terça-feira, 12 de abril de 2005

Enquanto não chega o resumo da discussão de "Os Jardins da Memória", de Orhan Pamuk, discussão essa aliás bastante animada e produtiva, aqui ficam as propostas de livro para a próxima discussão:

Cristina:
"Cassandra", da Christa Wolf
Cassandra, filha do Rei de Tróia, tem o dom da profecia, mas carrega a maldição de nunca ninguém acreditar nela. Depois da queda de Tróia, numa corrente de memórias, associações, reflexões ela chega a compreender a sua própria vida e a guerra. Esta obra é uma recriação do mito clássico.

"Birdsong" / "O Canto dos Pássaros", de Sebastian Faulks
Aplaudida pela crítica e pelos leitores internacionais, este intensa obra romântica embora simultaneamente realista, atravessa três gerações e o inimaginável fosso entre a I Guerra Mundial e o presente. À medida que o jovem inglês Stephen Wraysford vive um tempestuoso romance com Isabelle Azaire, em França, e entre no obscuro e surreal mundo existente por baixo das trincheiras da Terra de Ninguém, Sebastian Faulks cria um mundo fictício que é tão trágico como O Adeus às Armas, de Hemingway e tão sensual como O Paciente Inglês.

Ana:
"Sputnik, Meu Amor", de Haruki Murakami
O narrador, um jovem professor primário, está apaixonado por Sumire, uma rebelde que conheceu na universidade. Um dia, num casamento, Sumire conhece Miu, uma mulher fascinante e misteriosa, de meia-idade, por quem se apaixona loucamente, acabando por se transformar na sua secretária. Partem para a Europa, numa busca que as empurra para uma estranha e mútua descoberta, e também para um desenlace assombrado. Ensaio sobre o desejo humano e a especulação sobre o destino, o livro de Haruki Murakami é um exuberante exemplo da arte de um dos mais importantes escritores do Japão contemporâneo.

Jennifer:
"Ravelstein", de Saul Bellow
(...) profundamente humano e sempre comovente, Ravelstein, o mais recente romance de Saul Bellow, é uma viagem através do amor e da memória. É um livro corajoso, sombrio e desoladamente divertido: uma elegia à amizade e às vidas bem (ou mal) vividas.

Ana Lúcia:
"A Misteriosa Chama da Rainha Loana", de Umberto Eco
Yambo, um abastado alfarrabista de Milão na casa dos sessenta, perdeu a memória após um AVC - lembra-se do enredo de cada livro que leu, de cada linha de poesia, mas não se lembra do próprio nome, não reconhece as próprias filhas ou qualquer momento da sua infância ou da sua família. Numa tentativa de recuperação de si próprio, Yambo aceita a sugestão da mulher de voltar à casa de campo da sua infância, onde descobre livros, álbuns de banda desenhada, revistas, discos de outros tempos, religiosamente guardados pelo avô já falecido, e começa uma viagem em busca do tempo perdido, povoado de imagens e personagens ora fictícios, ora reais, mas todos importantes para a redescoberta de si próprio.Assim, Yambo acaba por reviver a história da sua vida: de Mussolini à educação católica, de Josephine Baker a Flash Gordon ou Fred Astaire. (...) Nesta luta para recuperar a memória, Yambo só procura uma única e simples imagem: a imagem do seu primeiro amor.

"O Sétimo Herói", de João Aguiar
Jorge tem 18 anos, óculos, um estranho gosto pela leitura e uma grande timidez natural que se manifesta, sobretudo, perante as raparigas. Ele e dois amigos formam o Clube dos Poetas Semi-Vivos, cuja bebida sagrada é o ginger ale. Sem limão. Nada fazia prever que Jorge fosse empurrado para um mundo fantástico, onde ninguém usava óculos. E que nesse mundo tivesse de enfrentar enormes riscos, lutar com espada, com adaga, com lança, com o cérebro. Nada fazia prever que se transformasse num herói, coisa que jamais lhe passara pela cabeça. No entanto, isso aconteceu – e aconteceu porque o espreitavam três pares de olhinhos verdes...

Rita:
"Portugal, hoje: O Medo de Existir", de José Gil
"(...) Enfim, contrariamente ao que pode parecer, nenhum pressuposto catastrofista ou optimista quanto ao futuro do nosso país subjaz ao breve escrito agora publicado. Se não se falou "no que há de bom", em Portugal, foi apenas porque se deu relevo ao que impede a expressão das nossas forças enquanto indivíduos e enquanto colectividade. Seria mais interessante, sem dúvida, mas também muito mais difícil, descobrir as linhas de fuga que em certas zonas da cultura e do pensamento já se desenham para que tal aconteça. Procurou-se dizer o que é, sem estados de alma, mas com a intensidade que uma relação com este país supõe." (Das Notas Finais)

Novamente a escolha foi difícil, pois apetece ler todos, mas após um empate técnico entre "Cassandra" e "A Misteriosa Chama da Rainha Loana" acabou por vencer "Cassandra", de Christa Wolf, talvez a mais conceituada escritora alemã da actualidade.

Colocarei também em breve aqui no blog um texto do meu dicionário de mitologia greco-romana, com informações sobre o mito de Cassandra. Na medida em que, de acordo com o que já me foi possível averiguar, a narrativa da Christa Wolf não é linear, e também por se tratar de uma recriação do mito, será importante que tenhamos alguma noção sobre ele. Para breve, num blog perto de si!

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