segunda-feira, 21 de maio de 2007

Cutty Sark em chamas


O Cutty Sark, um dos últimos veleiros utilizados para o transporte do chá da China para Londres, construído em 1869 e, desde 1954, utilizado como navio museu no centro de Greenwich, perto de Londres, foi hoje consumido pelo fogo.
Felizmente, 50 % dos materiais do barco encontravam-se noutro sítio em restauro, e os danos do incêncio também não foram totais, pelo que se pensa que talvez venha a ser possível reconstruir a histórico embarcação.

domingo, 20 de maio de 2007

Top + do Clube de Leitura Chá de Letras!!

Sim! Finalmente recolhemos todos os votos e conseguimos elaborar o top!
Aqui mesmo ao lado -----------»
Será desta que alguém comenta??
Basta acrescentar uma colherinha de açucar! Até pode ser como anónimo!

sábado, 19 de maio de 2007

Pirilampo Mágico


Já comprei o meu pirilampo mágico de 2007!

Só até 26 de Maio! Mais sobre a iniciativa, aqui.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

quinta-feira, 17 de maio de 2007

O dia da Internet

imagem "roubada" ao Público

Assinala-se hoje o dia Mundial das Telecomunicações e da Sociedade de Informação, ou seja, o Dia da Internet, que se pretende que venha a constituir um espaço/tempo de reflexão sobre as potencialidades destas novas tecnologias nas vidas dos cidadãos. Pesando os prós e os contras, e não escamoteando os perigos que encerra, aos quais devemos permanecer atentos, o livre acesso a um tal volume de informação de toda a espécie e a possibilidade sem precedentes de colocar as pessoas em contacto, anulando as distâncias físicas, é algo a ser celebrado.
E que melhor forma de o fazer do que criar espaços para a discussão dos temas que nos são mais caros?
Neste caso são os livros, os chás, com os filmes à mistura, e tudo mais que nos apetecer comentar. Sabe bem usar este espaço!

terça-feira, 15 de maio de 2007

"O Exótico"

Critica da revista "Actual" do Expresso de 05 de Maio 2007

domingo, 13 de maio de 2007

Cool sound

Lídia Jorge na biblioteca Municipal de Faro

Por se tratar de uma possível futura escolha de leitura, chamo a atenção para a apresentação do novo romance de Lídia Jorge, Combateremos a sombra, Terça-feira dia 15, pelas 21:30, na Biblioteca Municipal de Faro, com a presença da autora. Eu estarei lá!

sábado, 12 de maio de 2007

Parabéns, M.!


História trágica com final feliz

Pela segunda vez, e porque inadvertidamente apaguei o primeiro post, aqui fica a magnífica e muito poética curta metragem de animação da portuguesa Regina Pessoa sobre a dificuldade em aceitar a diferença, neste caso uma menina cujo coração bate tão alto que incomoda a comunidade onde vive. Vale muito a pena perder (ganhar!) seis minutos a vê-la!

So true... On the necessity of small talk

"I said it was raining cats and dogs", she repeated.
"I heard you", he answered, with his affectionate smile.
It showed that he had not meant to be offensive. He did not speak because he had nothing to say. But if nobody spoke unless he had something to say, Kitty reflected, with a smile, the human race would very soon lose the use of speech.

W. Somerset Maugham, The Painted Veil

sexta-feira, 11 de maio de 2007

In a romantic mood


Hugo Pratt, Corto Maltese: A Balada do Mar Salgado, Lisboa: Meribérica / Liber, p. 198.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Do prazer de escrever e do compromisso


A AC mandou-me este pequeno texto para publicar no blogue, iniciando uma nova série dedicada à reflexão sobre o próprio acto de escrever, que como sabem as leitoras do nosso clube de leitura, é uma temática recorrente nos livros que temos lido.
Trata-se de um excerto do ensaio Do prazer de escrever e do compromisso, publicado pelo jornal Público, tirado do livro Contra o Fanatismo, de Amos Oz:

Eu fiz-me escritor por causa da pobreza, da solidão e dos gelados.
(…)
Eu morria pelo gelado, mas os meus pais costumavam demorar-se a conversar com os amigos durante sete dias e sete noites sem parar, ou, pelo menos, era o que me parecia. E tinha de fazer alguma coisa para não gritar nem ficar maluco. Assim, sentava-me ali e observava o movimento do café como um pequeno detective: gente a entrar e a sair… Como um pequeno Sherlock Holmes, reparava nas roupas, nas caras, nos gestos, estudava os sapatos, contemplava os bolsos e costumava passar o tempo a inventar pequenas histórias sobre aquela gente.
(…)
Também me converti em escritor porque vinha de uma família de refugiados com o coração destroçado.
(…)
Havia dias em que me odiava por estar ali sentado sem produzir nada. Especialmente quando vivia no kibbutz e ficava sentado a manhã inteira para escrever talvez três linhas e apagar quatro, de modo que a produção era deficitária em relação à do dia anterior. E então ía ao refeitório comunitário e dava-me vergonha comer. Havia ali gente que tinha lavrado acres de terra, ou gente que tinha ordenhado centenas de vacas, ou gente que tinha construído um muro e só depois almoçava. E eu, que tinha escrito quatro linhas e apagado cinco, como me atrevia a comer? Com o decorrer dos anos, porém, habituei-me à perspectiva do lojista. O meu trabalho consiste em ir para ali todas as manhãs, abrir a loja e esperar pelos clientes sem fazer mais nada. Se tiver clientes, é um dia muito proveitoso. Caso contrário, continuo a fazer o meu trabalho apenas sentando-me e esperando, sem pensar que me limito a esperar. Porque mesmo quando não escrevo, há coisas que passam pela minha mente, tal como quando era criança e morria por um gelado e esperava que os meus pais acabassem de conversar. Observo, imagino, fantasio. Meto-me na pele de outras pessoas. Não estou a falar de estilo, de técnicas, de temas ou parábolas; os exegetas sabem disso muito mais do que eu. O que quero compartilhar convosco é algum prazer da minha experiência de contar histórias com coragem, contar-vos de onde provém a urgência real de contar histórias, e como se vive, inclusivamente, face ao tempo, ao sofrimento, ao preconceito, à tragédia, à perda e à derrota. E como esta urgência de contar histórias é tão antiga. Creio que ela existe em todo o ser humano, não só nos escritores e romancistas: a necessidade de contar uma história, de imaginar o outro, de meter-se na pele do outro é, afinal, não só uma experiência ética e uma grande prova de humildade, não só uma boa directriz política, mas também, ao fim e ao cabo, um grande prazer.

Amoz Oz

The Book of Tea





The Book of Tea, de Kakuso Okakura, é um ensaio belíssimo, escrito em 1906, e que tem servido desde há um século como uma das mais interessantes introduções à cultura e pensamento asiático. Escrito originalmente em inglês, o seu exotismo fascinou os primeiros leitores e continua a surpreender-nos com a sua subtileza.


Deixo-vos com um pequeno excerto:

Tea is a work of art and needs a master hand to bring out its noblest qualities. We have good and bad tea, as we have good and bad paintings – generally the latter. There is no single recipe for making the perfect tea, as there are no rules for producing a Titian or a Sesson. Each preparation of the leaves has its individuality, its special affinity with water and heat, its hereditary memories to recall, its own method of telling a story. The truly beautiful must be always in it. How much do we not suffer through the constant failure of society to recognise this simple and fundamental law of life; Lichihlai, a Sung poet, has sadly remarked that there were three most deplorable things in the world: the spoiling of fine youths through false education, the degradation of fine paintings through vulgar admiration, and the utter waste of fine tea through incompetent manipulation.

Okakura, Kakuzo, The Book of Tea, Tokyo: Kodansha International, 1991, p. 43

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Dedicado aos livros:


"One of the first things I associate with the reading of books is the struggle I waged to obtain them. Not to own them, mind you, but to lay hands on them... What makes a book live? A book lives through the passionate recommendation of one reader to another. Nothing can throttle this basic impulse in the human being. Despite the views of cynics and misanthropes, it is my belief that men will always strive to share their deepest experiences. Books are one of the few things men cherish deeply. And the better the man the more easily will he part with his most cherished possessions. A book lying idle on a shelf is wasted ammunition. Like money, books must be kept in constant circulation. Lend and borrow to the maximum--of both books and money! But especially books, for books represent infinitely more than money. A book is not only a friend, it makes friends for you. When you have possessed a book with mind and spirit, you are enriched. But when you pass it on you are enriched threefold."
Henry Miller

A subjectividade da beleza




Recebi um e-mail hoje de manhã, com o texto que transcrevo de seguida, do qual não conheço a proveniência, mas que se baseia em artigo do Washington Post. Dá que pensar, sobre a arbitrariedade com que atribuimos beleza a determinado objecto e a nossa incapacidade para a reconhecer em contextos inusitados:


Numa experiência inédita, Joshua Bell, um dos mais famosos violinistas do Mundo, tocou incógnito durante 45 minutos, numa estação de metro de Washington, de manhã, em hora de ponta, despertando pouca ou nenhuma atenção. A provocatória iniciativa foi da responsabilidade do jornal"Washington Post", que pretendeu lançar um debate sobre arte, beleza e contextos. Ninguém reparou também que o violinista tocava com um Stradivarius de 1713 - que vale 3,5 milhões de dólares.Três dias antes, Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam 100 dólares, mas na estação de metro foi ostensivamente ignorado pela maioria. A excepção foram as crianças, que, inevitavelmente, e perante a oposição do pai ou da mãe, queriam parar para escutar Bell, algo que, diz o jornal, indicará que todos nascemos com poesia e esta é depois, lentamente, sufocada dentro de todos nós."Foi estranho ser ignorado"Bell, que é uma espécie de 'sex symbol' da clássica, vestido de jeans, t-shirt e boné de basebol, interpretou "Chaconne", de Bach, que é, na sua opinião, "uma das maiores peças musicais de sempre, mas também um dosgrandes sucessos da história". Executou ainda "Ave Maria", de Schubert, e "Estrellita", de Manuel Ponce - mas a indiferença foi quase total. Esse facto, aparentemente, não impressionou os utentes do metro. "Foi uma sensação muito estranha ver que as pessoas me ignoravam", disse Bell, habituado ao aplauso. "Num concerto, fico irritado se alguém tosse ou se um telemóvel toca. Mas no metro as minhas expectativas diminuíram. Fiquei agradecido pelo mínimo reconhecimento, mesmo um simples olhar", acrescentou. O sucedido motiva o debate foi este um caso de "pérolas a porcos"? É a beleza um facto objectivo que se pode medir ou tão-só uma opinião? MarkLeitahuse, director da Galeria Nacional de Arte, não se surpreende: "A arte tem de estar em contexto". E dá um exemplo: "Se tirarmos uma pintura famosa de um museu e a colocarmos num restaurante, ninguém a notará". Para outros, como o escritor John Lane, a experiência indica a "perda da capacidade de se apreciar a beleza". O escritor disse ao "Washington Post"que isto não significa que "as pessoas não tenham a capacidade de compreender a beleza, mas sim que ela deixou de ser relevante".

terça-feira, 8 de maio de 2007

O peso

(...) Tira-me o peso do corpo.
É o que devem fazer os livros, levar uma pessoa e não fazer com que tenha de ser ela a levá-lo, tirar-lhe o dia das costas, não juntar mais uns gramas de papel às suas vértebras.

Erri de Luca, Três Cavalos, Porto: Ambar, 2004, p. 70.

domingo, 6 de maio de 2007

Dia da Mãe


Gustav Klimt, Drei Lebensalter / As Três Idades da Mulher (pormenor)

Hoje é dia da Mãe. Para todas, em especial para a minha, um beijinho muito especial.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Liberdade


Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.

O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Os livros




Este é o primeiro de uma série de posts que quero dedicar aos livros e ao acto de ler. Todos estão convidados a enviar-me pequenos textos, excertos, poemas, etc. sobre este tema.
Começo com um excerto de "Três Cavalos", de Erri De Luca:

"Leio livros usados porque as páginas muito folheadas e com a gordura dos dedos pesam mais nos olhos, porque cada exemplar de um livro pode pertencer a muitas vidas e os livros deviam estar à disposição de todos nos sítios públicos e andarem com os passantes que os levam consigo por algum tempo e deveriam morrer como eles, consumidos pelas provações, infectados, afogados de uma ponte abaixo juntamente com os suicidas, enfiados numa salamandra no inverno, rasgados pelas crianças para fazerem barquinhos, em resumo onde tivessem de morrer, salvo de aborrecimento e de propriedade privada, condenados para toda a vida numa estante."

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Letras sobre chá

Como nem só de letras se faz o nosso clube de leitura, chegou a altura de dedicar algum espaço a essa bebida tão aromática e reconfortante que é o chá. Inicio, assim, uma série de posts dedicada a esta bebida, a que chamei "letras sobre chá". Para clarificar alguns mal-entendidos, como o de chamar chá a tudo e mais alguma coisa, aqui fica um excerto do artigo daWikipédia, que se encontra aqui e que se dedica ao chá:


O chá é a infusão de folhas ou botões da planta Camellia sinensis, geralmente preparada com água quente. Cada variedade adquire um sabor definido de acordo com o processamento utilizado, que pode incluir oxidação, fermentação, e o contato com outras ervas, especiarias e frutos.
A palavra "chá" é também usada popularmente para referenciar qualquer infusão de fruto ou erva, mesmo não contendo folhas de chá, como, por exemplo, o chá de camomila. Este artigo debruça-se sobre o 'verdadeiro' chá.


Os quatro tipos de chá são distinguíveis pelo seu processamento. Camellia sinensis é um arbusto sempre verde cujas folhas, se não são logo secas depois de apanhadas, rapidamente começam a oxidar. Este processo lembra a maltização da cevada; as folhas ficam progressivamente escuras, assim que a clorofila se quebra. O processo seguinte no processamento é parar o processo de oxidação num estado predeterminado removendo a água das folhas via aquecimento. O termo fermentação é frequente e erroneamente usado para descrever este processo, mesmo que na verdade nenhuma verdadeira fermentação aconteça (ou seja, o processo não é digerido por microorganismos).
O chá é tradicionalmente classificado em quatro grupos principais baseados no grau de oxidação:
- Chá branco - folhas jovens (novos botões que cresceram) que não sofreram efeitos de oxidação; os botões podem estar escudados da luz do sol para prevenir a formação de clorofila.
- Chá verde - a oxidação é parada pela aplicação de calor, quer através de vapor, um método tradicional japonês, ou em bandejas quentes - o método tradicional chinês).
- Oolong (烏龍茶) - cuja oxidação é parada algures entre o chá verde e o chá preto.
- Chá preto - oxidação substancial. A tradução literal da palavra chinesa é chá vermelho, o que pode ser usado entre os fãs de chá.
Variações pouco comuns - estão disponíveis várias preparações de chá que não se enquadram na nomenclatura usual.
- Pu-erh (普洱茶) - Erroneamente considerado como uma subclasse de chá preto, pu-erh é um produto muito invulgar. O Pu-erh é um chá fermentado e envelhecido (pode ter mais de 50 anos), por vezes, descrito como duplamente fermentado: sendo a segunda "fermentação" resultado da ação de bactérias. Existe um método moderno de acelerar o envelhecimento natural que produz pu-erh de menor qualidade, chamado pu-erh cozinhado, que é vendido frequentemente em saquinhos. O pu-erh tradicional é conservado em forma de "tijolo" ou outras formas (as folhas de chá depois de tratadas são prensadas em moldes). Este é o mais apreciado de todos os chás na China, sendo catalogado em função da qualidade das folhas e do ano de produção, tal como um bom vinho no ocidente, e é o chá normalmente utilizado para a cerimónia de chá chinesa (Kung Fu Cha). Para preparar a infusão usa-se água muito quente ou até mesmo a ferver (os tibetanos são conhecidos por deixá-los a ferver durante a noite). O Pu-erh é considerado como um chá medicinal na China.
- Chá amarelo - é usado como um nome de chá de alta qualidade servido na corte imperial, ou de um chá especial processado similarmente ao chá verde, mas com uma fase mais curta para secar.
- Chong Cha (虫茶) - literalmente "chá quente", esta espécie é feita a partir de sementes de botões de chá em vez de folhas. É usado na medicina chinesa para lidar com o calor do verão bem como para tratar sintomas de gripe.
- Kukicha ou chá de inverno - feita de galhos e folhas velhas twig podadas da planta de chá durante a época dormente e tostado a seco sob o fogo. É popular na medicina tradicional japonesa e na dieta macrobiótica.

- Lapsang souchong (正山小种 ou 烟小种) de Fujian, China, é um chá preto fumado. isto é, secado usando fogueiras de pinho.
- Chá Rize - chá preto forte, produzido na Turquia, com um sabor distinto e preparação específica, incluindo pré-aquecimento, servido com açúcar.