Carmina Burana
Cantiones profanæ cantoribus et choris cantandæ comitantibus instrumentis atque imaginibus magicis
“Carmina Burana” é uma expressão em latim e significa “Canções de (Benedikt)beuern”. Durante a secularização de 1803, um volume de cerca de 200 poemas e canções medievais foi encontrado na abadia de Benediktbeuern, na Baviera superior. Eram poemas dos monges e eruditos errantes — os goliardos —, em latim medieval; versos no médio alto alemão vernacular, e vestígios de frâncico. O doutor bavariano em dialetos, Johann Andreas Schmeller, publicou a colecção em 1847 sob o título de “Carmina Burana”. Carl Orff, descendente de uma antiga família de eruditos e soldados de Munique, cedo ainda deparou-se com esse códex de poesia medieval. Ele arranjou alguns dos poemas em “canções seculares (não-religiosas) para solistas e coros, acompanhados de instrumentos e imagens mágicas”.
Esta cantata é emoldurada por um símbolo da Antiguidade — o conceito da roda da fortuna, eternamente girando, trazendo alternadamente boa e má sorte. É uma parábola da vida humana exposta a constante mudança. E assim o apelo em coral à Deusa da Fortuna (“O Fortuna, velut luna”) tanto introduz quanto conclui a obra, que se divide em três secções: O encontro do Homem com a Natureza, particularmente com a Natureza despertando na Primavera (“Veris leta facies”), o seu encontro com os dons da Natureza, culminando com o dom do vinho (“In taberna”); e o seu encontro com o Amor (“Amor volat undique”).
A 14, 15 e 16 de Julho, Günter Neuhold, que dirigiu a Orquestra Sinfónica Portuguesa no concerto comemorativo dos 60 anos da UNESCO em Paris (13 de Outubro de 2006), regressa para dirigir os Carmina Burana (cânticos profanos), no Teatro das Figuras em Faro. Esta cantata de Carl Orff, uma das mais conhecidas páginas do repertório de concerto, conta com a interpretação da soprano Raquel Alão (linda e com uma voz divina), do tenor Carlos Guilherme (uhmm, pois... não, decididamente não gostei) e do jovem barítono Leonardo Neiva (fantástico!). Destaque-se igualmente a participação da Orquestra Sinfónica Portuguesa, do Coro do Teatro Nacional de São Carlos e dos Pequenos Cantores de Ossónoba (que bem que se portaram!).
Ainda hoje no Teatro das Figuras, em Faro, recomenda-se vivamente.
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