quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Feliz Natal!



Para todos umas Boas Festas, com muita Paz, Carinho, Serenidade e Alegria.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Que voz!

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Devo admitir que nunca tinha ouvido falar no António Zambujo. Fui convidada à última da hora para o concerto no Sábado, no Teatro das Figuras de Faro, e a muito custo prescindi o pijama e do sofá quentinho naquela noite fria de Inverno.
Em boa hora o fiz, pois a surpresa foi grande. Uma voz irrepreensível, com um toquezinho de Caetano Veloso e a fazer lembrar aqui e ali um pouco também o grande Zeca.
Adorei a voz, o repertório, os arranjos, aquela magnífica guitarra portuguesa, o clarinete, especialmente em “Ao Sul”, o baixo, fabuloso naquele tão despojado “Foi Deus”, a empatia entre os músicos, e entre estes e o público. E aquela simplicidade desarmante do António Zambujo.
E tem página web, onde podem ouvir todas as músicas!



sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Message in a Bottle

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Recebi no e-mail do blogue a seguinte mensagem da A.:



Volta, C.! Precisamos de ti! Este auditório é o mundo!

Pois... desculpem, não tem apetecido.
Vamos ver se ganho coragem para recomeçar.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Dia Mundial da Arquitectura


Museu Ibere Camargo, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.

Projecto do arquitecto Alvaro Siza Vieira.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Sugestões de Leitura

As sugestões de leitura foram, mais uma vez, variadas e apetecíveis:

- Edith Wharton, The Descent of Man and Other Tales (não encontrei a referência à edição portuguesa)


- Erri de Luca, O Dia Antes da Felicidade
“O Dia Antes da Felicidade”, novo romance do escritor italiano Erri de Luca, editado em Portugal pela Bertrand, chega às livrarias a 4 de Setembro.“O Dia Antes da Felicidade” conta a história de uma criança nascida em Nápoles durante a Segunda Guerra Mundial. A criança, órfã, é adoptada e este romance segue o seu crescimento e a sua visão da guerra e do sofrimento humano. Ao mesmo tempo segue a visão do amor e da possibilidade de alcançar a paz e a felicidade.

Peter Carey, Roubo: uma história de amor
«Não sei se a minha história tem dimensão suficiente para ser uma tragédia, embora tenha acontecido uma data de merdas. Não há dúvida de que é uma história de amor, mas isso só começou quando essas merdas já iam a meio, e aí já eu tinha ficado não só sem o meu filho de oito anos, como também sem a minha casa e o meu atelier em Sydney, onde noutros tempos tinha sido tão famoso quanto um pintor pode esperar ser na sua própria terra.» Assim começa o novo romance de Peter Carey, uma obra de grande intensidade, impudicamente divertida. Narrada pelas vozes gémeas do artista Butcher Jones e de Hugh, o seu «irmão perturbado de 100 quilos», conta as aventuras e infortúnios de ambos depois de a queda dos preços dos quadros de Butcher e de o seu problema crescente com o álcool os obrigarem a retirar-se para o Norte da Nova Gales do Sul. Aí, o artista outrora famoso vê-se reduzido a ser o caseiro do seu principal coleccionador e a tomar conta do seu irmão errático. Mas numa noite de tempestade surge a misteriosa Marlene, calçando um par de Manolo Blahniks. Ao afirmar que o amigo e vizinho dos dois irmãos tem um Jacques Leibovitz autêntico, não tarda a desencadear uma série de acontecimentos que podem levá-los ao triunfo ou à ruína.

Alexandre Reyes, A Rainha do Cine Roma
No dia em que conheceram, Maria Aparecida e Betinho, duas crianças de rua em Salvador da Bahia, tornam-se inseparáveis. Vítimas de abusos por parte dos pais, fazem do Cine Roma a sua casa, e da amizade que os une, um antídoto para combater a dura realidade de quem vive a fugir de sombras ameaçadoras. No ambiente de violência das ruas, os dois amigos vão crescendo e, um dia, os seus caminhos separam-se. Um dia, Betinho, agora Roberta, regressa a Salvador para reencontrar Maria Aparecida, desencontrada de si, perdida nos excessos. Um romance sobre a vida real no submundo urbano baiano. Uma história sobre duas crianças que um dia sonharam ser amadas.

Juan José Millás, O Mundo: O mundo é a rua da tua infância
Ao princípio era o frio. Quem teve frio em pequeno, terá frio o resto da vida, porque o frio da infância não desaparece nunca.Juan José Millás deslocou-se de Valência para Madrid com seis anos. Uma mudança que significou abandonar a luz e o calor do Mediterrâneo, para se instalar numa zona suburbana e obscura da capital, marco fundamental da sua vida. A rua Canillas, naqueles tempos de casas baixas e escombros, é o cenário da infância e da adolescência de Millás, um cenário que transporta o leitor para o ambiente do pós-guerra, desvendando-se os segredos, as aventuras, os desejos e as esperanças do protagonista. Um amigo condenado a morrer, O primeiro amor, Um vizinho espião, O pai e a mãe, naquela rua tudo ganha uma dimensão diferente, as coisas adquirem uma qualidade mágica.
Onde acaba a memória e começa a ficção? Esta é a realidade de um mundo, transformada em universo literário, uma autobiografia ficcionada- um livro imprescindível, belo e assombroso sobre o inevitável ofício de crescer.

Richard Yates, Perto da Felicidade
Cold Spring Harbor é um subúrbio tradicional de Nova Iorque, o pano de fundo de um retrato da América dos anos quarenta, na ressaca de uma guerra e na ameaça de outra. Charles Shepard é um militar na reforma, que vive resignadamente a frustração de nunca ter combatido; Gloria Drake é uma mulher abandonada à solidão e à proximidade da loucura, fumando e falnado sem cessar; Evan Shepard é um jovem à deriva, que procura uma formação superior, mas a quem os casamentos que faz e desfaz distraidamente, travam o passo; Rachel Drake entrega-se a um marido imperfeito e ausente, tentando cumprir o papel da «esposa perfeita». Nesta América deprimida e imóvel, cada um desempenha o papel que lhe cabe desempenhar. Porém, no coração de alguns brilha o desejo e germina a semente de um futuro maior.

Junot Diaz, A breve e assombrosa vida de Oscar Wao
Oscar Wao é enorme. E dominicano.Gozado pelos colegas e isolado do mundo, sonha com raparigas e aventuras extraordinárias, sente vergonha por não estar à altura da reputação viril dos machos dominicanos, mas não consegue mais do que uma vida de desilusões.Para Oscar, o drama é um fado demasiado familiar.A sua breve e assombrosa vida está marcada a ferro e fogo por uma maldição ancestral, o fukú, que, nascido em Santo Domingo, é transmitido de geração em geração, como uma semente ruim.Alimentada pela sorte dos seus antepassados, quebrados pela tortura, pela prisão, pelo exílio e pelo amor impossível, a história de Oscar escreve-se fulgurante e catastrófica, e integra a grande História, a da ditadura de Trujillo, a da diáspora dominicana nos Estados Unidos e a das promessas incumpridas do Sonho Americano.

Jean Rhys, Vasto mar de sargaços (reincidente do mês passado)

Margaret Atwood, A Senhora Oráculo
De gorda a magra, de ruiva a morena, de Londres a Toronto, de conde polaco a marido radical, de autora de romances de cordel a poeta distinta, Joan Foster sente-se completamente confusa com a sua vida de múltiplas identidades. Decide fugir para Terremoto, uma vila italiana, com o intuito de retomar o controlo sobre a sua vida. Mas primeiro terá de organizar a sua morte… Um romance notável que esclarece uma vez mais por que razão Margaret Atwood é considerada uma das melhores escritoras do nosso tempo.

John Cheever, Bullet Park
Elliot Nailles e Paul Hammer conhecem-se, supostamente por acaso, um domingo numa igreja em Bullet Park. Nailles é uma pessoa aberta, com um casamento sem grandes segredos e um filho adolescente em crise. Pelo contrário, Hammer não é aquilo que parece, tem uma estranha relação com a mulher e uma mãe invulgar que lhe inspirou uma missão a realizar, um assassínio, no pacato Bullet Park. Eis o lírico e mórbido hino ao subúrbio americano - e a toda a sua dúbia normalidade. É uma narrativa absorvente, mesmo nos seus momentos experimentais e um dos mais conseguidos romances de Cheever.

Após um empate com a Senhora Oráculo, de Margaret Atwood, acabou por ganhar Roubo: uma história de amor, do australiano Peter Carey.

domingo, 13 de setembro de 2009

Para a M. ou G.



A nossa "M. ou G." não é propriamente mocinha fácil de entender, mas vale certamente a pena tentar! Para ela um grande beijinho de parabéns, que tenha um magnífico dia, e que seja feliz por muitos muitos anos, rodeada de quem lhe quer bem!

segunda-feira, 31 de agosto de 2009


Detalhe de Meisje met de parel (Girl With a Pearl Earring), de Johannes Vermeer (1632-1675)
Museum Het Mauritshuis, Den Haag
(um cheirinho de Holanda, trazido pela P. Obrigada!)

A ficção da realidade versus o realismo da ficção

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No site do José Eduardo Agualusa há uma secção com excertos de entrevistas feitas ao autor sobre As mulheres do meu pai. Vale muito a pena lá dar um salto.

Deixo um "cheirinho", precisamente sobre as confluências entre ficção e realidade, de que falámos na nossa reunião, a propósito desta magnífica obra:

Inicialmente, você pretendia escrever um roteiro para cinema. Como as palavras venceram a imagem?

A partir de certa altura comecei a compreender que tinha material para um romance, e também que a vida de algumas das pessoas que me acompanhavam na viagem, em particular a vida da Karen, era tão interessante quanto as idéias que queríamos desenvolver. Agradou-me a idéia de iludir o leitor, dando-lhe a sensação de estar assistindo à construção do romance. Mas é um fato que entre nós a ficção participa da realidade, interfere com ela, isso é assim mesmo. Só a realidade consegue inventar certos enredos, os enredos mais inverossímeis.

A viagem real (?)

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As fotos seguintes documentam a viagem de Agualusa, Karen e Jordi, da qual se escreve em As mulheres do meu pai. São todas de Jordi Burch, um fotógrafo catalão residente em Lisboa. Curiosamente, e posso estar enganada, mas, pelo menos que eu me tivesse apercebido, Jordi é a única personagem do romance que surge tanto na viagem ficcionada como na viagem real (ou pelo menos na ilusão de viagem real). As fotos emanam aquela mesma espécie de realismo mágico presente no livro.



Namíbia, 2005, Jordi Burch



Namibe, Angola, 2005, Jordi Burch



Lubango, Angola, 2005, Jordi Burch

As fotos foram tiradas do site de José Eduardo Agualusa.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Aqueles tipos nem sequer os podemos considerar como inimigos, são um erro, uma aberração, como uma ave sem asas...
Ri-me:
- Um arco-íris em tons de cinzento.
- Nem mais! Um rouxinol mudo...
- Uma ovelha carnívora...
- Um fadista feliz!
- Um fotógrafo cego!
- Ah, fotógrafos cegos existem realmente! - riu-se. - Conheço um francês de origem eslovena, chamado Evgen Bavcar. Cego dos dois olhos. E é bastante bom...


José Eduardo Agualusa, As mulheres do meu pai



Evgen Bavcar

domingo, 16 de agosto de 2009




Estamos parados junto ao rio Quicombo. Tenho a certeza de que existe uma imagem destes altos paredões de terra num dos quatro albuns do fotógrafo português Cunha e Morais. (...)
As fotografias do Cunha e Morais, recolhidas em Angola na segunda metade do século XIX, ajudaram-me a construir o meu primeiro romance.





José Eduardo Agualusa, As mulheres do meu pai

sábado, 15 de agosto de 2009

Persépolis

Depois do inesquecível O quadro negro, de Samir Makhmalbaf, esta Sexta-feira foi a vez de Persépolis, no ciclo de cinema iraniano com que nos estão a brindar o Cineclube de Faro e o Pátio de Letras, na simpática esplanada daquele espaço. O filme é maravilhoso, lançando um olhar lúcido e corrosivo sobre a vida, seja ela vivida debaixo de guerra, revolução ou repressão extremas em Teherão, seja em Viena ou Paris. Uma pérola!



A não perder também, são os próximos filmes do ciclo:
Dez, de Abbas Kiarostami, dia 21 de Agosto
Gabbeh, de Mohsen Makhmalbaf, dia 28 de Agosto

Sugestões de leitura para Agosto

- Miguel Sousa Tavares, No teu deserto


O novo «Quase Romance» de Miguel Sousa Tavares. Há viagens sem regresso nem repetição. «Éramos donos do que víamos: até onde o olhar alcançava, era tudo nosso. E tínhamos um deserto inteiro para olhar.» «Ali estavas tu, então, tão nova que parecias irreal, tão feliz que era quase impossível de imaginar. Ali estavas tu, exactamente como te tinha conhecido. E o que era extraordinário é que, olhando-te, dei-me conta de que não tinhas mudado nada, nestes vinte anos: como nunca mais te vi, ficaste assim para sempre, com aquela idade, com aquela felicidade, suspensa, eterna, desde o instante em que te apontei a minha Nikon e tu ficaste exposta, sem defesa, sem segredos, sem dissimulação alguma.» «Eu sei que ela se lembra, sei que foi feliz então, como eu fui. Mas deve achar que eu me esqueci, que me fechei no meu silêncio, que me zanguei com o seu último desaparecimento, que vivo amuado com ela, desde então. Não é verdade, Cláudia. Vê como eu me lembro, vê se não foram assim, passo por passo, aqueles quatro dias que demorámos até chegar juntos ao deserto.»

- Eça de Queirós, Cartas inéditas de Fradique Mendes


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- José Eduardo Agualusa, Nação Crioula








Nação Crioula
conta a história de um amor secreto: a misteriosa ligação entre o aventureiro português Carlos Fradique Mendes – cuja correspondência Eça de Queiroz recolheu – e Ana Olímpia Vaz de Caminha, que, tendo nascido escrava, foi uma das pessoas mais ricas e poderosas de Angola. Nos fins do século XIX, em Luanda, Lisboa, Paris e Rio de Janeiro, misturam-se personalidades históricas do movimento abolicionista, escravo e escravocratas, lutadores de capoeira, pistoleiros a soldo, demiurgos, numa luta mortal por um mundo novo.

- José Eduardo Agualusa, As mulheres do meu pai


Faustino Manso, famoso compositor angolano, deixou, ao morrer, sete viúvas e 18 flhos. A mais nova destes, Laurentina, diretora de cinema e documentarista, tenta reconstruir a atribulada vida do falecido músico.Em As mulheres do meu pai, realidade e ficção correm lado a lado, a primeira alimentando a segunda. Nos territórios que José Eduardo Agualusa atravessa, porém, a realidade é quase sempre mais inverosímil do que a ficção. As quatro personagens do romance que o autor escreve, enquanto viaja, vão com ele de Luanda, capital de Angola, até Benguela e Namibe; cruzam as vastas areias da Namíbia e as suas povoações fantasmas, alcançando, finalmente, a festiva Cidade do Cabo, na África do Sul. Continuam, depois, rumo a Maputo, e de Maputo a Quelimane, junto ao rio dos Bons Sinais; dali até à pequena ilha mágica, onde morreu o poeta Tomás António Gonzaga. Percorrem, nesta deriva, paisagens que fazem fronteira com o sonho e das quais emergem, aqui e ali, os mais estranhos personagens.As mulheres do meu pai é um romance sobre mulheres, música e magia. Anuncia-se, nestas páginas, o renascimento de África, continente afectado por problemas terríveis, mas abençoado pelo talento da música, o sempre renovado vigor das mulheres e o secreto poder de deuses muito antigos.

- Chico Buarque, Leite derramado


Uma saga familiar caracterizada pela decadência social e econômica, tendo como pano de fundo a história do Brasil dos últimos dois séculos.
Mais sobre o livro, aqui. http://www.leitederramado.com.br/wordpress/





- Rui Cardoso Martins, Deixem passar o homem invisível


Durante uma grande enxurrada em Lisboa, um homem – cego desde os 8 anos, advogado – cai numa caixa de esgoto aberta, situada junto da igreja de S. Sebastião da Pedreira. Na mesma altura, um escuteiro que regressava de uma actividade na mesma igreja é também arrastado para o mesmo esgoto. É a viagem de ambos, através de uma Lisboa subterrânea, enquanto cá fora são tomadas todas as medidas para os salvarem, que o autor nos conta neste segundo livro. Mas é também a entreajuda, a cumplicidade entre o cego e a criança, naquela terrível aventura. Pelo meio, as histórias de um ilusionista – Seripe de nome artístico, na realidade Pires ao contrário -, as recordações do homem cego do tempo antes de aquilo acontecer, a história de um camaleão que não acertava com a cor, e tantas outras tornam a leitura deste livro extremamente aliciante.
Rui Cardoso Martins (n. Portalegre, 1967) é escritor, jornalista e argumentista. Repórter internacional e cronista desde a fundação do Público (dois prémios Gazeta de Jornalismo), fundador de Produções Fictícias (co-criador e autor de Contra-Informação e Herman Enciclopédia, entre outros programas). No cinema, é autor do guião de Zona J e co-autor da longa-metragem Duas Mulheres. O seu primeiro romance, E Se Eu Gostasse Muito de Morrer (Dom Quixote, 4ª edição), foi publicado em Espanha e na Hungria. Tem contos editados em diversas revistas literárias (Ficções, Egoísta, Magyar Lettre Internationale).

- Jean Rhys, Vasto mar de sargaços
(já sugerido o mês passado)

- Peter Carey, Roubo: uma história de amor

«Não sei se a minha história tem dimensão suficiente para ser uma tragédia, embora tenha acontecido uma data de merdas. Não há dúvida de que é uma história de amor, mas isso só começou quando essas merdas já iam a meio, e aí já eu tinha ficado não só sem o meu filho de oito anos, como também sem a minha casa e o meu atelier em Sydney, onde noutros tempos tinha sido tão famoso quanto um pintor pode esperar ser na sua própria terra.» Assim começa o novo romance de Peter Carey, uma obra de grande intensidade, impudicamente divertida. Narrada pelas vozes gémeas do artista Butcher Jones e de Hugh, o seu «irmão perturbado de 100 quilos», conta as aventuras e infortúnios de ambos depois de a queda dos preços dos quadros de Butcher e de o seu problema crescente com o álcool os obrigarem a retirar-se para o Norte da Nova Gales do Sul. Aí, o artista outrora famoso vê-se reduzido a ser o caseiro do seu principal coleccionador e a tomar conta do seu irmão errático. Mas numa noite de tempestade surge a misteriosa Marlene, calçando um par de Manolo Blahniks. Ao afirmar que o amigo e vizinho dos dois irmãos tem um Jacques Leibovitz autêntico, não tarda a desencadear uma série de acontecimentos que podem levá-los ao triunfo ou à ruína.
Peter Carey é um dos mais importantes escritores de língua inglesa. É autor de nove romances, incluindo dois vencedores do Booker Prize, editados em Portugal pela Dom Quixote –Oscar e Lucinda e A Verdadeira História do Bando de Ned Kelly – tendo sido também atribuído a este último o Commonwealth Writers Prize de 2001, e de duas obras não ficcionais. Nascido na Austrália, em 1943, vive actualmente em Nova Iorque.


A primeira votação foi muito renhida tendo cinco (5!) livros ficado empatados:
- No teu deserto
- pack Cartas Inéditas de Fradique Mendes + Nação Crioula
- As mulheres do meu pai
- Vasto mar de sargaços
- Roubo: uma história de amor

Na segunda votação resolveu-se o impasse: a nossa próxima leitura é As mulheres do meu pai, de José Eduardo Agualusa. Boa leitura!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Li no Público que Paulo Branco vai produzir a versão cinematográfica de Cosmopolis, de Don DeLillo, uma das primeiras leituras do nosso Chá de Letras.
Mal posso esperar para ver!

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Para a jsp



um xi-coração

terça-feira, 7 de julho de 2009

"On ne peut faire boire un âne qui n'a pas soif"

(como bem sabem todos os professores...)

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Dos perigos da linguagem

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"Language is often flimsy, I thought, a thin drool of received knowledge empty of any real meaning, but when we are heavy with emotion, it can be excruciating to speak. We don't want to let the words out, because then they will also belong to other people, and that is a danger we can't risk"

Siri Hustvedt, The Sorrows of an American

sábado, 27 de junho de 2009

Festival Med



Ontem à noite, no Festival Med, em Loulé. A noite estava frescota, mas os quentes ritmos cubanos, mais a compacta multidão presente, chegaram para aquecer a noite!
O Festival está o máximo e vale muito a pena a visita. Só até amanhã!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

terça-feira, 23 de junho de 2009

fragmented beings

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Pablo Picasso, Woman Playing with Mandolin, 1909
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"Erik, we all go to pieces with our pacients at one time or another. We all go to pieces now and then even without a patient to help us along. Your grief makes you more fragile. You know I've always thought of wholeness and integration as necessary myths. We're fragmented beings who cement ourselves together, but there are always cracks. Living with the cracks is part of being, well, reasonably healthy."
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Siri Hustvedt, The Sorrows of an American

segunda-feira, 22 de junho de 2009

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Boas melhoras, E.


Estamos todos contigo!


Para a nossa querida E*inha os votos de uma muito rápida recuperação.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

sábado, 13 de junho de 2009

the doors to the self


René Magritte, The Son of Man, 1964


"As Inga once pointed out to me, since Plato, Western philosophy and culture have had an ocular bias: vision is our dominant sense. We read each other through our eyes, and anatomically they are an extension of our brains. When we catch someone's eye, we look into a mind. A person without eyes is disturbing for the simple reason that eyes are the doors to the self."

Siri Hustvedt, The Sorrows of an American

quarta-feira, 10 de junho de 2009

friends will be friends



right till the end!

para a nossa querida amiga A., um grande beijinho de parabéns!

terça-feira, 9 de junho de 2009

A perspectiva masculina de Siri Hustvedt

No Ípsilon, sobre Elegia para um Americano, um artigo sobre a escrita masculina de Siri Hustvedt, na opinião do autor do artigo, Pedro Cunha, um romance sentimental escrito com a cabeça.

Sugestões de Leitura para este mês de Junho

Vasto Mar de Sargaços / Wide Sargasso Sea, Jean Rhys

Antoinette Cosway é uma herdeira crioula nascida numa sociedade colonialista e opressiva. Conhece um jovem inglês que logo se deixa fascinar pela sua sensualidade e beleza, mas depois do casamento começam a circular estranhos rumores, que o envenenam contra ela. Apanhada entre as exigências dele e a sua própria sensação de precária pertença, Antoinette é levada à loucura. Inspirado pelo livro Jane Eyre, de Charlotte Brontë, tem como cenário a paisagem exótica da Jamaica dos anos 30. Tornou-se um clássico da literatura do século XX e foi adaptado ao cinema.
Jean Rhys é o pseudónimo de Ella Gwendolyn Rees Williams, nascida na Dominica em 1890, filha de um médico galês e de uma mãe crioula branca. Aos 16 anos foi para Inglaterra, onde foi manequim, modelo e rapariga de coro. Começou a escrever em Paris, aos 30 anos, quando o primeiro dos seus três casamentos terminou. Vanguardista de temas e forma, o seu trabalho foi ignorado a princípio e Jean deixou de escrever e de aparecer em público. Foi descoberta vinte anos mais tarde e escreveu a sua obra mais emblemática: Vasto Mar de Sargaços. Foi eleita Fellow da Royal Society of Literature e Commander of the British Empire, o mais elevado título britânico.


Letra e Música, Paulo Castilho

Nos anos 60, Mónica Mendes, com 18 anos, deixa Portugal e parte para Londres, onde inicia, com algum sucesso, uma carreira como cantora rock com o grupo "Mon And The Rainmakers". Mais tarde muda-se para os Estados Unidos e começa a cantar blues, tornando-se uma cantora considerada "de culto". Muitos anos depois, a sobrinha, Isabel, ao descobrir o diário de Mónica, quer saber mais sobre a tia, de quem a família não fala e que morreu cedo, deixando, além dos discos, alguns enigmas por decifrar. Num estilo coloquial e directo, quase cinematográfico, com frases curtas e uma ironia que perpassa em todo o livro, Paulo Castilho dá-nos o retrato de duas épocas e de dois grupos de pessoas cujas vidas, embora separadas por mais de três décadas, acabam por se cruzar.

Escrever enquanto todos dormem (triologia), João do Nascimento

A obra é composta por três histórias aparentemente distintas em que cada uma delas tem personagens e ambientes próprios, mas que funcionam como um todo, visto que todas elas são reflexo da mesma realidade, ou seja, a vivência humana naquilo que é tão mais profundo quanto vulgar. As ruas, os objectos e os hábitos estão sempre presentes. O que mais importante ressalta da narrativa é a matéria humana de cada personagem, com as suas dúvidas, preconceitos, desalentos, paixões e até o assumir de outras “personalidades”. Naprimeira história aborda-se a relação entre um filho e o pai, cuja acção se inicia no armário do quintal onde o pai guarda os seus livros de aventuras aos quadradinhos; na segunda, temos um cinéfilo que não consegue fazer a distinção entre a realidade da vida e o universo da ficção; na terceira história, um homem na crise meia-idade a viver no Alentejo, descobre-se como escritor na relação imaginária que estabelece com o personagem essencial do livro que nunca escreveu. Nas três histórias, as quais se desenrolam num espaço temporal das últimas três décadas, os tempos de acção das mesmas surgem intercalados, levando o leitor a viajar constantemente a diferentes fases da vida de cada um dos personagens.

Os lados do círculo, Amílcar Bettega

12 histórias do quotidiano - assim se poderia chamar Os Lados do Círculo. Porque é do quotidiano que Amilcar Bettega parte para a literatura.Mas a visão que nos dá do quotidiano não fica na superfície, no banal.Escritor que vê na forma o essencial da literatura, recria o quotidiano como artista mostrando-nos, por detrás da banalidade do dia-a-dia, a humanidade profunda dos seus personagens, nossos semelhantes.[...] O leitor sensível será recompensado por ver, reflectidos nas personagens, todos os seus medos e seus ridículos diários; compartilhará com elas a sua carga de humanidade e, se fizer uma leitura atenta e livre de preconceitos, será premiado com um afectuoso espelho de todas as suas inquietações.

A Ninfa Inconstante / La Ninfa Inconstante, Guillermo Cabrera Infante

Estela não tem dezasseis anos nem sequer um metro e sessenta. Nem tão pouco consegue entender o discurso desse crítico de cinema que se apaixonou por ela e que tem uma mulher que já não fica acordada à espera dele. Mas esta não é outra dessas histórias de amor em que um intelectual maduro cai na armadilha da beleza de uma ingénua adolescente. Estela tem um plano que é tudo menos inocente. Em pano de fundo, os boleros de uma Havana ruidosa e sensual. A Ninfa Inconstante mostra todas as facetas do estilo de Cabrera Infante: os jogos de palavras que tanto fascinavam esse infatigável explorador da linguagem, as suas referências cinematográficas e literárias, o gosto pelas expressões populares e o sentido de humor único que povoa as suas páginas.


Niassa, Francisco Camacho

Farto da vida que leva em Lisboa, um homem de trinta anos resolve partir para o Niassa, a região de Moçambique onde existe um dos maiores e mais enigmáticos lagos africanos, à procura do irmão que desapareceu em circunstâncias misteriosas e que ele mal conhece. A investigação do paradeiro de Rafa leva-o a peregrinar pelos sonhos de grandeza dos tempos coloniais, pela brutalidade da guerra civil moçambicana e pela história trágica da sua família, numa viagem ao imprevisto decorrida entre paisagens deslumbrantes. Niassa é uma história crua de amor e traição, amizade e sobrevivência, que evoca o passado português em África pelo olhar descomplexado das novas gerações.


O homem em queda / Falling Man, Don Dellilo

Começando no fumo e nas cinzas das Torres Gémeas em chamas, Homem em queda desenha as consequências deste tremor global na história íntima de vidas marcadas pela perda, pela dor e pela força imensa da História. A narração de um homem que escapa das torres, da sua ex-mulher e de um dos terroristas. Um romance corajoso e brilhante, comovente e catártico, que explica como os eventos do 11 de Setembro reconfiguraram a nossa paisagem emocional, a nossa memória e a nossa percepção do mundo.
"A escrita de Don DeLillo é crua, mas simultaneamente repleta de aditivos emocionais surpreendentes, fazendo com que o leitor acompanhe em profundidade os estágios evolutivos da cura deste casal, simbólicos da regeneração - ou não - da cidade de Nova Iorque e de toda uma sociedade que ainda hoje processa o 9/11." Susana Nogueira
«Se alguém podia escrever sobre o 11 de Setembro esse alguém era Don DeLillo. [...] Essa queda [do performer David Janiak], baseada na queda das Torres e nas pessoas que saltavam das Torres, é um acto de exibicionismo ou uma metáfora pertinente? Seja qual for a resposta, David Janiak é a imagem humanamente mais intensa do romance, ao mesmo tempo simbólica e concreta. Esta queda, repetida agora como um memorial e de certo modo um espectáculo, é a imagem que fica. A queda das Torres, a queda dos homens, e a queda de algumas noções sobre o mundo em que vivemos. O mundo novo em que vivemos.» Pedro Mexia, Público

Love, Tony Morrison

Heed, Christine, May, Junior, todas mulheres obcecadas pela presença de Bill Cosey, o famoso proprietário do Cosey's Hotel and Resort. Objecto de desejo e inspiração como marido, amante, protector e amigo, continua a dominar a vida destas quatro mulheres passados anos da sua morte. E quem é L? A misteriosa, insondável L que o vê como o homem que foi? L que sabe que, no vazio deixado nas suas histórias, existe um homem complicado e fascinante que esconde um segredo que poderia ter mudado as suas vidas para sempre. Uma poderosa e intensa análise sobre a natureza do amor - o desejo voraz, a posse sublime, a angústia que nos desperta -, que nos traz um universo de personagens de uma enorme força, personagens poderosas e provocadoras, quer no seu ódio quer no seu amor, que nos comovem e enfurecem, e mostra como o passado, mesmo depois de desaparecido, continua vivo.Uma obra notável de um dos maiores mestres da literatura universal, única, sublime, que não deixará ninguém indiferente.

Elegia para um Americano / The Sorrows of na American, Siri Hustvedt

Ao tentarem pôr ordem na casa do pai recém-falecido, Eric e a irmã, Inga, descobrem um bilhete de uma mulher desconhecida. Algo no teor desse bilhete indicia que um segredo do passado continuava a atormentar Lars. Erik vê na solução desse enigma o derradeiro acto de aproximação a um homem que nunca compreendeu, mas tanto a vida dele como a de Inga estão a atravessar fases muito complicadas. Inga, viúva de um escritor famoso, está disposta a tudo para defender a reputação do marido e reaproximar-se da filha, Sonia, terrivelmente marcada pela memória dos atentados do 11 de Setembro. Por seu lado, Erik materializa a sua própria solidão num mantra espontâneo que o embaraça mas em relação ao qual nada pode - "Sinto-me tão só", repete ele, mas poderiam ser todas as personagens desta Elegia a dizê-lo; nova-iorquinos solitários, perdidos no frenesim da grande metrópole, entregues aos seus segredos, memórias e sonhos, incapazes de qualquer acto de reconforto.

E a nossa leitura do momento é: Elegia para um Americano / The Sorrows of an American, de Siri Hustvedt.

domingo, 31 de maio de 2009

Alguns locais de "Nocturno Indiano"

Taj Mahal Palace & Tower Hotel junto à Gate of India, Bombaim


Taj Cormandel Hotel, Madrasta


Restaurante Mysore, no Taj Coromandel Hotel


Theosophical Society, Madrasta


Mandovi Hotel, Panaji, Goa



sexta-feira, 29 de maio de 2009

Aravind Adiga

O autor de O Tigre Branco/The White Tiger tem um site seu, onde poderão encontrar contos, artigos, crítica literária, etc.

"Que fazemos nós metidos nestes corpos", disse o homem preparando-se para se deitar na cama ao lado da minha.
(...)
"Se calhar viajamos dentro deles", disse eu.
Devia ter passado algum tempo depois daquela sua primeira frase, eu perdera-me entretanto em remotas cogitações: alguns minutos de sono, talvez. Estava muito cansado.
Perguntou: "Que foi que disse?"
"Referia-me aos corpos", disse eu, "talvez sejam uma espécie de malas, transportamo-nos a nós próprios."

(...)

"Suponho que não voltaremos a ter oportunidade de nos encontrarmos sob a aparência com que nos conhecemos, esta nossa espécie de malas. Desejo-lhe boa viagem."
"Boa viagem também para si", respondi.

Antonio Tabucchi, Nocturno Indiano


Estamos dez minutos ou vinte, ou meia hora, a olhar para aqueles homens e para aquelas mulheres que têm os olhos fixos na fogueira em que arde o seu defunto; e por fim compreendemos que esta indiferença tão estóica não é a da insensibilidade e da frieza, mas sim a da religião, que considera a morte uma simples mudança de vestuário ou de invólucro. Naquela fogueira, de acordo com uma frase notória, não se consome uma pessoa única e irrepetível, mas sim um vestido coçado, que já não prestava, uma pele velha que se abandona por outra nova.

Alberto Moravia, Uma ideia da Índia

O tráfico na Índia



Só para termos uma ideia do que o nosso Balram sofreu como motorista em Delhi.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Parabéns, P.!

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Para a nossa amiga P., uma mulher cheia de classe e glamour, e uma verdadeira leoa a defender os seus princípios, um grande beijinho de parabéns, e que continue sempre a ser a mulher fantástica que é!

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Charles Darwin na Fundação Gulbenkian



Fui ver finalmente a exposição dedicada ao Darwin patente em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian.
Inaugurada a 12 de Fevereiro de 2009, data que assinalou o bicentenário do nascimento de Charles Darwin, a exposição A Evolução de Darwin celebra também os 150 anos da publicação do livro A Origem das Espécies, obra fundadora da teoria da evolução.
A exposição dá a conhecer a figura de Darwin, a génese da sua teoria da evolução, bem como as suas ligações à biologia e medicina contemporâneas.

Gostei de conhecer um pouco melhor este homem, cuja curiosidade e fascínio pelo mundo natural e pela ciência mudou o rumo da biologia, influenciando também quase todos os outros ramos do saber. Não posso deixar de sentir uma enorme admiração por pessoas como Darwin, com a capacidade de pensar para além dos padrões e canones das suas épocas, e arquitectar teorias revolucionárias, que passadas umas tantas gerações tomamos como garantidas e óbvias (embora, no caso concreto da teoria da evolução do Darwin, aparentemente uma boa metade da população dos Estados Unidos a negue), esquecendo a coragem e tenacidade que foi necessária para derrubar as barreiras dos dogmas, "verdades absolutas" que imperaram durante séculos.
Para além da sua capacidade de pensar fora do estabelecido, da meticulosidade e rigor com que foi construíndo a sua teoria, há que salientar o fascínio que sempre demonstrou pelo mundo natural e a capacidade de se deslumbrar, como demonstra a seguinte citação:

"O prazer que experimentamos em ocasiões como esta desorienta a mente - se o olhar tenta seguir o voo de uma borboleta garrida, fica entretanto preso numa qualquer árvore ou fruto estranhos; se observarmos um insecto, a flor em que ele repousa consegue que dele nos esqueçamos... a mente é um caos de deslumbramento."
Charles Darwin, The Voyage of the Beagle.


Figura de cera do jovem Charles Darwin, por Elisabeth Daynés

Os livros publicados por Charles Darwin

E depois os bichos...

Para além dos lagartos, de uma enorme tartaruga, das piranhas, da gibóia, e dos adoráveis macacos leões dourados, também encontramos na exposição (e estou apenas a referir os animais vivos), num recinto apenas rodeado por um muro de vidro, quase ao alcance das nossas mãos, uma comunidade de simpáticas suricatas. São uns animaizinhos muito expressivos, aparentemente muito descontraídos com a nossa presença ali tão perto, embora pelo menos um dos elementos do grupo sempre estivesse em posição de alerta. E passam directamente para o meu top 20 de animais preferidos!


Quem ainda lá quiser disfrutar desta excelente exposição tem apenas até ao dia 24 de Maio para o fazer! E pelo que ouvimos na apresentação da palestra a que fomos assistir, esse último fim-de-semana da exposição, um evento a que chamaram a Festa Darwin, vai ser animadíssimo, com conferências, workshops no interior e nos jardins da Fundação, música, teatro, etc. Vai valer a pena!

sexta-feira, 8 de maio de 2009

15 em série

Em resposta ao desafio do meu amigo de quatro patas Reboliço, feliz morador de um lindo moinho e nom de plume de uma amiga não-canídea, estive a pensar numa possível lista de 15 séries televisivas que terão dado consistência à minha vida.

Como isto da “consistência”se adquire de tenra idade, as séries que me vêm à mente são quase todas bem antiguinhas. Como tal, vou-me deixar ficar pelos anos 70 e 80 e partir num agradável "stroll down memory lane".

Não posso deixar de mencionar as séries de animação japonesas que faziam as delícias da pequenada: a Heidi, o Marco (cuja busca incessante pela sua mamã me fazia chorar baba e ranho) e a Abelha Maia, num registo bem mais alegre e despreocupado (é uma tristeza porque só me vem à memória o affair da abelha Maia com o Calimero!).

Ainda no domínio da animação, e embora não seja bem uma série, não posso deixar de referir, até porque já estava na minha lista antes de saber que o senhor nos tinha deixado, o Cinema de Animação do Vasco Granja. Na altura suportávamos impacientemente todos os desenhos animados da então Checoslováquia, Hungria e afins, para finalmente nos podermos deliciar com uns minutos de Pantera Cor-de-Rosa, ou qualquer loucura dos Looney Tunes. Mas lá nos foi deixando, à custa de muita persistência, o bichinho por outras estéticas.

Bem do fundinho da memória (e até tive que recorrer à do meu irmão), chega-me uma série de Hong Kong que em inglês se chamava Water Margin (não me lembro com que nome chegou cá) e que contava as aventuras de um grupo de renegados fora-da-lei, liderados pelo herói Lin Chung.

Outra personagem fora-da-lei e com métodos pouco ortodoxos que faz parte do meu imaginário é Sandokan, o Tigre da Malásia.


Os olhos do Kabir Bedi enfeitiçaram mais do que uma geração, e ainda agora a morte da Marianna me aperta o coração!

Num registo bem mais delico-doce e moralista, Uma casa na pradaria era um ingrediente essencial dos fins-de-semana televisivos.
Já uns anos antes o mesmo Michael Landon, também no mítico Oeste americano, nos tinha entrado pelo pequeno ecrã em Bonanza.

Talvez a série preferida dos meus tenros anos seja mesmo Espaço 1999. Passávamos horas esquecidas de brincadeira a reconstituir as cenas de cada episódio. Lembro-me que eu e o meu irmão tínhamos uns pijaminhas parecidos aos uniformes da série, e era um castigo quando tinham que ir para lavar!




Outra das séries incontornáveis da minha infância é Verão Azul. Seguia avidamente todas as peripécias vividas por aquele grupo de miúdos e o episódio em que morreu o Chanquete foi um dos momentos televisivos mais tristes de que tenho memória. Querem saber o que é feito daqueles miúdos?

Também uma referência para toda uma geração é o MacGyver, o mestre absoluto do desenrrascanço, supostamente uma característica muito portuguesa.

Absolutamente imperdíveis eram os Marretas. E com aqueles dois senhores, os críticos de camarote, aprendi as primeiras lições de cinismo :-)

E porque estas coisas são mesmo assim, e não podemos renegar as nossas origens, esta lista não estaria completa sem uma menção ao Knight Rider (argh!), ainda por cima, nos primeiros tempos, visto na TVE dobrado em espanhol!

Bastante mais sofisticado, Reviver o passado em Brideshead é outra referência incontornável.

Apesar de reconhecidamente pouco católica, também não posso deixar de mencionar a mini-série Jesus de Nazaré, de Franco Zeffirelli, com que éramos brindados todos os anos por altura da Páscoa.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Dougga

O último dos apontamentos de viagem tunisinos (pelo menos desta vez, porque pretendo voltar!), é dedicado às ruínas de Dougga (ou Thugga), consideradas Património Mundial pela UNESCO.
As ruínas ocupam toda uma colina, e a toda a volta, com excepção de um pequeno aglomerado de casas junto a uma das entradas, apenas campos verdejantes a perder de vista.
O local emana uma paz especial, inerente, inalienável e inexplicável, e talvez por isso me tenha tocado tanto. O tempo estava perfeito, uma temperatura agradável e umas nuvens à vez ténues e carregadas que conferiam um dramatismo acrescentado àqueles vestígios de outros tempos e outros povos.
O estado de preservação dos edifícios e ruas é impressionante e podíamos imaginar sem esforço os habitantes romanos nas suas lides do dia a dia.
E o que também é especial neste local é a forma como se vai desenrolando perante o nosso olhar à medida que nele nos adentramos. Como se situa numa encosta, em planos distintos, a cada virar de uma esquina nos deparamos com um edifício particularmente bem preservado, um arco, um baixo-relevo, um mosaico, umas colunas, passagens subterrâneas, ou um enquadramento particularmente bonito. A ser descoberto sem pressas.


O Teatro


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o Capitólio


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o Arco de Severus Alexander
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os Banhos Antoninos, com o Capitólio na rectaguarda
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a Casa do Trevo


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o Mausoléu Libyco-Púnico