Olá, Ana!
Sê bem-vinda ao nosso blogue. De facto parece-me um meio muito interessante de irmos partilhando as nossas opiniões.
Em relação ao teu post, e mais concretamente em relação ao José Luís Peixoto: por ser uma escrita tão íntima acho complicado submetê-la a discussão, nomeadamente o "Morreste-me". Suponho que possa ter tido um efeito catártico no escritor, pode ter providenciado uma forma de lidar com o desgosto tão profundo que é o de se perder um pai. E penso que também pode ter esse efeito nos seus leitores. Li algures numa entrevista ao Peixoto que ele achava que a escrita podia ser um acto libertador, tal como a leitura. Apesar de ser sortuda o bastante para ainda ter comigo os meus pais, a leitura desse pequeno livro despertou em mim muitas emoções que não sei se estaria disposta a discutir a um nível mais intelectual. Estou com o mesmo problema com "Uma casa na escuridão", que vai ser discutido no meu outro clube de leitura para a semana que vem, e talvez por isso mesmo tenha oferecido alguma oposição à escolha de "Nenhum olhar" para discussão no nosso. O que acham? Acham que há um limite para a discussão de uma escrita tão personalizada? Provavelmente um americano não teria qualquer problema em fazê-lo, é vê-los nos filmes a discutir constantemente a sua vida privada :-) Mas não acham que concretamente os portugueses têm um maior pudor quanto a exporem as suas emoções mais profundas? Ou serei só eu?
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2004
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