segunda-feira, 17 de dezembro de 2007



Fizemos ontem o nosso já tradicional jantar de Natal, de fondues e fonte de chocolate, que, como sempre que nos reunimos, se pontuou pela alegria e boa disposição.

Aproveito para desejar a todas um Feliz Natal!

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

José Luís Peixoto apresenta "Cal"

Deixo-vos esta meia dúzia de palavras do próprio autor sobre a nossa leitura do momento.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

As sugestões de leitura para o próximo mês




As sugestões desta reunião foram óptimas e as votações muito renhidas:

"Cal", de José Luís Peixoto

"Uma história de amor e trevas", de Amos Oz

"O rio das flores", de Miguel Sousa Tavares

"O Canário", de Rodrigo Guedes de Carvalho

"A mulher certa", de Sandor Marai

"Plano de evasão", de Adolfo Bioy Casares

"O som e a fúria", de William Faulkner


Tivemos um empate técnico entre "cal" e "Uma história de amor e trevas" com direito a nova votação, onde acabou por ganhar o livro de José Luís Peixoto.
Já há muito que queríamos ler um livro deste autor no âmbito do clube de leitura, pelo que me congratulo pela escolha.

Boas leituras!!

discussão de doces sonhos

Ontem discutimos alegremente "O sonho mais doce", de Doris Lessing.
Todas as leitoras apreciaram bastante o livro, especialmente a capacidade da autora para criar personagens tão bem desenhadas, vívidas e verdadeiras. As personagens femininas principais: a Frances, a Julia e a Sylvia reuniram as preferências das leitoras.
O livro deu azo a discussões bastante animadas sobre os ambientes vividos nos anos 60, África, o trabalho de voluntariado, as relações familiares, etc. Podemos dizer que foi uma das reuniões mais animadas do nosso clube de leitura.
Disse a anfitriã que bebemos cerca de cinco litros de chá...

quarta-feira, 24 de outubro de 2007


Doris Lessing, nascida Doris May Tayler, (Kermanshah, 22 de outubro de 1919) é uma escritora britânica, galardoada com o prêmio Nobel de Literatura de 2007.
Nascida na
Pérsia (hoje o Irão), mudou-se com a família para a Rodésia do Sul (hoje o Zimbabwe) em 1925 e estabeleceu residência no Reino Unido apenas em 1949.
Saiu de casa aos 15 anos e trabalhou como auxiliar numa clínica, enquanto lia livros de política e sociologia que sua empregadora lhe apresentava. Por essa época, começou a escrever.
Em
1937, mudou-se para Salisbury, para trabalhar como telefonista. Casou-se com Frank Wisdom, seu primeiro marido, e tiveram duas crianças. O casamento acabou em 1943.
Participando do
Left Book Club, conheceu seu segundo marido, Gottfried Lessing. Casaram-se, tiveram um filho, e se divorciaram em 1949. Doris então mudou-se para Londres com o filho, e escreveu seu primeiro livro, "A canção da relva" (The Grass Is Singing), publicado em 1950. Seu livro mais famoso é "O carnê dourado" (The golden notebook), publicado em 1962.
Seus temas variam extensamente, passando pelo exame das tensões inter-raciais, política racial, violência contra as crianças, movimentos feministas e exploração do espaço exterior.




Gostaria só de lembrar que é a Doris Lessing a fantástica autora que vamos agora ler.
O livro escolhido é : ""O Sonho Mais Doce" em português.
"The Sweetest Dream" em versão original.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

As propostas de leitura para o próximo mês foram excelentes:

"Combateremos a sombra", de Lídia Jorge

"O rio das flores", de Miguel Sousa Tavares

"O prazer de ELiza Lynch" / "The Pleasure of Eliza Lynch", de Anne Enright

"O sonho mais doce" / "The Sweetest Dream", de Doris Lessing

"O pintor de batalhas" / "El pintor de batallas", de Arturo Pérez-Reverte

"Fanny e Alexander", de Ingmar Bergman

"O caderno dourado" / "The Golden Notebook", de Doris Lessing


A votação foi muito renhida, com direito a pedidos à Nossa Senhora de Fátima.
Mas acabou por vencer "O sonho mais doce", da autora galardoada este ano com o prémio Nobel da Literatura. Boa leitura!

sábado, 20 de outubro de 2007


A leitura do momento é "A interpretação de um crime" / "The Interpretation of Murder", de Jed Rubenfeld.

A editora do livro em inglês, a Henry Holt, publica na sua página um guia de leitura que me pareceu interessante para fomentar a discussão do livro.
Trancrevo-o de seguida:

The Interpretation of Murder
by Jed Rubenfeld
About this Guide
The following author biography, suggestions for further reading, and list of questions about The Interpretation of Murder, are intended as resources to aid individual readers and book groups who would like to learn more about the author and this novel. We hope that this guide will provide you a starting place for discussion, and suggest a variety of perspectives from which you might approach The Interpretation of Murder.
About this Book
Inspired by Sigmund Freud’s only visit to America, The Interpretation of Murder is an intricate tale of murder and the mind’s most dangerous mysteries. It unfurls on a sweltering August evening in 1909 as Freud disembarks from the steamship George Washington, accompanied by Carl Jung, his rival and protégé. Across town, in an opulent apartment high above the city, a stunning young woman is found dangling from a chandelier -- whipped, mutilated, and strangled. The next day, a second beauty -- a rebellious heiress who scorns both high society and her less adventurous parents -- barely escapes the killer. Yet Nora Acton, suffering from hysteria, can recall nothing of her attack. Asked to help her, Dr. Stratham Younger, America’s most committed Freudian analyst, calls in his idol, the Master himself, to guide him through the challenges of analyzing this high-spirited young woman whose family past has been as complicated as his own.
The Interpretation of Murder leads readers from the salons of Gramercy Park, through secret passages, to Chinatown -- even far below the currents of the East River where laborers are building the Manhattan Bridge. As Freud fends off a mysterious conspiracy to destroy him, Younger is drawn into an equally thrilling adventure that takes him deep into the subterfuges of the human mind.
Richly satisfying, elegantly crafted, The Interpretation of Murder marks the debut of a brilliant, spectacularly entertaining new storyteller.
About the Author:
Currently the Robert R. Slaughter Professor of Law at Yale University, Jed Rubenfeld is one of this country’s foremost experts on constitutional law. As a Princeton undergraduate, he completed his thesis on Freud. At the Juilliard School, he studied Shakespeare. Rubenfeld lives in New Haven, Connecticut, with his wife and two children.
Discussion Questions:
1. Discuss the use of the title, The Interpretation of Murder.
2. The author’s portrayal of women is noteworthy: Is Nora still a victim when she is empowered by a sympathetic listener? What are Clara’s motives for the events in the novel? How are Betty the maid, Susie Merrill, and Greta depicted? Do these characters reflect the turn-of-the-century society, or do they represent a more timeless portrayal of women?
3. Dr. Stratham Younger, a thirty-three-year-old Harvard graduate who teaches at Clark University and who is the narrator of the book, insisted at age seventeen that all great art and scientific discoveries were made at or near the turn of a century (Michelangelo’s David-1501; Cervantes’s Don Quixote-1604; Beethoven’s symphonies-1800; Freud’s Interpretation of Dreams-1900, etc.) Discuss this phenomenon.
4. Is Younger the right man for the job of trying to unravel the attempted murder of Nora? Discuss psychoanalysis versus interrogation.
5. Consider the role of class conflict in the book: Jung’s feelings of shame over his obvious wealth; Jung versus Freud; Acton versus Banwell; Chong versus Leon; Malley and Betty, etc.
6. What role does psychological transference and sexual attraction play in the book?
7. Younger asks, “How can human beings be loved if we carry within such repugnant desires?” Freud thinks that Nora wants to sodomize her father. Is this ultimately true?
8. Discuss the author’s mix of fact and fiction. How has this device been used in previous New York novels, such as The Alienist, Ragtime, Dreamland: A Novel, Paradise Alley, etc.
9. Younger is obsessed with solving the riddle of Hamlet in the book. Discuss his analysis of “to be or not to be” in terms of Freudian/Oedipal theories. What does Younger finally decide is the correct interpretation?
10. Younger says, “Some people feel a need to bring about the very thing that will most torment them.” How does this describe the characters in the book?
11. When he boards the ship back to Europe, Freud says that “America is a mistake . . . A gigantic mistake.” What does he mean?
Recommended Further Reading:
The Alienist by Caleb Carr
The Historian by Elizabeth Kostova
The Rule of Four by Ian Caldwell and Dustin Thomason
Ragtime by E.L. Doctorow
Forever: A Novel by Pete Hamill
Dreamland: A Novel by Kevin Baker
Underworld by Don Delillo
The Freud Reader by Sigmund Freud
Dora: An Analysis of a Case of Hysteria by Sigmund Freud
The Freud/Jung Letters: The Correspondence Between Sigmund Freud and C.G. Jung Sigmund Freud, edited by William McGuire, translated by Ralph Manheim and R.F.C. Hull

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Eu fui!


Carmina Burana


Cantiones profanæ cantoribus et choris cantandæ comitantibus instrumentis atque imaginibus magicis


“Carmina Burana” é uma expressão em latim e significa “Canções de (Benedikt)beuern”. Durante a secularização de 1803, um volume de cerca de 200 poemas e canções medievais foi encontrado na abadia de Benediktbeuern, na Baviera superior. Eram poemas dos monges e eruditos errantes — os goliardos —, em latim medieval; versos no médio alto alemão vernacular, e vestígios de frâncico. O doutor bavariano em dialetos, Johann Andreas Schmeller, publicou a colecção em 1847 sob o título de “Carmina Burana”. Carl Orff, descendente de uma antiga família de eruditos e soldados de Munique, cedo ainda deparou-se com esse códex de poesia medieval. Ele arranjou alguns dos poemas em “canções seculares (não-religiosas) para solistas e coros, acompanhados de instrumentos e imagens mágicas”.
Esta cantata é emoldurada por um símbolo da Antiguidade — o conceito da roda da fortuna, eternamente girando, trazendo alternadamente boa e má sorte. É uma parábola da vida humana exposta a constante mudança. E assim o apelo em coral à Deusa da Fortuna (“O Fortuna, velut luna”) tanto introduz quanto conclui a obra, que se divide em três secções: O encontro do Homem com a Natureza, particularmente com a Natureza despertando na Primavera (“Veris leta facies”), o seu encontro com os dons da Natureza, culminando com o dom do vinho (“In taberna”); e o seu encontro com o Amor (“Amor volat undique”).


A 14, 15 e 16 de Julho, Günter Neuhold, que dirigiu a Orquestra Sinfónica Portuguesa no concerto comemorativo dos 60 anos da UNESCO em Paris (13 de Outubro de 2006), regressa para dirigir os Carmina Burana (cânticos profanos), no Teatro das Figuras em Faro. Esta cantata de Carl Orff, uma das mais conhecidas páginas do repertório de concerto, conta com a interpretação da soprano Raquel Alão (linda e com uma voz divina), do tenor Carlos Guilherme (uhmm, pois... não, decididamente não gostei) e do jovem barítono Leonardo Neiva (fantástico!). Destaque-se igualmente a participação da Orquestra Sinfónica Portuguesa, do Coro do Teatro Nacional de São Carlos e dos Pequenos Cantores de Ossónoba (que bem que se portaram!).


Ainda hoje no Teatro das Figuras, em Faro, recomenda-se vivamente.


domingo, 8 de julho de 2007

Livros e cães


Na senda dos posts sobre livros, aqui fica a famosa máxima de Grouxo Marx:

"Outside of a dog, a book is a man's best friend. Inside of a dog... It's too dark to read."

Groucho Marx

sábado, 7 de julho de 2007

Thomas Bernhard: Uma arte do exagero

Saiu no Expresso um interessante artigo sobre a nossa actual leitura. Transcrevo-o de seguida:

Uma arte do exagero

Em «Extinção», Thomas Bernhard oferece-nos o relato frio e inclemente de uma derrocada .

Embora tenha sido o último e mais longo romance publicado por Thomas Bernhard, Extinção (1986) foi provavelmente escrito no início da década de 80 (veja-se, a esse respeito, a excelente nota introdutória de José A. Palma Caetano). Assim, e para referir apenas obras traduzidas para português, tratar-se-á de um livro anterior, em tempo de escrita, a O Náufrago ou a Antigos Mestres, o que talvez justifique o facto de ficar aquém do contundente equilíbrio estrutural de qualquer dos títulos referidos. É como se estivéssemos perante uma sinfonia que, embora admirável, tivesse mais andamentos do que os necessários. Por outro lado, é possível argumentar que este livro é talvez o que melhor exemplifica a «arte do exagero» do escritor austríaco, em quem pressentimos facilmente uma voluptuosa intenção de desgastar o leitor, confrontado com um ritmo que tanto lhe pode causar arrebatamento como asfixia.

A «derrocada» é, logo nas primeiras páginas, despoletada pelo telegrama que anuncia a morte dos seus pais e irmão ao narrador, Franz-Josef Murau. Este assume-se não como um «escritor», mas como um «mediador de literatura» (pág. 489) alemã, que tem por aluno Gambetti, o destinatário directo de grande parte das reflexões e memórias que se vão acumulando. A consequência mais imediata e nefasta da notícia recebida por telegrama consiste em obrigar Murau a deslocar-se de Roma - cidade que elegera para sua residência por ver nela «o centro do caos» (pág. 316) - para Wolfsegg, feudo familiar que se transforma para ele num «pesadelo herdado» (pág. 385). Wolfsegg representa, muito concretamente, o reino da ordem, no que esta tem de mais opressivo e totalitário, do mesmo modo que a família se revela, no fundo, um hipócrita sistema de destruição e de tirania: «tive, em suma, de ser aniquilado quase por completo pelos meus pais, para depois, quando já tinha mais de vinte anos e parecia irremediavelmente perdido, vir a ser afinal ainda salvo pelo meu tio Georg» (pág. 43). É a este tio Georg que o protagonista diz ter ficado a dever a sua libertação de Wolfsegg e, concomitantemente, a sua paixão pela arte. Não deixa de ser curioso, para não dizer raro, o reconhecimento, num livro de Bernhard, de que só pela cultura é possível a sobrevivência espiritual: «quem deixa de ampliar os seus conhecimentos e fortalecer o seu carácter, isto é, de trabalhar em si próprio, de fazer de si o máximo possível, deixa de viver» (pág. 75). Note-se ainda que, neste livro, são mais frequentes e inequívocos os elogios feitos a escritores como Tolstoi, Dostoievski, Proust, Flaubert ou Kafka. Dito isto, não nos tranquilizemos excessivamente. Tratando-se de uma obra de Bernhard, não poderiam faltar, além de uma incessante «invectiva contra tudo o que é austríaco» (pág. 101), comentários corrosivos e execuções mais ou menos sumárias. Fiel à sua «arte do exagero», Bernhard não hesita em atribuir ao narrador generalizações demolidoras: «Quando temos diante de nós a literatura alemã, o que temos diante de nós é uma literatura de funcionários pequeno-burguesa» (pág. 483); «Os escritores são todos as pessoas mais repugnantes que existem» (pág. 490).

Este «fanatismo do exagero» (pág. 485) não está, como se terá já tornado claro, isento de contradições, de resto lucidamente assumidas pelo narrador. No que se refere à cultura, tão violentamente atacada em vários dos nomes que nos habituámos a ter por seus representantes máximos, dir-se-ia que ela é, apesar de tudo, um valor. Mais concretamente, um valor em risco face à «avidez do dinheiro e do poder que move os novos bárbaros» (pág. 102). Extinção, numa subtil mas incisiva «mise en abîme», assume-se como um relato necessário, quer enquanto denúncia, quer enquanto exorcismo. No primeiro caso, assistimos a um propósito de dar voz a algumas das vítimas do nazismo: «é meu dever falar deles na Extinção e chamar a atenção para eles, em representação de tantos que não falam dos seus sofrimentos durante o período nacional-socialista» (pág. 366). Quanto ao exorcismo desejado, podemos resumi-lo a uma vontade de, pela escrita, destruir Wolfsegg: «A única coisa que já tenho definitivamente na cabeça (...) é o título, Extinção, pois o meu relato só serve para extinguir o que nele se descreve» (págs. 167-168). Se escrita e aniquilação se tornam sinónimos, não é menos verdade que o poder de sedução ou de repulsa deste livro assenta, afinal, na universalidade do silencioso grito de salvação que chega até nós: «Todos nós arrastamos connosco um Wolfsegg e temos vontade de o extinguir, para nossa salvação, extingui-lo, porque o queremos descrever, queremos destruir» (pág. 168). Dir-se-ia, pois, que o que torna mais escuro o negrume da infância é a suspeita de que aquilo que já não temos nos perseguirá para sempre enquanto Nada: «Nós procuramos por toda a parte a infância e só encontramos por toda a parte o vazio» (pág. 476).

TEXTO DE MANUEL DE FREITAS
in: Expresso, 27-11-2004

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Thomas Bernhard

Mesmo para quem não entende o alemão (e posso garantir que a pronúcia austríaca é quase incompreensível), aqui fica Bernhard a falar sobre a morte, o medo, a literatura.

sábado, 30 de junho de 2007

para reflexão

"Os sentimentos de dor ou prazer são os alicerces da mente."
António Damásio em Ao Encontro de Espinosa

As coisas que nos afectam, que nos tocam emocionalmente, que nos doem, que nos deliciam; as pessoas às quais não somos indiferentes e que nos provocam todos esses sentimentos de dor ou de prazer, essas são as que nos formam realmente, as que nos transformam, que nos fazem crescer.

segunda-feira, 25 de junho de 2007


Thomas Bernhard fotografado por Johann Barth, 1966

Os livros que foram a votos

A lista de sugestões de leitura para a próxima reunião foi a seguinte:

- Não sou o único, de Helena Reis
- Não matem a cotovia / To Kill a Mocking Bird, de Harper Lee
- O Clube de LEitura de Jane Austen / The Jane Austen Book Club, de Karen Joy Fowler
- A última das Amazonas / Last of the Amazons, de Steven Pressfield
- A Estrada / The Road, de Cormac McCarthy
- Na praia de Chesil / On Chesil Beach, de Ian McEwan
- Extinção, a derrocada / Auslöschung, der Zerfall, de Thomas Bernhard
- Fortaleza Digital / Digital Fortress, de Dan Brown

E o vencedor, por larga maioria, mas sem unanimidade por parte de quem queria uma leiturita mais leve para o Verão foi...

Extinção, a derrocada / Auslöschung, der Zerfall, o último grande romance pelo controverso escritor austríaco Thomas Bernhard.

domingo, 24 de junho de 2007

Chá Darjeeling



Bem a propósito da nossa actual leitura, fica um pequeno apontamento sobre o chá Darjeeling:


A estância de montanha de Darjeeling está escondida no sopé das montanhas cobertas de neve do Himalaia, no noroeste da Índia, 1800 metros acima do nível do mar, num cenário espectacular, rodeada por mais de 20.000 hectares de arbustos de chá. Num dia límpido, vê-se ao longe o monte Evereste. Os bons Darjeelings são sempre referidos como o “Champagne” dos chás. O subtil sabor a moscatel e o maravilhoso aroma resultam da combinação única de um clima frio e nebuloso, altitude, pluviosidade, características geológicas e qualidade do solo e do ar.



Plantação de chá em Darjeeling


A maior parte dos arbustos cultivados na região de Darjeeling crescem de sementes chinesas, híbridos chineses ou arbustos híbridos Assam. As plantas chinesas, mais resistentes ao frio, encontram-se nas plantações mais altas do norte de Darjeeling, onde alguns arbustos crescem em terreno inclinado acima de 1800 metros. A planta Assam gosta da pluviosidade abundante das plantações do sul que ficam a altitudes mais baixas. As 102 plantações de Darjeeling produzem aproximadamente 16 534,7 toneladas por ano. O pessoal empregado na apanha, sempre do sexo feminino, começa a apanhar folhas de manhã cedo e às vezes trabalha em socalcos que sobem a um ângulo de 45 graus.


Devido ao clima e altitude, os arbustos de chá de Darjeeling não crescem durante todo o ano. Os chás são apanhados entre Abril e Outubro, quando o período de hibernação de Inverno começa e o crescimento pára. O crescimento recomeça em Março depois dos primeiros aguaceiros leves da Primavera. Esta é a primeira apanha das folhas. O segundo despontar é apanhado em Maio e Junho. A monção atinge a região em meados de Junho e continua até ao fim de Setembro, trazendo um total de 3000 a 5000 mm de pluviosidade. Os chás produzidos durante este período contém uma grande quantidade de humidade e são de padrão comum. As folhas são processadas pelo método clássico de manufactura e têm um aspecto acastanhado, preto e bem enrolado com muitas pontas louras.

in: Jane Pettigrew, O Guia do Chá, Lisboa: Livros e Livros, 1998.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Solstício


Midsummer, de Edward Robert Hughes

Vivemos hoje o solstício de Verão, e com ele o dia mais longo, a noite mais curta.
Também é tempo de festejos, antigos, ancestrais, transfigurados posteriormente pelos cristãos na celebração do nascimento de S. João Baptista.

domingo, 10 de junho de 2007

Muitos parabéns, A.!



Paula Rego - Prey, 1986


segunda-feira, 21 de maio de 2007

Cutty Sark em chamas


O Cutty Sark, um dos últimos veleiros utilizados para o transporte do chá da China para Londres, construído em 1869 e, desde 1954, utilizado como navio museu no centro de Greenwich, perto de Londres, foi hoje consumido pelo fogo.
Felizmente, 50 % dos materiais do barco encontravam-se noutro sítio em restauro, e os danos do incêncio também não foram totais, pelo que se pensa que talvez venha a ser possível reconstruir a histórico embarcação.

domingo, 20 de maio de 2007

Top + do Clube de Leitura Chá de Letras!!

Sim! Finalmente recolhemos todos os votos e conseguimos elaborar o top!
Aqui mesmo ao lado -----------»
Será desta que alguém comenta??
Basta acrescentar uma colherinha de açucar! Até pode ser como anónimo!

sábado, 19 de maio de 2007

Pirilampo Mágico


Já comprei o meu pirilampo mágico de 2007!

Só até 26 de Maio! Mais sobre a iniciativa, aqui.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

quinta-feira, 17 de maio de 2007

O dia da Internet

imagem "roubada" ao Público

Assinala-se hoje o dia Mundial das Telecomunicações e da Sociedade de Informação, ou seja, o Dia da Internet, que se pretende que venha a constituir um espaço/tempo de reflexão sobre as potencialidades destas novas tecnologias nas vidas dos cidadãos. Pesando os prós e os contras, e não escamoteando os perigos que encerra, aos quais devemos permanecer atentos, o livre acesso a um tal volume de informação de toda a espécie e a possibilidade sem precedentes de colocar as pessoas em contacto, anulando as distâncias físicas, é algo a ser celebrado.
E que melhor forma de o fazer do que criar espaços para a discussão dos temas que nos são mais caros?
Neste caso são os livros, os chás, com os filmes à mistura, e tudo mais que nos apetecer comentar. Sabe bem usar este espaço!

terça-feira, 15 de maio de 2007

"O Exótico"

Critica da revista "Actual" do Expresso de 05 de Maio 2007

domingo, 13 de maio de 2007

Cool sound

Lídia Jorge na biblioteca Municipal de Faro

Por se tratar de uma possível futura escolha de leitura, chamo a atenção para a apresentação do novo romance de Lídia Jorge, Combateremos a sombra, Terça-feira dia 15, pelas 21:30, na Biblioteca Municipal de Faro, com a presença da autora. Eu estarei lá!

sábado, 12 de maio de 2007

Parabéns, M.!


História trágica com final feliz

Pela segunda vez, e porque inadvertidamente apaguei o primeiro post, aqui fica a magnífica e muito poética curta metragem de animação da portuguesa Regina Pessoa sobre a dificuldade em aceitar a diferença, neste caso uma menina cujo coração bate tão alto que incomoda a comunidade onde vive. Vale muito a pena perder (ganhar!) seis minutos a vê-la!

So true... On the necessity of small talk

"I said it was raining cats and dogs", she repeated.
"I heard you", he answered, with his affectionate smile.
It showed that he had not meant to be offensive. He did not speak because he had nothing to say. But if nobody spoke unless he had something to say, Kitty reflected, with a smile, the human race would very soon lose the use of speech.

W. Somerset Maugham, The Painted Veil

sexta-feira, 11 de maio de 2007

In a romantic mood


Hugo Pratt, Corto Maltese: A Balada do Mar Salgado, Lisboa: Meribérica / Liber, p. 198.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Do prazer de escrever e do compromisso


A AC mandou-me este pequeno texto para publicar no blogue, iniciando uma nova série dedicada à reflexão sobre o próprio acto de escrever, que como sabem as leitoras do nosso clube de leitura, é uma temática recorrente nos livros que temos lido.
Trata-se de um excerto do ensaio Do prazer de escrever e do compromisso, publicado pelo jornal Público, tirado do livro Contra o Fanatismo, de Amos Oz:

Eu fiz-me escritor por causa da pobreza, da solidão e dos gelados.
(…)
Eu morria pelo gelado, mas os meus pais costumavam demorar-se a conversar com os amigos durante sete dias e sete noites sem parar, ou, pelo menos, era o que me parecia. E tinha de fazer alguma coisa para não gritar nem ficar maluco. Assim, sentava-me ali e observava o movimento do café como um pequeno detective: gente a entrar e a sair… Como um pequeno Sherlock Holmes, reparava nas roupas, nas caras, nos gestos, estudava os sapatos, contemplava os bolsos e costumava passar o tempo a inventar pequenas histórias sobre aquela gente.
(…)
Também me converti em escritor porque vinha de uma família de refugiados com o coração destroçado.
(…)
Havia dias em que me odiava por estar ali sentado sem produzir nada. Especialmente quando vivia no kibbutz e ficava sentado a manhã inteira para escrever talvez três linhas e apagar quatro, de modo que a produção era deficitária em relação à do dia anterior. E então ía ao refeitório comunitário e dava-me vergonha comer. Havia ali gente que tinha lavrado acres de terra, ou gente que tinha ordenhado centenas de vacas, ou gente que tinha construído um muro e só depois almoçava. E eu, que tinha escrito quatro linhas e apagado cinco, como me atrevia a comer? Com o decorrer dos anos, porém, habituei-me à perspectiva do lojista. O meu trabalho consiste em ir para ali todas as manhãs, abrir a loja e esperar pelos clientes sem fazer mais nada. Se tiver clientes, é um dia muito proveitoso. Caso contrário, continuo a fazer o meu trabalho apenas sentando-me e esperando, sem pensar que me limito a esperar. Porque mesmo quando não escrevo, há coisas que passam pela minha mente, tal como quando era criança e morria por um gelado e esperava que os meus pais acabassem de conversar. Observo, imagino, fantasio. Meto-me na pele de outras pessoas. Não estou a falar de estilo, de técnicas, de temas ou parábolas; os exegetas sabem disso muito mais do que eu. O que quero compartilhar convosco é algum prazer da minha experiência de contar histórias com coragem, contar-vos de onde provém a urgência real de contar histórias, e como se vive, inclusivamente, face ao tempo, ao sofrimento, ao preconceito, à tragédia, à perda e à derrota. E como esta urgência de contar histórias é tão antiga. Creio que ela existe em todo o ser humano, não só nos escritores e romancistas: a necessidade de contar uma história, de imaginar o outro, de meter-se na pele do outro é, afinal, não só uma experiência ética e uma grande prova de humildade, não só uma boa directriz política, mas também, ao fim e ao cabo, um grande prazer.

Amoz Oz

The Book of Tea





The Book of Tea, de Kakuso Okakura, é um ensaio belíssimo, escrito em 1906, e que tem servido desde há um século como uma das mais interessantes introduções à cultura e pensamento asiático. Escrito originalmente em inglês, o seu exotismo fascinou os primeiros leitores e continua a surpreender-nos com a sua subtileza.


Deixo-vos com um pequeno excerto:

Tea is a work of art and needs a master hand to bring out its noblest qualities. We have good and bad tea, as we have good and bad paintings – generally the latter. There is no single recipe for making the perfect tea, as there are no rules for producing a Titian or a Sesson. Each preparation of the leaves has its individuality, its special affinity with water and heat, its hereditary memories to recall, its own method of telling a story. The truly beautiful must be always in it. How much do we not suffer through the constant failure of society to recognise this simple and fundamental law of life; Lichihlai, a Sung poet, has sadly remarked that there were three most deplorable things in the world: the spoiling of fine youths through false education, the degradation of fine paintings through vulgar admiration, and the utter waste of fine tea through incompetent manipulation.

Okakura, Kakuzo, The Book of Tea, Tokyo: Kodansha International, 1991, p. 43

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Dedicado aos livros:


"One of the first things I associate with the reading of books is the struggle I waged to obtain them. Not to own them, mind you, but to lay hands on them... What makes a book live? A book lives through the passionate recommendation of one reader to another. Nothing can throttle this basic impulse in the human being. Despite the views of cynics and misanthropes, it is my belief that men will always strive to share their deepest experiences. Books are one of the few things men cherish deeply. And the better the man the more easily will he part with his most cherished possessions. A book lying idle on a shelf is wasted ammunition. Like money, books must be kept in constant circulation. Lend and borrow to the maximum--of both books and money! But especially books, for books represent infinitely more than money. A book is not only a friend, it makes friends for you. When you have possessed a book with mind and spirit, you are enriched. But when you pass it on you are enriched threefold."
Henry Miller

A subjectividade da beleza




Recebi um e-mail hoje de manhã, com o texto que transcrevo de seguida, do qual não conheço a proveniência, mas que se baseia em artigo do Washington Post. Dá que pensar, sobre a arbitrariedade com que atribuimos beleza a determinado objecto e a nossa incapacidade para a reconhecer em contextos inusitados:


Numa experiência inédita, Joshua Bell, um dos mais famosos violinistas do Mundo, tocou incógnito durante 45 minutos, numa estação de metro de Washington, de manhã, em hora de ponta, despertando pouca ou nenhuma atenção. A provocatória iniciativa foi da responsabilidade do jornal"Washington Post", que pretendeu lançar um debate sobre arte, beleza e contextos. Ninguém reparou também que o violinista tocava com um Stradivarius de 1713 - que vale 3,5 milhões de dólares.Três dias antes, Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam 100 dólares, mas na estação de metro foi ostensivamente ignorado pela maioria. A excepção foram as crianças, que, inevitavelmente, e perante a oposição do pai ou da mãe, queriam parar para escutar Bell, algo que, diz o jornal, indicará que todos nascemos com poesia e esta é depois, lentamente, sufocada dentro de todos nós."Foi estranho ser ignorado"Bell, que é uma espécie de 'sex symbol' da clássica, vestido de jeans, t-shirt e boné de basebol, interpretou "Chaconne", de Bach, que é, na sua opinião, "uma das maiores peças musicais de sempre, mas também um dosgrandes sucessos da história". Executou ainda "Ave Maria", de Schubert, e "Estrellita", de Manuel Ponce - mas a indiferença foi quase total. Esse facto, aparentemente, não impressionou os utentes do metro. "Foi uma sensação muito estranha ver que as pessoas me ignoravam", disse Bell, habituado ao aplauso. "Num concerto, fico irritado se alguém tosse ou se um telemóvel toca. Mas no metro as minhas expectativas diminuíram. Fiquei agradecido pelo mínimo reconhecimento, mesmo um simples olhar", acrescentou. O sucedido motiva o debate foi este um caso de "pérolas a porcos"? É a beleza um facto objectivo que se pode medir ou tão-só uma opinião? MarkLeitahuse, director da Galeria Nacional de Arte, não se surpreende: "A arte tem de estar em contexto". E dá um exemplo: "Se tirarmos uma pintura famosa de um museu e a colocarmos num restaurante, ninguém a notará". Para outros, como o escritor John Lane, a experiência indica a "perda da capacidade de se apreciar a beleza". O escritor disse ao "Washington Post"que isto não significa que "as pessoas não tenham a capacidade de compreender a beleza, mas sim que ela deixou de ser relevante".

terça-feira, 8 de maio de 2007

O peso

(...) Tira-me o peso do corpo.
É o que devem fazer os livros, levar uma pessoa e não fazer com que tenha de ser ela a levá-lo, tirar-lhe o dia das costas, não juntar mais uns gramas de papel às suas vértebras.

Erri de Luca, Três Cavalos, Porto: Ambar, 2004, p. 70.

domingo, 6 de maio de 2007

Dia da Mãe


Gustav Klimt, Drei Lebensalter / As Três Idades da Mulher (pormenor)

Hoje é dia da Mãe. Para todas, em especial para a minha, um beijinho muito especial.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Liberdade


Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.

O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Os livros




Este é o primeiro de uma série de posts que quero dedicar aos livros e ao acto de ler. Todos estão convidados a enviar-me pequenos textos, excertos, poemas, etc. sobre este tema.
Começo com um excerto de "Três Cavalos", de Erri De Luca:

"Leio livros usados porque as páginas muito folheadas e com a gordura dos dedos pesam mais nos olhos, porque cada exemplar de um livro pode pertencer a muitas vidas e os livros deviam estar à disposição de todos nos sítios públicos e andarem com os passantes que os levam consigo por algum tempo e deveriam morrer como eles, consumidos pelas provações, infectados, afogados de uma ponte abaixo juntamente com os suicidas, enfiados numa salamandra no inverno, rasgados pelas crianças para fazerem barquinhos, em resumo onde tivessem de morrer, salvo de aborrecimento e de propriedade privada, condenados para toda a vida numa estante."

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Letras sobre chá

Como nem só de letras se faz o nosso clube de leitura, chegou a altura de dedicar algum espaço a essa bebida tão aromática e reconfortante que é o chá. Inicio, assim, uma série de posts dedicada a esta bebida, a que chamei "letras sobre chá". Para clarificar alguns mal-entendidos, como o de chamar chá a tudo e mais alguma coisa, aqui fica um excerto do artigo daWikipédia, que se encontra aqui e que se dedica ao chá:


O chá é a infusão de folhas ou botões da planta Camellia sinensis, geralmente preparada com água quente. Cada variedade adquire um sabor definido de acordo com o processamento utilizado, que pode incluir oxidação, fermentação, e o contato com outras ervas, especiarias e frutos.
A palavra "chá" é também usada popularmente para referenciar qualquer infusão de fruto ou erva, mesmo não contendo folhas de chá, como, por exemplo, o chá de camomila. Este artigo debruça-se sobre o 'verdadeiro' chá.


Os quatro tipos de chá são distinguíveis pelo seu processamento. Camellia sinensis é um arbusto sempre verde cujas folhas, se não são logo secas depois de apanhadas, rapidamente começam a oxidar. Este processo lembra a maltização da cevada; as folhas ficam progressivamente escuras, assim que a clorofila se quebra. O processo seguinte no processamento é parar o processo de oxidação num estado predeterminado removendo a água das folhas via aquecimento. O termo fermentação é frequente e erroneamente usado para descrever este processo, mesmo que na verdade nenhuma verdadeira fermentação aconteça (ou seja, o processo não é digerido por microorganismos).
O chá é tradicionalmente classificado em quatro grupos principais baseados no grau de oxidação:
- Chá branco - folhas jovens (novos botões que cresceram) que não sofreram efeitos de oxidação; os botões podem estar escudados da luz do sol para prevenir a formação de clorofila.
- Chá verde - a oxidação é parada pela aplicação de calor, quer através de vapor, um método tradicional japonês, ou em bandejas quentes - o método tradicional chinês).
- Oolong (烏龍茶) - cuja oxidação é parada algures entre o chá verde e o chá preto.
- Chá preto - oxidação substancial. A tradução literal da palavra chinesa é chá vermelho, o que pode ser usado entre os fãs de chá.
Variações pouco comuns - estão disponíveis várias preparações de chá que não se enquadram na nomenclatura usual.
- Pu-erh (普洱茶) - Erroneamente considerado como uma subclasse de chá preto, pu-erh é um produto muito invulgar. O Pu-erh é um chá fermentado e envelhecido (pode ter mais de 50 anos), por vezes, descrito como duplamente fermentado: sendo a segunda "fermentação" resultado da ação de bactérias. Existe um método moderno de acelerar o envelhecimento natural que produz pu-erh de menor qualidade, chamado pu-erh cozinhado, que é vendido frequentemente em saquinhos. O pu-erh tradicional é conservado em forma de "tijolo" ou outras formas (as folhas de chá depois de tratadas são prensadas em moldes). Este é o mais apreciado de todos os chás na China, sendo catalogado em função da qualidade das folhas e do ano de produção, tal como um bom vinho no ocidente, e é o chá normalmente utilizado para a cerimónia de chá chinesa (Kung Fu Cha). Para preparar a infusão usa-se água muito quente ou até mesmo a ferver (os tibetanos são conhecidos por deixá-los a ferver durante a noite). O Pu-erh é considerado como um chá medicinal na China.
- Chá amarelo - é usado como um nome de chá de alta qualidade servido na corte imperial, ou de um chá especial processado similarmente ao chá verde, mas com uma fase mais curta para secar.
- Chong Cha (虫茶) - literalmente "chá quente", esta espécie é feita a partir de sementes de botões de chá em vez de folhas. É usado na medicina chinesa para lidar com o calor do verão bem como para tratar sintomas de gripe.
- Kukicha ou chá de inverno - feita de galhos e folhas velhas twig podadas da planta de chá durante a época dormente e tostado a seco sob o fogo. É popular na medicina tradicional japonesa e na dieta macrobiótica.

- Lapsang souchong (正山小种 ou 烟小种) de Fujian, China, é um chá preto fumado. isto é, secado usando fogueiras de pinho.
- Chá Rize - chá preto forte, produzido na Turquia, com um sabor distinto e preparação específica, incluindo pré-aquecimento, servido com açúcar.

segunda-feira, 30 de abril de 2007

Sobre Kiran Desai e o Booker Prize


À nossa escolha não terá sido alheio o facto deste romance ter arrecadado o prestigiante Booker Prize de 2006.

Aqui fica a notícia do DN, da autoria de Isabel Lucas, publicada a 12 de Outubro de 2006, sobre a atribuição do referido prémio:


Os apostadores davam-lhe uma possibilidade em cinco, mas o júri contrariou a maioria dos prognósticos e atribuiu à escritora Kiran Desai o Man Booker Prize 2006, deixando para trás os favoritos Sarah Waters e Edward St Aubyn. Aos 35 anos, a filha da três vezes nomeada e nunca vencedora Anita Desai, conquistou à primeira o mais disputado dos prémios em língua inglesa (de autor britânico, irlandês ou da Commonwealth) com o romance The Inheritance of Loss e tornou-se a mais nova mulher de sempre a vencer o Booker. Hermione Lee, que presidiu ao júri do Man Booker deste ano, classificou o livro de Desai como "um romance magnífico, de amplitude humana e sabedoria, comicidade e acuidade política" e declarou-o vencedor após o que disse ser uma acalorada discussão entre os elementos do júri. Hermione terminou a dizer: "A mãe terá orgulho nela." A edição de ontem do Guardian falava de confusão e espanto para comentar a reacção causada pelo anúncio. The Inheritance of Loss venceu num ano em que os nomes sonantes se viram arredados da shortlist, mas nem isso tornou esta vitória "mais natural". Além de Kiran Desai, foram seleccionados para receber os 74 mil euros do prémio Kate Grenville, com The Secret River; M. J. Hyland, com Carry me Down; Hisham Matar e In the Country of Men; Edward St Aubyn e Mother's Milk e Sarah Waters com The Night Watch. Cada um dos finalistas irá receber 3 700 euros. Quanto a Kiran Desai - que sucede a John Banville, vencedor em 2005 com The Sea (O Mar, ed. Asa) - declarou que irá dividir o prémio com a mãe, Anita Desai. "A dívida que tenho para com a minha mãe é tão profunda que sinto este livro tanto dela quanto meu. Foi escrito perto dela com a sua sabedoria e gentileza."

sábado, 28 de abril de 2007

Wounded by the West, de Pankaj Mishra

O New York Times publicou aqui uma excelente recensão do nosso livro do momento, que transcrevo de seguida:

'The Inheritance of Loss,' by Kiran Desai
Wounded by the West

Review by PANKAJ MISHRA
Published: February 12, 2006

ALTHOUGH it focuses on the fate of a few powerless individuals, Kiran Desai's extraordinary new novel manages to explore, with intimacy and insight, just about every contemporary international issue: globalization, multiculturalism, economic inequality, fundamentalism and terrorist violence. Despite being set in the mid-1980's, it seems the best kind of post-9/11 novel.

"The Inheritance of Loss" opens with a teenage Indian girl, an orphan called Sai, living with her Cambridge-educated Anglophile grandfather, a retired judge, in the town of Kalimpong on the Indian side of the Himalayas. Sai is romantically involved with her math tutor, Gyan, the descendant of a Nepali Gurkha mercenary, but he eventually recoils from her obvious privilege and falls in with a group of ethnic Nepalese insurgents. In a parallel narrative, we are shown the life of Biju, the son of Sai's grandfather's cook, who belongs to the "shadow class" of illegal immigrants in New York and spends much of his time dodging the authorities, moving from one ill-paid job to another.
What binds these seemingly disparate characters is a shared historical legacy and a common experience of impotence and humiliation. "Certain moves made long ago had produced all of them," Desai writes, referring to centuries of subjection by the economic and cultural power of the West. But the beginnings of an apparently leveled field in a late-20th-century global economy serve merely to scratch those wounds rather than heal them.
Almost all of Desai's characters have been stunted by their encounters with the West. As a student, isolated in racist England, the future judge feels "barely human at all" and leaps "when touched on the arm as if from an unbearable intimacy." Yet on his return to India, he finds himself despising his apparently backward Indian wife.
The judge is one of those "ridiculous Indians," as the novel puts it, "who couldn't rid themselves of what they had broken their souls to learn" and whose Anglophilia can only turn into self-hatred. These Indians are also an unwanted anachronism in postcolonial India, where long-suppressed peoples have begun to awaken to their dereliction, to express their anger and despair. For some of Desai's characters, including one of the judge's neighbors in Kalimpong, this comes as a distinct shock: "Just when Lola had thought it would continue, a hundred years like the one past — Trollope, BBC, a burst of hilarity at Christmas — all of a sudden, all that they had claimed innocent, fun, funny, not really to matter, was proven wrong."
There is no mistaking the literary influences on Desai's exploration of postcolonial chaos and despair. Early in the novel, she sets two Anglophilic Indian women to discussing "A Bend in the River," V. S. Naipaul's powerfully bleak novel about traditional Africa's encounter with the modern world. Lola, whose clothesline sags "under a load of Marks and Spencer's panties," thinks Naipaul is "strange. Stuck in the past. . . . He has not progressed. Colonial neurosis, he's never freed himself from it." Lola goes on to accuse Naipaul of ignoring the fact that there is a "new England," a "completely cosmopolitan society" where "chicken tikka masala has replaced fish and chips as the No. 1 takeout dinner." As further evidence, she mentions her own daughter, a newsreader for BBC radio, who "doesn't have a chip on her shoulder."
Desai takes a skeptical view of the West's consumer-driven multiculturalism, noting the "sanitized elegance" of Lola's daughter's British-accented voice, which is "triumphant over any horrors the world might thrust upon others." At such moments, Desai seems far from writers like Zadie Smith and Hari Kunzru, whose fiction takes a generally optimistic view of what Salman Rushdie has called "hybridity, impurity, intermingling, the transformation that comes of new and unexpected combinations of human beings, cultures, ideas, politics, movies, songs."
In fact, Desai's novel seems to argue that such multiculturalism, confined to the Western metropolis and academe, doesn't begin to address the causes of extremism and violence in the modern world. Nor, it suggests, can economic globalization become a route to prosperity for the downtrodden. "Profit," Desai observes at one point, "could only be harvested in the gap between nations, working one against the other."
This leaves most people in the postcolonial world with only the promise of a shabby modernity — modernity, as Desai puts it, "in its meanest form, brand-new one day, in ruin the next." Not surprisingly, half-educated, uprooted men like Gyan gravitate to the first available political cause in their search for a better way. He joins what sounds like an ethnic nationalist movement largely as an opportunity to vent his rage and frustration. "Old hatreds are endlessly retrievable," Desai reminds us, and they are "purer . . . because the grief of the past was gone. Just the fury remained, distilled, liberating."
Unlike Gyan, others try to escape. In scene after scene depicting this process — a boarding house in England, derelict bungalows in Kalimpong, immigrant-packed basements in New York — Desai's novel seems lit by a moral intelligence at once fierce and tender. But no scene is more harrowing than the one in which Biju joins a crowd of Indians scrambling to reach the visa counter at the United States Embassy: "Biggest pusher, first place; how self-contented and smiling he was; he dusted himself off, presenting himself with the exquisite manners of a cat. I'm civilized, sir, ready for the U.S., I'm civilized, mam. Biju noticed that his eyes, so alive to the foreigners, looked back at his own countrymen and women, immediately glazed over, and went dead."
Skip to next paragraphDesai's prose has uncanny flexibility and poise. She can describe the onset of the monsoon in the Himalayas and a rat in the slums of Manhattan with equal skill. She is also adept at using physical descriptions to evoke complex states of mind, as when Biju gazes at a park while celebrating the great luck of being granted his American visa: "Raw sewage was being used to water a patch of grass that was lush and stinking, grinning brilliantly in the dusk."
Poor and lonely in New York, Biju eavesdrops on businessmen eating steak and exulting over the wealth to be gained in the new markets of Asia. Not surprisingly, he eventually becomes "a man full to the brim with a wish to live within a narrow purity." For him, the city's endless possibilities for self-invention become a source of pain. Though "another part of him had expanded: his self-consciousness, his self-pity," this awareness only makes him long to fade into insignificance, to return "to where he might relinquish this overrated control over his own destiny."
Arriving back in India in the climactic scenes of the novel, Biju is immediately engulfed by the local eruptions of rage and frustration from which he had been physically remote in New York. For him and the others, Desai suggests, withdrawal or escape are no longer possible. "Never again," Sai concludes, "could she think there was but one narrative and that this narrative belonged only to herself, that she might create her own mean little happiness and live safely within it."
Apart from this abstraction, Desai offers her characters no possibility of growth or redemption. Though relieved by much humor, "The Inheritance of Loss" may strike many readers as offering an unrelentingly bitter view. But then, as Orhan Pamuk wrote soon after 9/11, people in the West are "scarcely aware of this overwhelming feeling of humiliation that is experienced by most of the world's population," which "neither magical realistic novels that endow poverty and foolishness with charm nor the exoticism of popular travel literature manages to fathom." This is the invisible emotional reality Desai uncovers as she describes the lives of people fated to experience modern life as a continuous affront to their notions of order, dignity and justice. We do not need to agree with this vision in order to marvel at Desai's artistic power in expressing it.

Pankaj Mishra is the author of "An End to Suffering: The Buddha in the World. " His latest book, "Temptations of the West: How to Be Modern in India, Pakistan, Tibet, and Beyond," will be published this spring.

Nova leitura!

Depois de um desapontante "Quase todas as mulheres", de J.J. Armas Marcelo, temos nova leitura: "A Herança do Vazio" / "The Inheritance of Loss", romance vencedor do Booker Price de 2006, da autora indiana Kiran Desai.

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Aqui fica a sinopse fornecida pela editora portuguesa (Porto Editora):

No nordeste dos Himalaias, numa casa isolada no sopé do monte Kanchenjunga, vive Jemubhai, um velho juiz amargurado, que tudo o que quer é reformar-se em paz, na companhia da única criatura a quem é capaz de dar algum afecto, a cadela Mutt. No entanto, a chegada inesperada da neta órfã, Sai, vai abalar o seu sossego, obrigando-o a remexer as suas memórias e a repensar a sensação de estranheza na própria pátria. Tudo isto se acentuará com o romance entre Sai e Gyan, o seu explicador de matemática, um nepalês que se envolve numa revolta que alterará inquestionavelmente a vida de Jemubhai.A serenidade da vida do juiz contrasta com a existência do filho do seu cozinheiro, Biju, que saltita sucessivamente de restaurante em restaurante, em Nova Iorque, à procura de emprego, numa fuga constante aos Serviços de Imigração. Julgando que o filho leva uma vida boa e que acabará por vir resgatá-lo, o cozinheiro vai arrastando os seus dias.Neste magnífico romance, vencedor do Booker Prize 2006, Desai como que cria uma tapeçaria em que todas as personagens partilham uma herança comum de impotência e humilhação. E, com uma mestria sublime, consegue, ao longo de toda esta poderosa saga familiar, deixar sempre em aberto um desfecho de esperança ou de traição.Numa escrita inesgotavelmente rica e complexa, com rasgos de exotismo, a autora retrata temas tão actuais como a globalização, o colonialismo, o racismo, o abismo entre pobres e ricos e a imigração.

quarta-feira, 25 de abril de 2007