossa leitura recente!

Pois é! Congratulamo-nos pela escolha, até porque a leitura de "Os Jardins da Memória" nos agradou bastante e a discussão desse livro foi uma das mais animadas.
Aqui fica o artigo que acabou de sair no Público Online:

Nobel da Literatura para o turco Orhan Pamuk
12.10.2006 - 12h04

O escritor turco Orhan Pamuk, 54 anos, foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura 2006.

O escritor foi distinguido porque, "na busca pela alma melancólica da sua cidade, descobriu novos símbolos para o confronto e o cruzamento de culturas", justifica o Comité Nobel.

Alvo dos nacionalistas turcos pela sua defesa da causa arménia e curda, Pamuk é autor de uma obra que descreve as tensões da sociedade turca, entre o Oriente e o Ocidente.

O autor, que acumulou prémios literários no estrangeiro, é considerado "persona non grata" por alguns dos seus compatriotas. "Um milhão de arménios e 30 mil curdos foram mortos nas suas terras, mas ninguém, para além de mim, ousa dizê-lo", afirmou Pamuk, em Fevereiro, numa entrevista a um semanário suíço.

O escritor chegou a ser perseguido pela justiça por "insulto aberto à nação turca", um crime passível de uma pena entre seis meses e três anos de prisão. As acusações foram retiradas no início deste ano.

Nascido no dia 7 de Junho de 1952 numa família francófona de Istambul, o escritor abandonou os estudos de arquitectura aos 23 anos para se dedicar exclusivamente à literatura. Sete anos depois, publicou o seu primeiro romance, "Cevdet Bey ve Ogullari" ("Mr. Cevdet and His Sons", na tradução em inglês).

Pai de um adolescente, Pamuk é divorciado e vive em Istambul.

Orhan Pamuk tem dois romances publicados em Portugal, ambos pela Editorial Presença: "A Cidadela Branca" e "Os Jardins da Memória".

O Nobel da Literatura consiste num prémio monetário de dez milhões de coroas suecas (1,1 milhões de euros), que será entregue a Pamuk numa cerimónia que terá lugar em Estocolmo, no dia 10 de Dezembro.

Uma verdade inconveniente



Fomos ver o tão falado documentário que acompanha Al Gore nas suas palestras sobre o aquecimento global. Apesar da evidente pré-campanha presidencial que está patente e que pode irritar um pouco, a importância da mensagem é irrefutável: ou mudamos drasticamente muitos dos nossos hábitos e as nossas políticas ambientais, ou a nossa civilização terá um fim inevitável num curto espaço de tempo, arrastando connosco toda a biodiversidade do planeta.
Há que começar dentro de cada uma das nossas casas, nos nossos hábitos de utilização dos transportes privados, numa miríade de pequenos gestos do quotidiano. E, claro, há que exigir de quem nos governa atitudes mais proactivas na defesa dos recursos naturais e património ambiental.

domingo, 8 de outubro de 2006




A família de uma amiga minha recuperou um lindo moinho alentejano.
Não ficou uma beleza? É, certamente, um anacronismo, ver as suas velas a rodar alegremente, e ouvir aquele som mágico, que, pelo que aprendi, é feito pelo passar do vento nas cantarinhas, uns pequenos potes de barros colocados junto às velas. Mas é bom ver o nosso passado tratado com tanto respeito. Parabéns a toda a família e longa vida para o Moinho Grande.

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Dia do Animal



Comemora-se hoje o dia do animal. Agradeço à minha doce e querida amiga Pa-Ma toda a sua dedicação e fica aqui a minha homenagem a todos os animais, os que habitam connosco nas nossas casas, e aqueles com quem habitamos nesta grande casa que é o planeta Terra.

domingo, 1 de outubro de 2006



O Outono traz-me sempre uma certa nostalgia. Mas uma nostalgia boa, quentinha. Como o meu Trombas D'olifante, que me acompanha desde o dia em que nasci.


Já agora, também em Português, um pequeno texto sobre a nossa leitura do mês:

Um bom homem é difícil de encontrar

Flannery O'Connor

Flannery O"Connor, escritora considerada uma das mais importantes figuras da literatura americana do século XX, nasceu em 1925, em Savannah, na Georgia, e morreu aos 39 anos em Andalusia, nos arredores de Milledgeville, onde criava pavões e outras aves. Entre outros géneros (dois romances, cartas, comentários, críticas), escreveu 32 contos, que foi publicando em diversas revistas e publicações, mais tarde coligidos em dois volumes separados. O primeiro volume, "A Good Man is Hard To Find" ("Um Bom Homem É Difícil de Encontrar" na versão portuguesa), acaba de ser traduzido e editado pela Cavalo de Ferro. O segundo, intitulado "Everything That Rises Must Converge", irá ser publicado mais tarde pela mesma editora. Não é a primeira vez que contos de Flannery O"Connor são publicados em português, mas é a primeira vez que este livro o é. A tradutora deste "Um Bom Homem É Difícil de Encontrar" é a escritora Clara Pinto Correia, e já tinha sido ela a organizar e a traduzir a "Antologia Indispensável" de Flannery O"Connor que a Dom Quixote publicou em 1996. Para essa antologia a tradutora tinha seleccionado apenas seis contos retirados dos dois livros originais.
Os contos de "Um Bom Homem É Difícil de Encontrar" são perturbadores e estranhos e, uma vez lidos, não nos deixam mais. Em 2005 foram publicados em Espanha todos os seus contos num único volume: num mês esgotaram-se duas edições e nessa altura a agência de notícias espanhola Colpisa escreveu: "À sordidez da miséria, aos conflitos racionais, ao asfixiante peso da religião e à luta frustrada pela liberdade sobrepõe-se, nos contos de Flannery O"Connor, uma estranha beleza que surge de uma íntima exploração moral da condição humana." É isso mesmo.

Isabel Coutinho , Público Mil Folhas


A nossa leitura corrente é A Good Man is Hard to Find (Oh, que grande verdade!!), uma colectânea de histórias de Flannery O'Connor. Cá estamos de volta aos clássicos.
Aqui deixo um texto tirado da Wikipedia, a enciclopédia gratuita on-line, com uma informativa introdução à vida e obra da autora:




Biography
Mary Flannery O’Connor was born into an Irish Catholic family in Savannah, Georgia. She was the only child of Edward F. O'Connor and Regina Cline O’Connor. Her father was diagnosed with lupus in 1937; he died on February 1, 1941. The disease was hereditary in the O'Connor family. Flannery was devastated, and almost never spoke of him in later years.

Flannery described herself as a "pigeon-toed only child with a receding chin and a you-leave-me-alone-or-I'll-bite-you complex." As a child she was in the local newspapers when she taught a chicken that she owned to walk backwards. She said, "That was the most exciting thing that ever happened to me. It's all been downhill from there."

O'Connor attended the Peabody Laboratory School, from which she graduated in 1942. She entered Georgia State College for Women (now Georgia College & State University), where she majored in English and Sociology (the latter a perspective she satirized effectively in novels such as The Violent Bear It Away). In 1946 Flannery O'Connor was accepted into the prestigious Iowa Writers' Workshop.

In 1949 O'Connor met and eventually accepted an invitation to stay with Robert Fitzgerald (translator of Greek epic plays and poems, including Oedipus Rex and both the Odyssey and the Iliad) and his wife, Sally, in Redding, Connecticut. [1]

In 1951 she was diagnosed with disseminated lupus, and subsequently returned to her ancestral farm (see Andalusia) in Milledgeville. There she raised and nurtured some 100 peafowl. Fascinated by birds of all kinds, she raised ducks, hens, geese, and any sort of exotic bird she could obtain, as well as incorporated images of peacocks often in her books. She describes her peacocks in one essay.

Despite her sheltered life, her writing reveals an uncanny grasp of the nuances of human behavior. She was a deeply devoted Catholic living in the mostly Protestant American South. She collected books on Catholic theology and at times gave lectures on faith and literature, traveling quite far despite her frail health. She also had a wide correspondence, including such famous writers as Robert Lowell and Elizabeth Bishop. She never married, relying for companionship on her correspondence and on her close relationship with her mother.

She died on August 3, 1964, aged 39, of complications from lupus at Baldwin County Hospital and was buried in Milledgeville, Georgia. Regina Cline O'Connor outlived her daughter by many years, finally dying in 1997 at the age of 99.


Career
An important voice in American literature, O'Connor wrote two novels and 31 short stories, as well as a number of reviews and commentaries. She was a Southern writer in the vein of William Faulkner, often writing in a Southern Gothic style and relying heavily on regional settings and grotesque characters. Her texts often take place in the South and revolve around morally flawed characters, while the issue of race looms in the background. A trademark of hers is subtle foreshadowing, forcing the reader to glaze over the red flags she places in her stories. Finally, she brands each work with a disturbing and ironic conclusion.

Her two novels were Wise Blood (1952) and The Violent Bear It Away (1960). She also published two books of short stories: A Good Man Is Hard to Find and Other Stories (1955) and Everything That Rises Must Converge, published posthumously in 1965.

A life-long Roman Catholic, her writing is deeply informed by the sacramental, and by the Thomist notion that the created world is charged with God. Yet she would not write apologetic fiction of the kind prevalent in the Catholic literature of the time, explaining that a writer's meaning must be evident in his or her fiction without didacticism. She wrote ironic, subtly allegorical fiction about deceptively backward Southern characters, usually fundamental Protestants, who undergo transformations of character that to O'Connor's mind brought them closer to the Catholic mind. The transformation is often accomplished through pain, violence, and ludicrous behavior in the pursuit of the holy. However grotesque the setting, she tried to portray her characters as they might be touched by divine grace. This ruled out a sentimental understanding of the stories' violence, as of her own illness. O'Connor wrote: "Grace changes us and change is painful." She also had a lively, sardonic sense of humor, often based in the disparity between her characters' limited perceptions and the awesome fate awaiting them. Another source of humor is frequently found in the attempt of well-meaning liberals to cope with the rural South on their own terms. O'Connor uses such characters' inability to come to terms with race, poverty, and fundamental religion, other than in sentimental illusions, as an example of the failure of the secular world in the twentieth century. However, she was not a reactionary: several stories reveal that O'Connor was familiar with some of the most sensitive contemporary issues that her liberal and fundamentalist characters might encounter. She was aware of the Holocaust, touching on it closely in one famous story, "The Displaced Person." Integration comes up in "Everything that Rises Must Converge," and O'Connor's fiction became more and more concerned with race as she neared the end of her life.

Her best friend, Betty Hester, received a weekly letter from O'Connor for over a decade. These letters provided the bulk of the correspondence collected in The Habit of Being, a selection of O'Connor's letters that was edited by Sally Fitzgerald. The reclusive Hester was given the pseudonym "A.," and her identity was not known until she died in 1998. Much of O'Connor's best-known writing on religion, writing, and the South is contained in these and other letters.

The Flannery O'Connor Award for Short Fiction, named in honor of O'Connor, is a prize given annually to an outstanding collection of short stories.

terça-feira, 12 de setembro de 2006

Depois de vários dias, semanas e até meses de visita a este blog sem nenhuma intervenção, foi para espanto meu quando regressei de férias e vi um sinal de acordar da nossa intervencionista-mor. Fico feliz pela reactivação de tão importante blog. Espero poder contribuir mais activamente daqui para à frente. Boas leituras.

sábado, 26 de agosto de 2006



Recomendo vivamente.
Uma abordagem sensível sobre cicatrizes (as da guerra e as da vida em geral) e a capacidade do amor para as sarar.


Plutão já não é planeta.
Fica a faltar algo...

Como é que os astrólogos se desembrulham desta??

quarta-feira, 23 de agosto de 2006


É chato trabalhar para o boneco.
Mas o cor-de-rosinha apetece tanto...
Que vou continuar a mandar uns bitaites para aqui!
Embora me apeteça mudar o nome do blog e chamar-lhe... "message in a bottle"! Como aquelas míticas mensagens enviadas ao mar com a ínfima esperança de que sejam algum dia lidas por alguém e a ainda mais ínfima esperança de que alguém lhes responda.

terça-feira, 22 de agosto de 2006

domingo, 8 de janeiro de 2006

O título da nossa presente leitura refere-se a uma canção dos Beatles.
Aqui fica a letra:

Norwegian Wood

I once had a girl,
Or should I say
She once had me.
She showed me her room,
Isn’t it good?
Norwegian wood.
She asked me to stay and she told me to sit anywhere,
So I looked around and I noticed there wasn’t a chair.
I sat on a rug
Biding my time,
Drinking her wine.
We talked until two,
And then she said,
‘It’s time for bed’.
She told me she worked in the morning and started to laugh,
I told her I didn’t, and crawled off to sleep in the bath.
And when I awoke
I was alone,
This bird has flown,
So I lit a fire,
Isn’t it good?
Norwegian wood.


O livro escolhido para este mês foi "Norwegian Wood", de Haruki Murakami, outro japonês.


O livro seguinte foi "Nunca me deixes", ou, no original "Never Let Me Go", de Kazuo Ishiguro.
Novamente devo reconhecer que não sei onde estão as notas que tirei durante a nossa discussão e, como tenho muito mais onde empregar as minhas células cinzentas neste momento, serve este post apenas para que o livro marque presença no blog.
Em traços muito gerais, voltámos a ter um livro que dividiu completamente as leitoras. Algumas (como eu, a Rita e a Ana Cristina) aderimos incondicionalmente à beleza da escrita de Ishiguro, às suas subtilezas, à estranheza dos temas, mesmo à passividade das personagens, de uma tremenda complexidade emocional. Outras (quase o resto das leitoras) não apreciaram a obra, consideraram a narrativa incoerente e irritaram-se com a incapacidade das personagens para se rebelarem contra o cenário absolutamente abominável que representava o resto das suas vidas.
Em todo o caso, o livro deu azo a uma viva discussão, onde entraram questões como a bioética, no que diz respeito à clonagem. Falou-se do paralelismo da situação dos clonados da obra com a dos escravos. A atitude mais ética será indubitavelmente a da sua libertação, apesar dos problemas económico que esta decisão possa acarretar. Também aqui, aflige a indiferença daqueles que conhecendo a situação dos clonados, opta por fechar os olhos a essa situação e a demitir-se de tomar medidas no sentido de acabar com a exploração desses seres humanos. Também na altura do esclavagismo se argumentava que os escravos não eram seres humanos, não tinham alma. A mesma questão se coloca em "Nunca me deixes". Ao contrário outras opiniões surgidas durante a discussão, penso que fica muito claro que estes seres são profundamente humanos. Mesmo na sua incapacidade de reacção.
Tal como estabeleci o paralelismo com a questão do esclavagismo, também fui ainda um pouco mais longe, aplicando esta mesma ordem de ideias à forma como tratamos os animais, justificando as sucessivas crueldades que lhes infligimos com a assunção de que não têm a capacidade de pensar, de sentir, de sofrer. Penso que, novamente, e quando as mentalidades evoluirem um pouco mais, seremos obrigados a rever e a alterar os nossos comportamentos perante os nossos companheiros de planeta.


A leitura que se seguiu à "Misteriosa Chama" foi, nem mais nem menos do que o monumental "Ana Karenine", de Leo Tolstoi. Novamente tentamos aproveitar as potencialidades do clube de leitura, no que diz respeito a uma leitura mais acompanhada e disciplinada para nos atirarmos a um clássico que muitas de nós já queriam ter lido há muito tempo. Precisámos de um pouco mais de tempo, mas lá conseguimos (quase) todas levar o navio a bom porto.
Devo confessar que perdi as notas que tirei durante a nossa discussão e também que não me apetece fazer esse exercício de memória. Registo aqui apenas a recepção entusiástica da obra por parte de muitas das leitoras (nomeadamente a paula e a Guida). A discussão foi precedida do visionamento da mais recente adaptação para cinema da obra, realizada por Bernard Rose e interpretada por Sophie Marceau, Sean Bean (um belo Vronsky, sim senhoras, hão-de dizer-me onde está o vosso caixote do lixo!) e Alfred Molina. O filme é fraco, fraco, oh meu Deus, que fraquinho, e nem no que diz respeito à trama romântica da obra dá conta do recado, quanto mais no que concerne à tremenda complexidade das figuras de Ana Karenina, Vronsky, Karenin e LEvine. Em todo o caso, em termos visuais não deixa de resultar relativamente bem e é sempre curioso vermo-nos confrontados com outras visões de obras que já imaginámos à nossa maneira durante a leitura.
Da discussão propriamente dita, recordo-me das grandes polémicas em torno da personagem de Levine. Prometo completar este post se entretanto encontrar as minhas notas.

Discussão de “A misteriosa chama da Rainha Loana”, de Umberto Eco

Com uns meses largos de atraso, aqui fica mais esta pequena contribuição para a preservação das memórias do nosso clube de leitura. Se bem se lembram, a discussão realizou-se numa tarde deliciosa à beira de uma piscina, e as minhas tentativas de escrever algumas notas cedo se transformaram numa pasta informe de papel e tinta de esferográfica.
Ficam aqui apenas meia dúzia de notas de que me lembro. O resto das leitoras estão, como sempre, convidadas a resgatar do fundo (bem fundo e distante) da memória o que mais se lembrem da nossa discussão.

A opinião geral foi favorável, com as leitoras a reconhecerem que se trata de um romance bem construído. Tivemos todas pena que as profusas referências culturais nos sejam, na maior parte, alheias. Pensámos, contudo, que este livro deve constituir uma leitura apaixonante para um italiano da geração de Umberto Eco.

A Ana Cristina estabeleceu um paralelismo com “De Profundis. Valsa Lenta”, de José Cardoso Pires, que descreve o mesmo tipo de experiência, de acordar do coma mas de forma mais sucinta e, a seu ver, mais bem conseguida.
A mesma experiência mas mais sucinta. Entretanto descobri um pequeno excerto da obra de José Cardoso Pires, que transcrevo:

“De resto, a desmemória não só o isolou da realidade objectiva, como o destituiu, pode dizer-se, de sentimentos. Perdeu os estímulos de aproximação porque, sem a consciência da identidade que nos posiciona e nos define num framework de experiências e de valores, ninguém pode ser sensível à valia humana do semelhante. As suas virtudes ou os seus males só podem ser reconhecidos como significantes sentimentais em contraponto com a consciência da nossa identidade, isto é, com a tradição da comunicação que praticamos com a sociedade e com a nossa memória cultural. A ele tal coisa estava-lhe vedada, memória onde tu já ias. Daí a total indiferença em que navegava à tona das comoções e dos afectos, uma indiferença extrema que, sucedesse o que sucedesse , não o levava a perturbar nem ao de leve a disciplina do ambiente. Na verdade, não sabia de todo onde se encontrava, a razão era essa.”
(José Cardoso Pires in De Profundis, Valsa Lenta)


Discutimos a figura de Lila e como ela é uma figura idealizada que se aproximava dos estereótipos da BD.


Eu referi ainda um pouco do que me lembrava das teorias literárias de Umberto Eco, nomeadamente aquilo que designa de Lector in fabula
Estabelece-se um pacto entre leitor e autor, que permite ao leitor aceitar como verdade os dados que lhe são descritos no livro. Essa verdade existe dentro do contexto específico do livro, obedecendo às regras inerentes ao próprio texto, ainda que estas sejam inválidas no mundo “real”, como é o caso da literatura fantástica. O leitor tem, no entanto, um papel preponderante na construção desse mundo. É ele que o vai construindo à medida que lê, com a memória do que leu para trás no próprio livro mais os bocadinhos de memórias de todos os outros textos que já leu, e experiências que já viveu.
O que me parece muito interessante neste livro é que o leitor constrói a leitura em simultâneo com a personagem principal. Partimos do mesmo ponto, nós leitores da página em branco do início do livro, ele protagonista da memória em branco após o colapso.

Falámos longamente sobre a questão da identidade e de como nós somos aquilo de que nos lembramos. Fora da moldura das nossas memórias, é difícil pensar em termos de identidade.

Gostámos particularmente do episódio do copo inquebrável, a composição escrita por Yambo aos onze anos e que marca uma viragem radical na sua maneira de ser. A composição relata a existência de um copo de vidro inquebrável, que repetidamente o protagonista testa. A dada altura, e perante visitas, decide exibir a magia do copo e, para seu grande espanto e pesar, o copo parte-se em mil estilhaços. Comenta o narrador:
“Naqueles estilhaços que, focados pelo candeeiro, brilhavam (falsamente) como pérolas, eu celebrava, aos onze anos, o meu “vanitas vanitatum”, e professava um pessimismo cósmico.
Tinha passado a ser o narrador de um falhanço, do qual representava o frangível correlativo objectivo. Tinha passado a ser existencial, embora ironicamente, amargo, radicalmente céptico, impermeável a qualquer ilusão.” (p. 198~9)

Também nos enterneceu o episódio do Bruno, o menino que fica órfão e se sente humilhado pela caridade dos colegas e o seu grito de “Furo!”, enquanto todos os outros gritavam “Juro!” ao juramento fascista. Foi o primeiro acto de revolta a que assistiu o protagonista.

A descida do Vallone foi também um dos episódios mais marcantes para as leitoras, uma espécie de rito de iniciação nas crueldades da vida adulta.

3ª parte – respostas a tudo –
A Rita referiu uma teoria dos espaços em branco de Eiser (?), que na altura me pareceu muito prometedora, mas entretanto se me varreu da memória. Vou tentar ainda discutir isso com ela.

E pronto, é tudo do que me lembro!