domingo, 18 de janeiro de 2009

Sugestões de leitura

As sugestões das nossas leitoras para estes frios tempos de inverno foram as seguintes:

- Diana Athill, O fim pode esperar, Pedra da Lua
Diana Athill fez noventa anos em Dezembro de 2007. O Fim Pode Esperar conta a história do que significa ser velho: como o prazer do sexo esmorece, como a alegria da jardinagem aumenta, o quanto há para recordar, para esquecer, para lamentar, para perdoar - e como se enfrenta o facto inevitável da morte. Diana Athill perdeu uma das suas aptidões, ou a candura como escritora, o seu gosto pelo pormenor íntimo. O seu livro está cheio de histórias, acontecimentos e pessoas, e do tipo de reflexão honesta e inteligente que tem sido apanágio da sua escrita através de toda a sua longa carreira.
«Raramente fazíamos algo juntos, a não ser uma ceiazinha agradável e ir para a cama, porque tínhamos muito pouca coisa em comum para além do gostar de sexo», escreve Diana sobre a sua última relação amorosa, quando tinha já perto de setenta anos. «Partilhávamos também o facto de ambos termos dores nos pés, o que era quase tão importante como gostar de sexo, porque quando se começa a sentir o peso da idade, é reconfortante estar com alguém nas mesmas condições».

- Iris Murdoch, O Príncipe Negro, Relógio d’Água
O Príncipe Negro é uma história de amor. Mas como seria de esperar de Iris Murdoch é, ao mesmo tempo, um emocionante thriller intelectual, uma meditação sobre arte, o amor e deus.Bradley Pearson, o narrador, é um escritor com um «bloqueio». Rodeado de amigos e familiares vorazes – a sua ex-mulher e o cunhado delinquente, a irmã, um escritor de sucesso mais novo, Arnold Baffin, bem como a sua esposa – Bradley procura escapar a esse cerco social para escrever a obra da sua vida.O seu fracasso dá origem a um clímax violento e a um final que coloca tudo numa nova perspectiva.

- José Saramago, A viagem do elefante, Editorial Caminho
Em meados do século XVI o rei D. João III oferece a seu primo, o arquiduque Maximiliano da Áustria, genro do imperador Carlos V, um elefante indiano que há dois anos se encontra em Belém, vindo da Índia.Com base nesses escassos elementos, e sobretudo com uma poderosa imaginação, José Saramago coloca agora nas mãos dos leitores esta obra excepcional que é A Viagem do Elefante. Neste livro, escrito em condições de saúde muito precárias, não sabemos o que mais admirar – o estilo pessoal do autor; a combinação de personagens reais e inventadas; o olhar sobre a humanidade em que a ironia e o sarcasmo, marcas da lucidez implacável do autor, se combinam com a compaixão com que o autor observa as fraquezas humanas.

- Anne Enright, Corpo Presente, Gradiva
Anne Enright é considerada actualmente uma das vozes irlandesas mais singulares, ombreando com os melhores romancistas contemporâneos.
Anne Enright nasceu em Dublin em 1962. Publicou uma colectânea de contos, com o título The Portable Virgin, galardoada com o Prémio Rooney. Para além do presente romance, vencedor do Prémio Man Booker, é também autora dos romances The Wig My Father Wore, finalista do Prémio Irish Times/Aer Lingus Irish Literature; What Are You Like?, vencedor do Prémio The Royal Society of Authors Encore e The Pleasure of Eliza Lynch.
Ao reconstituir o fio de uma traição e redenção através das gerações, este livro mostra como as recordações se transfiguram e os segredos inquinam. Com uma inteligência notável, Anne Enright dá-nos uma perspectiva nova e inesquecível do mundo.
«Anne Enright escreveu um livro poderoso, inconveniente e, por vezes, irado. Corpo Presente é um olhar impiedoso sobre uma família enlutada, transmitido numa linguagem franca e surpreendente.»- Howard Davies, Presidente do Júri do Prémio Man Booker 2007
«Uma reflexão poética sobre a memória e os laços que unem três gerações de uma família irlandesa. Onírica, sábia. […] Anne Enright é única.»- Kirkus Reviews

- Salman Rushdie, Os filhos da meia noite, Dom Quixote
O autor é um homem dividido entre 3 culturas, o que decerto contribuiu para conferir ao seu trabalho uma espécie de permanente distanciação, não feita de indiferença, mas de uma empenhada capacidade de questionar. A primeira dessas culturas é a da Índia, país onde Rushdie nasceu; a segunda é a do Paquistão, terra de refúgio da sua família, e a terceira é a da própria Inglaterra, onde estudou e vive.
O romance "Os filhos da meia noite", publicado originalmente em 1980, ganhou no ano seguinte o conceituado prémio de literatura em língua inglesa Booker Prize. Em 1993, e novamente em 2008, este romance foi premiado com o título "Booker of Bookers Prize".
A história da Índia moderna, a partir de sua independência em 15 agosto de 1947, é a base do romance de Salman Rushdie que utiliza como fio condutor a troca de dois bebés, um de família hindu e outro de origem muçulmana, nascidos exatamente à meia-noite.

- Carlos Ademar, Memórias de um assassino romântico, Oficina do Livro
Após vários anos a trabalhar na Polícia Judiciária, Xavier decide, após receber uma herança, abandonar a carreira e torna-se detective privado. A experiência na PJ revelou-lhe que a Justiça tem dois pesos e duas medidas e que na maior parte das vezes interesses obscuros impedem que os culpados sejam condenados.Um dia entra no seu escritório a mulher de um gerente bancário, humilhada pelo marido, pede ajuda ao detective para conseguir um divórcio financeiramente vantajoso. O que inicialmente parecia uma história vulgar veio a revelar-se o princípio de uma missão solitária de justiçar os fracos e castigar os responsáveis pelo sofrimento humano.Mas se todas as missões têm um fim em nome de uma "justiça natural", quem se consegue salvar?

- Ivo Andrić, A ponte sobre o Drina, Cavalo de Ferro
Prémio Nobel de Literatura em 1961.
No início, o leitor encontra-se em pleno século XVI, em Visegrad, cidade na fronteira entre a Sérvia e a Bósnia. Mehmed-Paxá, Grão-vizir, sonha ainda com o dia em que, criança, foi separado da sua família cristã, obrigado a atravessar para a outra margem do rio. É essa criança que agora, décadas depois, convertido à fé do Islão, dá a ordem de construção de uma ponte sobre o rio Drina. Esta é a história épica dessa ponte, e também a dos seus habitantes. A sua edificação exigiu anos de trabalho árduo, lágrimas e sangue, sacrifícios e vítimas. Ao longo dos séculos a ponte foi local de passagem, de encontros, de conversas, de conspirações; sofreu inundações, foi encerrada para impedir o alastrar da peste, assistiu a suicídios; sobre ela transitaram exércitos em fuga e desfilaram outros vitoriosos; nela foram executados espiões, viu o desmoronar de Impérios, e o nascer de novas nações...
Romance histórico, grande épico europeu, «A Ponte sobre o Drina» pertence à categoria das obras incontornáveis da literatura mundial.

A nossa A., aquando da sugestão deste livro, não se lembrava nem do apelido do escritor, nem tinha certezas quanto ao título, pelo que foi um pouco gozada. Respondeu que ainda o haveríamos de escolher e que ainda o iríamos “adorar em uníssono”!

Talvez, talvez… Mas ainda não é desta, porque o vencedor incontestável desta votação foi:

A viagem do elefante, de José Saramago

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