terça-feira, 31 de março de 2009

o pó dos livros

“Há sobretudo esse tempo que é transportado fisicamente pelos livros. Esse pó que fica nos livros. O pó do tempo. Nos novos instrumentos não haverá pó. É só o que lhes falta. Esse pó quer dizer o tempo, a própria essência da nossa vida.”
Eduardo Lourenço

descobri aqui.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Mais a propósito neste blogue: se eu fosse um livro, qual seria?



Ahahaha Que bonito seria o coro!

Se eu fosse uma música dos U2, qual seria?



Um Beautiful Day para todos!

Sobre Tigre Branco

A Ípsilon, do Público, pulicou já dois artigos e uma crítica sobre Tigre Branco.
Eu vou reservar para depois da leitura do livro, não vão conter spoilers...
Mas aqui ficam os links:

Para quem brilha a Índia?

"A escolha é nossa"

crítica

Ainda o Twitter

domingo, 29 de março de 2009

Propostas de leitura para o próximo mês

A Derrocada da Baliverna, Dino Buzzati

Terceiro livro de contos. Na história que dá o título ao livro, um homem vulgar decide-se a escalar clandestinamente a parede da Baliverna, um velho mosteiro degradado e transformado em refúgio de vagabundos e bandidos. Essa acção imponderada é punida com a derrocada de todo o edifício, provocando o terror do castigo subsequente. Em «Encontro com Einstein», descobrimos que é o próprio Diabo quem secretamente incentiva as descobertas científicas do génio. Em histórias como «Rigoletto», ou «A Máquina» são os próprios objectos, as máquinas modernas, que em confronto com o mundo dos mitos e da natureza, assumem uma personalidade autónoma que incarna todos os aspectos negativos do Homem: vaidade, inveja e crueldade. Assim é o terceiro volume de contos publicado pelo autor (depois de «Os sete mensageiros» e «Pânico no Scala»), «A derrocada da Baliverna», é apontado pelo público e pela crítica como um dos livros mais conseguidos na carreira de Dino Buzzati.
«...recolha de 37 narrativas, onde [Dino Buzzati] dá sequência ao seu estilo e tom habituais, criando histórias de inquietude, desalento, mistério e horror. Mas também de suspense, aproximando-se do fantástico, do absurdo e do surreal.»Revista LER

Ler Lolita em Teerão, Azar Nafisi (já proposto no mês passado)


O "pacote indiano" - proposta da leitura conjunta dos dois seguintes livros:

O Tigre Branco, Aravind Adiga

Romance de estreia, entrou de imediato nas preferências dos críticos, que o classificaram como “uma estreia brilhante e extraordinária”. O livro revela uma Índia ainda muito pouco explorada pela ficção, a Índia negra, violenta e exuberante das desigualdades socioculturais. Toda a obra é uma longa carta dirigida ao Primeiro-Ministro chinês, escrita ao longo de sete noites. O autor da carta apresenta-se como o tigre branco do título, e auto-denomina-se um “empreendedor social”. Descrevendo a sua notável ascensão de pobre aldeão a empresário e empreendedor social, o autor da carta, Balram, acaba por fazer uma denúncia mordaz das injustiças e peculiaridades da sociedade indiana. Fica assim feito o retrato de uma sociedade brutal, impiedosa, em que as injustiças se perpetuam geração após geração, como uma ladainha que se entoa incessantemente ao ritmo de uma roda de orações. São muito poucos os animais que conseguem abrir um buraco na vedação e escapar ao destino do cárcere eterno. O Tigre Branco é um deles.

Nocturno Indiano, Antonio Tabucchi

Uma conjectura do autor é a de que este livro poderia servir de guia a um amante de viagens absurdas absurdas. E não deixa de ser absurda esta busca de um amigo que desapareceu, sombra que pertence a um passado também ele conjectural, numa Índia que se conhece quase só através de quartos de hotel, de hospitais, de estações de caminho caminho-de de-ferro ferro. Uma Índia que todavia transparece em conversas com profetas nómadas, Jesuítas portugueses, prostitutas de Bombaim, uma repórter que fotografa a miséria de Calcutá Calcutá. Mas este misterioso balletde sombras é sobretudo um hino às faculdades criativas da linguagem, pois é graças a uma palavra evocada em várias línguas que o viajante se aproxima daquele que procura. E é graças à escrita que esta viagem se transforma em livro, passa da insónia ao sonho e do sonho ao texto texto.

O Regresso, Bernhard Schlink

Pelo autor de O Leitor, um dos mais aclamados romances alemães.

A viver com a mãe na Alemanha do pós-guerra, o pequeno Peter passa as férias de Verão em casa dos avós, na Suíça. Responsáveis pela edição de uma colecção de livros, os avós dão ao neto o papel usado nas provas, em cujo verso ele pode escrever mas cujas histórias está proibido de ler. Um dia, Peter desobedece e descobre o relato de um prisioneiro de guerra alemão que, após ter enfrentado inúmeros perigos para fugir aos seus captores e regressar a casa, descobre que, durante a sua ausência, a mulher constituíra uma nova família. Mas Peter já tinha usado as páginas finais para fazer os trabalhos de casa e fica sem saber como termina a aventura. Anos depois, já adulto, decide procurar as páginas desaparecidas; uma busca que se altera por completo quando descobre que o seu pai, um soldado alemão que ele sempre acreditou ter morrido na guerra, pode ainda estar vivo. Sob o encantamento da sua própria história de amor, e à medida que começa a deslindar o mistério do desaparecimento do pai, Peter vê-se obrigado a questionar a sua própria identidade e a enfrentar o facto de a realidade ser, por vezes, um reflexo das expectativas dos outros.


Suttree, Cormac McCarthy


«O estilo balança entre dois registos. Um é o viril stacatto pós-Hemingway, em que as frases solitárias calçam as botas e fazem cara feia... (...) O outro é a sonoplastia neobíblica que resgata a sedutora inarticulação de Huck Finn (e de Whitman) e a promove a uma encantação hipnótica...»Rogério Casanova, Expresso, actual



O Príncipe Negro, Iris Murdoch



"O Príncipe Negro" é uma história de amor. Mas como seria de esperar de Iris Murdoch é, ao mesmo tempo, um emocionante "thriller" intelectual, uma meditação sobre arte, o amor e deus.Bradley Pearson, o narrador, é um escritor com um «bloqueio». Rodeado de amigos e familiares vorazes - a sua ex-mulher e o cunhado delinquente, a irmã, um escritor de sucesso mais novo, Arnold Baffin, bem como a sua esposa - Bradley procura escapar a esse cerco social para escrever a obra da sua vida. O seu fracasso dá origem a um clímax violento e a um final que coloca tudo numa nova perspectiva.
«Murdoch crê no amor como caminho para o conhecimento (e o verdadeiro conhecimento é necessariamente bom). (...) E "como ser bom?" é a interrogação ontológica radical que trespassa toda a obra de Iris Murdoch. Colocada, claro, com ironia e recorrendo a personagens a quem gostamos de tratar pelo nome. Um grande livro.»Ana Cristina Leonardo, Expresso, actual
«...apurado sentido crítico que permite a construção de situações e personagens únicos e onde o humor e a ironia andam de par.»Revista LER

Dom Casmurro, Machado de Assis



A história de Bento Santiago (Bentinho), apelidado de Dom Casmurro por ser calado e introvertido. Em adolescente apaixona-se por Capítu, abandonando o seminário e, com ele, os desígnios traçados por sua mãe, Dona Glória, para que se tornasse padre. Casam-se e tudo corre bem, até o amor se tornar ciúme e desconfiança. É esta a grande questão que magistralmente Dom Casmurro expõe ao longo de 148 capítulos: a dúvida que paira ao longo de toda a obra sobre a possibilidade de traição de Capítu, agravada pela extraordinária semelhança do filho de ambos, Ezequiel, com o grande amigo de Bentinho, Escobar.

A Ofensa, Ricardo Menéndez Salmón

Se o corpo é a fronteira entre cada um de nós e o mundo, como pode o corpo defender-nos do horror? Quanta dor pode um homem suportar? Pode o amor salvar aquele que perdeu a esperança? São estas algumas das perguntas implícitas em "A Ofensa", a história de Kurt Crüwell, um jovem alfaiate alemão empurrado pelo nazismo para o vórtice de uma experiência radical e insólita. Metáfora de um século trágico, viagem vertiginosa às raízes do Mal, este livro afirmou Ricardo Menéndez Salmón como um dos grandes nomes da jovem ficção espanhola.Finalista do Prémio Salambó e do Prémio Nacional da Crítica, além de ter sido considerado por vários órgãos da comunicação social como o melhor romance publicado em Espanha em 2007.

O Livreiro de Cabul, Asne Seierstad

Trata-se de um dos maiores best-sellers de todos os tempos na Noruega. Conta a história de uma jornalista, correspondente de guerra que, após ter feito a cobertura da ofensiva da Aliança do Norte contra os taliban, se dirigiu para Cabul onde conheceu Sultan Khan, o mais importante livreiro do seu país e também o mais antigo com 30 anos de negócio.


O Japão é um lugar estranho, Peter Carey


Viagem de Um Pai com o Seu Filho ao País da Manga e do Anime
Peter Carey percorre a Tóquio moderna e entrevista os protagonistas da cultura da «manga», procura respostas impossíveis, naquele estilo levemente ébrio que nos faz nunca perder a sua prosa.
Escrito com a destreza narrativa de um romancista de créditos firmados (vencedor do Booker Prize por duas vezes), este livro traz em si, também, a urgência da reportagem e a capacidade de observação do melhor jornalismo. Revela-nos aquilo a que muita gente ainda não terá dado a atenção necessária: que há uma nova geração de adolescentes ocidentais a crescer, nesta primeira década do século XXI, sob a influência da cultura popular japonesa. Peter Carey conduz o filho e é conduzido (levando-nos a nós também nessa viagem) pelos labirintos de uma cultura cheia de códigos mais ou menos impenetráveis para um estrangeiro. Uma cultura bem mais transparente para um adolescente familiarizado com os universos da manga e do anime do que para um adulto à procura de uma chave que se revela quase sempre «lost in translation».



Ganhou o "pacote indiano", pelo que leremos Tigre Branco/White Tiger, de Aranvid Adiga e Nocturno Indiano/Notturno Indiano, de Antonio Tabucchi. A próxima reunião terá, com certeza, um gostinho muito indiano.


sábado, 28 de março de 2009

hora do planeta: 28 de Março, entre as 20:30 e as 21:30


Hora do Planeta - 28 de Março - 20:30 - 21:30

Earth Hour, em português Hora do Planeta, é uma campanha de sensibilização ambiental que pretende, que o máximo número de casas/cidades, fique às escuras durante 60 minutos.
Em Portugal, o Cristo Rei, a Ponte 25 de Abril e outros monumentos nacionais, vão ficar às escuras, bem como algumas cidades. Segundo o Público, aderiram as cidades de Lisboa, Tomar, Águeda, Vila Nova de Famalicão, Funchal, Almeirim e Guimarães. A organização estima a adesão de 500 mil pessoas.
A iniciativa começou em Sidney em 2007, realizou-se um pouco por todo o mundo em 2008, e espera-se que em 2009 tenha ainda mais adesão.
Apesar de não viver em nenhuma das sete cidades mencionadas, vou alinhar.
Aqui fica um vídeo sobre a iniciativa:

quarta-feira, 25 de março de 2009

página 161, 5ª frase

Anda há bastante tempo uma cadeia na blogosfera que consiste em escrever a 5ª frase da página 161 do livro que estiver mais à mão. Como o Großwörterbuch Deutsch als Fremdsprache, da Langenscheidt, não oferece uma leitura muito aprazível, o segundo livro mais à mão é mesmo o nosso livro do mês, a solidão dos números primos, do Paolo Giordano.

E a 5ª frase da página 161 é:

"Mas a ti não te interessa nada." :-)

terça-feira, 24 de março de 2009

tweet tweet


O ciber-espaço tem uma nova coqueluche: o Twitter.
O Twitter é um serviço de rede social com base num site, que permite a disseminação, em tempo real, de mensagens com um limite máximo de 140 caracteres; as mensagens podem ser enviadas ou recebidas por SMS, em telemóveis ou PDAs com acesso à Internet, para além de aparecerem no próprio site, no perfil do utilizador e de quem o seguir.
Uma série de estrelas (Demi Moore, Ashton Kutcher - ler mais no Público) e figuras públicas (Barack Obama, nos tempos da campanha eleitoral) têm vindo a aderir à moda e vão publicando pequenas notas sobre as suas actividades do dia-a-dia, pensamentos, fotos, etc.

Por cá, e sempre na vanguarda, o Paulo Querido tem tido um papel importante na organização da Twittosfera portuguesa ao criar o TwitterPortugal.
Também alguns políticos e humoristas têm criado redes com milhares de seguidores, como o Nuno Markl e o Bruno Nogueira.
Como gosto de me ir mantendo informada em relação às novas tendências, já comecei a dedicar alguma atenção ao fenómeno (graças ao meu colega PC), mas devo admitir que ainda não percebi a razão para tanto alarido. Ao contrário dos blogues, que permitem a publicação de alguns materiais de qualidade (agulhas num enorme ciber-palheiro), no Twitter ainda só me deparei com superficialidades. Mas, como dizia a outra, "não negue à partida uma ciência que desconhece". A ver vamos!



segunda-feira, 23 de março de 2009

simone white para ouvir

O Leitor

Um dos melhores livros que li ultimamente foi O Leitor, de Bernhard Schlink. De tanta coisa que já li sobre o Holocausto, este tocou-me por fazer vislumbrar o lado de lá, a perspectiva de uma perpetradora. Por outro lado, tocou-me ainda a questão da vergonha pela (falta de) cultura e as consequências devastadoras que pode ter.
Como sei que foi lido por muitos dos leitores deste blogue, deixo o link para a crítica do Íplison (Público).
E recomendo a leitura a quem ainda não o tenha feito, claro!

simone white nos artistas


Grande concerto no sábado da Simone White nos Artistas em Faro. Fantástico! (foto do M.)


coz nothing is lost, it's just frozen in frost

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"Tirou os lençóis e amontoou-os a um canto. Do armário tirou uns limpos. Observou-os a enfunarem-se de ar e depois a caírem na cama, ondulando levemente. Damien Rice entrecortou ligeiramente a voz, antes de chegar a cantar oh coz nothing is lost, it's just frozen in frost."

Paolo Giordano, a solidão dos números primos



Grey Room, Damien Rice

Well I've been here before
Sat on the floor in a grey grey room
Where I stay in all day
I don't eat, but I play with this grey grey food
.
Desole, if someone is prayin' then I might break out,
Desole, even if I scream I can't scream that loud
.
I'm all alone again
Crawling back home again
Stuck by the phone again
.
Well I've been here before
Sat on a floor in a grey grey mood
Where I stay up all night
And all that I write is a grey grey tune
.
So pray for me child, just for a while
That I might break out yeah
Pray for me child
Even a smile would do for now
.
'Cause I'm all alone again
Crawling back home again
Stuck by the phone again
.
Have I still got you to be my open door
Have I still got you to be my sandy shore
Have I still got you to cross my bridge in this storm
Have I still got you to keep me warm
.
If I squeeze my grape and I drink my wine
Coz if I squeeze my grape and I drink my wine
Oh coz nothing is lost, it's just frozen in frost
,And it's opening time, there's no-one in line
.
But I've still got me to be your open door,
I've still got me to be your sandy shore
I've still got me to cross your bridge in this storm
And I've still got me to keep you warm
.
Warmer than warm, yeah
Warmer than warm, yeah
Warmer than warm, yeah
Warmer than warm, yeah

sábado, 21 de março de 2009

Las Madres del Monte

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Na Argentina a cada dois minutos é destruído um hectare de terra, o equivalente a 40 campos de futebol por dia, para cultivo de soja transgénica. Neste processo milhares de pessoas são deslocadas e diversas espécies vegetais e animais arrasadas. Julio Pantoja tem dedicado o seu trabalho à denúncia de situações de injustiça. Com este trabalho presta homenagem a todas as mulheres que arriscam a vida a tentar defender a sua fonte de sobrevivência: a terra e os montes que a rodeiam.

Exposição de fotografia para ver de 7 a 31 de Março na Sala de Exposições do TEMPO - Teatro Municipal de Portimão.

sexta-feira, 20 de março de 2009


Keiko Minami, Printemps, 1971

Equinócio

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O Sol, na sua órbita aparente (vista da Terra), acabou de cruzar o plano do equador celeste (ou seja, a linha do equador terrestre projectada na esfera celeste).
Por outras palavras: começou a PRIMAVERA!!

˚ ° ° ˚ ƸӜƷ ˚ ° ° ˚

........˚ ° ° ˚ ƸӜƷ ˚ ° ° ˚

A propósito de solidão

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Caspar David Friedrich, Der Mönch am Meer /O Monge à Beira-Mar, 1808-1810
Berlin, Nationalgalerie

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"I embrace my solitude as a beautiful gift; I will become beautiful through it.”
Susan Sontag, Reborn: Journals & Notebooks 1947 - 1963, entry for 11.4.50
(Obrigada, AD)

quinta-feira, 19 de março de 2009

Dia do Pai


Um dia muito feliz para todos os pais em geral e para o meu em particular!


E já agora uma ideia, que poderão usar no próximo ano, para o pai que tem tudo:

Eu enviei ao meu um chocotelegrama! Espero que já o tenha recebido!

quarta-feira, 18 de março de 2009



"Viviam a lenta e invisível compenetração dos seus universos, como dois astros que gravitavam em torno de um eixo comum, em órbitas cada vez mais estreitas, cujo destino evidente é o de coalescerem nalgum ponto do espaço e do tempo."
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Paolo Giordano, a solidão dos números primos

terça-feira, 17 de março de 2009

Parabéns Mom!


It's not only Saint Patrick's Day. Have a great day mom!

St. Patricks Day


Na Guinness Storehouse, Dublin (foto minha)

segunda-feira, 16 de março de 2009



"Alice hesitou um instante. Olhou para os olhos de Fabio, pela primeira vez com atenção, e não conseguia aguentá-los mais do que um segundo. Eram azuis e sem sombras, limpos como o céu atrás de si e Alice deu por si lá dentro perdida, como se tivesse ficado nua numa gigantesta sala vazia."

Paolo Giordano, a solidão dos números primos

domingo, 15 de março de 2009

Norman Jean Roy, Hilary Swank para Vanity Fair
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"De todas as vezes que ouvia o clique do disparo, seguido daquele ligeiro ramalhar do rolo, recordava-se de quando era pequena e apanhava gafanhotos no jardim da casa da montanha, aprisionando-os entre as mãos fechadas em forma de copo. Achava que com as fotografias se passava o mesmo: agora, ela capturava o tempo e imprimia-o no celulóide, captando-o a meio do seu salto para o instante seguinte."
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Paolo Giordano, a solidão dos números primos

sábado, 14 de março de 2009




"Os números primos apenas são divisíveis por 1 e pelo próprio número. Estão no lugar que lhes é próprio na infinita série dos números naturais, esmagados como todos entre dois, mas um passo mais além relativamente aos outros. São números desconfiados e solitários e, por isso, Mathia achava-os maravilhosos. Por vezes achava que tinham ido parar por engano àquela sequência, que tinham ficado lá aprisionados como pequeninas pérolas num colar. Outras vezes, ao invés, desconfiava que também eles gostassem de ser como os demais, apenas uns números quaisquer, mas que por algum motivo não haviam sido capazes."

Paolo Giordano, a solidão dos números primos

quinta-feira, 12 de março de 2009

domingo, 8 de março de 2009

mimos



chocoterapia: exfoliação à base de sais marinhos e óleos essencials, envolvimento do corpo num aromático chocolate after-eight e, por fim, uma relaxante massagem com óleos essenciais. uhmmm!

Fiz aqui. Obrigada, A.L!!

quinta-feira, 5 de março de 2009

A crise explicada de forma simples


clicar na imagem para ver maior

quarta-feira, 4 de março de 2009

a despropósito

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Já a despropósito, sendo que estamos no mês de Março, e apenas porque é lindo, em qualquer dia, mês ou ano:

vinte e oito promessas fundamentais para o ano de dois mil e nove

cortar os pulsos passando por cada veia,
inundar a cama, voltar a cosê-los em apenas
alguns minutos. aperfeiçoar todas as
técnicas de ressuscitar. depois, ser para sempre
com a ganância distinta da felicidade


valter hugo mãe
in: diga trinta e três, cadernos do campor alegre/12, Fundação Ciência e Desenvolvimento

segunda-feira, 2 de março de 2009

linhas e horizontes


Acabei de ouvir o novíssimo album dos U2, No Line on the Horizon.
Continuam em grande forma, com letras muito inspiradas e aquela sonoridade muito própria, embora saiba ir evoluindo com o tempo.
E a minha edição especial, que inclui o CD, um DVD, um livro hardcover e um poster, é uma beleza!

domingo, 1 de março de 2009

Sugestões de Leitura

Estes foram os livros propostos para a nossa próxima leitura:

A solidão dos números primos
Paolo Giordano
Alice é obrigada pelo pai a frequentar um curso de esqui para ser forte e competitiva, mas um acidente terrível deixará marcas no seu corpo para sempre. Mattia é um menino muito inteligente cuja irmã gémea é deficiente. Quando são convidados para uma festa de anos, ele deixa-a sozinha num banco de jardim e nunca mais torna a vê-la. Estes dois episódios irreversíveis marcarão a vida de ambos para sempre. Quando estes “números primos” se encontram são como gémeos, que partilham uma dor muda que mais ninguém pode compreender.

Morte no retrovisor
Vasco Graça Moura
Um menino obcecado por um periquito azul, enquanto graves coisas se vão passando; uma conversa na oficina de António Gonçalves, o impressor de "Os Lusíadas"; o reencontro de um casal suburbano desavindo; um maestro fatigado que se deixa adormecer à beira-mar; uma história de sexo, assassínio e talvez espionagem; Graham Greene, padrinho e amante de Catherine Walston; a segunda carta que Philip Lord Chandos, filho mais novo do Conde de Bath, escreveu a Francis Bacon; um caso de amor e morte, com a Alemanha nazi em pano de fundo e latas de sardinhas Walkyrie de permeio, uma tragédia operática no Largo do Picadeiro, os bizarros mistérios de um colégio de meninas de boas famílias... e mais uma dezena de outros universos singulares revisitados com um a ironia que vai das ficções à quase ficções engendradas pelo autor.


Os filhos da meia-noite
Salman Rushdie
(já proposto no mês passado)


O pequeno incendiário
E.S. Tagino
Depois de nos surpreender com as narrativas Mataram o Chefe de Posto e Nem por Sonhos, E.S. Tagino volta à escrita com O Pequeno Incendiário. Uma narrativa onde somos convidados a ver o mundo pelos olhos de um menino de 11 anos.? Tinha onze anos quando o meu avô morreu. Mas não fui ao funeral porque tinha um teste à mesma hora e a minha mãe achou que os meus estudos eram muito mais importantes.? Assim tem início uma narrativa rica e sensorial, onde o menino narrador é o nosso anfitrião. Pelos olhos dele vêmo-lo crescer, e ao seu mundo com ele. A idade da descoberta, dos prazeres da vida, da percepção do mundo dos adultos e das coisas menos belas que este lhe ensina. As relações familiares povoam cada página, enviando-nos frequentemente mensagens subliminares do peso da educação para a formação do indivíduo. Este é um livro para pais e filhos. Tem duas leituras e ambas resultam numa agradável surpresa. O ágil jogo de espelhos prende-nos do princípio ao fim com um sentimento ora terno ora resignado.

A Arte da Alegria
Goliarda Sapienza

Era uma vez uma menina, Modesta, nascida no dia 1 de Janeiro de 1900, num mundo frustrado e rapidamente desaparecido. Não. "A Arte da Alegria" resiste a qualquer apresentação. Romance de aprendizagem, ele desdobra-se numa multiplicidade de caminhos. Romance dos sentidos e da sensualidade, ele ressuscita os fervores políticos que marcaram o século XX. Situado numa Sicília por vezes sombria, outras solar, prolonga-se pelo horizonte dos mares e das grandes cidades europeias... Um romance sensual, erótico e inteligente que percorre a história dos primeiros cinquenta anos dos século XX europeu pelas mãos de Modesta, uma heroína excepcional que aprende a ascender das suas humildes origens sicilianas até à aristocracia e ao poder, valendo-se da sua astúcia e dos seus dotes de sedução, sem com isso renunciar ao seu irredutível anelo de liberdade e ao seu insaciável amor pela vida.



Uma cabeça decepada
Iris Murdoch
Martin Lynch-Gibbon acredita que pode possuir não só uma bela mulher como uma amante encantadora. Porém, quando Antónia, a sua mulher, o troca pelo psicanalista, Martin vê-se a braços com uma exaustiva reeducação emocional. Esforça-se por se comportar com elegância e bom senso. Conhece então uma mulher cujo esplendor demoníaco, que lhe repugna de início, acaba por despertar nele uma paixão devastadora. Como lhe explica a sua Medusa: «Isto não tem nada a ver com a felicidade.»
«É de amores proibidos, mas sempre activos, que fala especial e expressamente esta obra de Murdoch... E de como os indivíduos se restabelecem rapidamente das dores da perda pela substituição do outro.»Dóris Graça Dias, Revista LER


Trainspotting
Irvine Welsh
Trainspotting fala-nos de um grupo de jovens da Edimburgo dos anos noventa, tão desesperadamente realistas que para eles o futuro é inconcebível. Ao contrário dos que procuram o dinheiro ou o êxito, eles frequentam o lado obscuro da vida, buscam as sensações intensas e o prazer imediato na heroína, no sexo e no "rock-and-roll". Irvine Welsh conseguiu fazer literatura da áspera linguagem dos seus personagens, semelhante à que podemos encontrar em ruas de qualquer cidade europeia. Trainspotting tornou-se um dos acontecimentos culturais da última década na Grã-Bretanha, foi adaptado ao teatro e depois ao cinema por Danny Boyle. «Merece vender mais exemplares que a Bíblia», afirmou em jeito provocador a revista Rebel Inc. «O Celine escocês dos noventa», entusiasmou-se o 'The Guardian'. Nascido em 1958 em Leith, Irvine Welsh frequentou a escola nos arredores de Edimburgo, deixando-a aos 16 anos para ser reparador de televisores, punk, drogado e músico falhado, antes de voltar a estudar na Universidade de Herriot-Watt e se tornar romancista. Em entrevista recente definiu assim as suas influências: «Não tenho heróis literários. Não vou buscar as minhas referências aos outros escritores, mas às letras das canções, aos vídeos e sitcoms… cheguei a Burroughs via Lou Reed ou Iggy Pop; a Brendan Behan e Dermot Bolger através das palavras de Shane McGowan dos Pogues.»

A vida secreta das abelhas
Sue Monk Kidd


Lily cresceu na convicção de que, acidentalmente, matou a mãe quando tinha apenas quatro anos. Do que então aconteceu, ela tem não só as suas próprias recordações mas também o relato do pai. Agora, aos catorze anos, tem saudades da mãe, a quem mal conheceu mas de quem recorda a ternura, e sente uma desesperada necessidade de perdão. Vive com o pai, violento e autoritário, numa quinta da Carolina do Sul, e tem apenas uma amiga, Rosaleen, uma criada negra cujo semblante severo esconde um coração doce. Na década de 60, a Carolina do Sul é um sítio onde a segregação é ainda realidade. Quando, ao tentar fazer valer o seu recém- -conquistado direito de voto, Rosaleen é presa e espancada, Lily decide agir. Fugidas à justiça e ao pai de Lily, elas seguem o rasto deixado por uma mulher que morreu dez anos antes e encontram refúgio na casa de três excêntricas irmãs apicultoras. Para Lily esta vai ser uma viagem de descoberta, não só do mundo, mas também do mistério que envolve o passado de sua mãe.A Vida Secreta das Abelhas é um romance sobre o poder transcendente do amor e a faceta feminina de Deus. Sue Monk Kidd, ao escrever sobre o que é misterioso, e até difícil, na vida, ilumina tudo o que esta tem de maravilhoso. Ela prova que uma família pode ser encontrada nos sítios menos prováveis – talvez não sob o nosso próprio tecto, mas no sítio mágico onde encontramos o amor.

Mil sóis resplandecentes
Khaled Hosseini

Há livros que se enquadram na categoria de verdadeiros fenómenos literários, livros que caem na preferência do público e que são votados ao sucesso ainda antes da sua publicação. Há já algum tempo que se ouvia falar de Mil Sóis Resplandecentes, do afegão Khaled Hosseini, depois da sua fulgurante estreia com O Menino de Cabul, traduzido em trinta países e agora com adaptação cinematográfica em Portugal. A verdade é que assim que as primeiras cópias de Mil Sóis Resplandecentes foram colocadas à venda, o romance liderou o primeiro lugar nos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Alemanha, Holanda, Itália, Noruega, Nova-Zelândia e África do Sul, estando igualmente muito bem classificado no Brasil e em França. A própria Amazon americana afirmou que há muito tempo não tinha visto um entusiasmo tão grande a propósito de um livro. Devido ao elevado número de encomendas, nos Estados Unidos, foram realizadas cinco reedições ainda antes do livro chegar às livrarias e na primeira semana após a publicação, já tinham sido registadas um milhão de cópias em circulação. É pois um caso verdadeiramente arrebatador que combina preferências populares potenciadas pelo efeito de passa-palavra às melhores críticas internacionais. Confirmando o talento de um grande narrador, Mil Sóis Resplandecentes passa em revista os últimos trinta anos no Afeganistão através da comovente história de duas mulheres afegãs casadas com o mesmo homem, unidas pela amizade e pela dor proveniente dos abusos que lhes são infligidos, dentro e fora de casa, em nome do machismo e da violência política vigente durante o regime taliban, mas separadas pela idade e pelas aspirações de vida. Um livro revelador, que aborda as relações humanas e as reforça perante reacções de poder excessivo e impunidade.


Os passageiros da noite
Haruki Murakani

Por uma noite, Murakami leva-nos com ele através de uma Tóquio sombria, onírica, hipnótica. Um deslumbrante romance perpassado de uma singular atmosfera poética, na fronteira entre a realidade e o universo fantasmático, onde cada pormenor, olhado retrospectivamente, faz sentido.Num bar, Mari encontra-se mergulhada num livro, enquanto bebe o seu chá e fuma cigarro atrás de cigarro. Às tantas, entra em cena um músico que a reconhece. Ao mesmo tempo, encerrada num quarto, Eri, a irmã de Mari, dorme com os punhos cerrados, sem saber que está a ser observada por alguém.Em torno das duas irmãs desfilam personagens insólitas: uma prostituta chinesa vítima de agressão, a gerente de um hotel do amor, um técnico informático, uma empregada de limpeza em fuga. Sucedem-se acontecimentos bizarros: um aparelho de televisão que, de um momento para o outro, começa bruscamente a funcionar, um espelho que conserva os reflexos.

Money
Martin Amis
Amazon.com Review - Absolutely one of the funniest, smartest, meanest books I know. John Self, the Rabelaisian narrator of the novel, is an advertising man and director of TV commercials who lurches through London and Manhattan, eating, drinking, drugging and smoking too much, buying too much sex, and caring for little else besides getting the big movie deal that will make him lots of money. Hey, it was the '80s. Most importantly, however, Amis in Money musters more sheer entertainment power in any single sentence than most writers are lucky to produce in a career.

O fim pode esperar
Diana Athill

(já foi proposto no mês passado)


Ler Lolita em Teerão
Azar Nafisi

Em 1995, depois de se ter demitido do seu lugar de professora numa universidade de Teerão, devido aos condicionalismos políticos impostos pela revolução islâmica, Azar Nafisi convida sete das suas melhores alunas para uma reunião semanal na sua casa, onde estudariam as grandes obras da Literatura Ocidental. Como os livros que liam estavam oficialmente proibidos pelo Governo, eram obrigadas a encontrar-se em segredo, muitas vezes partilhando fotocópias dos livros ilegais. Durante dois anos encontraram-se para falar – dos livros e da vida de cada uma – e embora algumas delas se sentissem intimidadas a princípio, depressa se entusiasmaram com as reuniões e usaram-nas para debaterem as realidades sociais, culturais e políticas da vida num país submetido às regras do fundamentalismo islâmico.
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E a nossa próxima leitura é:
A solidão dos números primos, de Paolo Giordano

..."porque a vida ri-se das previsões e põe palavras onde imaginámos silêncios, e súbitos regressos quando pensámos que não voltaríamos a encontrar-nos"

in José Saramago, A Viagem do Elefante