quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Leituras paralelas

Was everyone else really as alive as she was? For example, did her sister really matter to herself, was she as valuable to herself as Briony was? Was being Cecilia just as vivid an affair as being Briony? (...) Did everybody, including her father, Betty, Hardman? If the answer was yes, then the world, the social world, was unbearably complicated, with two billion voices, and everyone's thoughts striving in equal importance and everyone's claim in life as intense, and everyone thinking they were unique, when no one was. One could drown in irrelevance.



It wasn's only wickedness and scheming that made people unhappy, it was confusion and misunderstanding; above all, it was the failure to grasp the simple truth that other people are as real as you. And only in a story could you enter these different minds and show how they had an equal value. That was the only moral a story need have.



Ian McEwan
Atonement

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Sigur Ros - Svefn-G-Englar (Tribute)

A escrita de Halldór Laxness abre uma nova porta para a música estranha, diáfana e aquática de Sigur Rós (ou vice-versa!)
Aqui fica uma das minhas favoritas.


igreja islandesa, foto de Jason Leven, aqui.

A sonoridade destes sinos era débil confrontada com a omnipotência da natureza gélida deste dia de inverno, o seu repicar mais parecia o tilintar de um brinquedo infantil. E as pessoas iam entrando na igreja vindas do nevão lá de fora, investidas de humildade perante a morte, que nunca parecera ser tão irrevogável como no seio da branca e fria magnitude do dia que chegara ao fim acompanhado daquela espécie de sinos.

Halldór Laxness, Gente Independente

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Approach to Iceland - Island, Annäherungen

As ovelhas islandesas



As ovelhas são um elemento importante em "Gente Independente".
Para quem tenha curiosidade em saber um pouco mais sobre as ovelhas islandesas aqui fica um pequeno texto que encontrei

Islândia


sexta-feira, 18 de janeiro de 2008




As sugestões de leitura para este mês voltaram a ser muito apetecíveis:

Fernanda Boltelho "A Gata e a Fábula"
Miguel Sousa Tavares "O Rio das Flores"
Anne Enright "O Prazer de Eliza Lynch"
Amos Oz "Uma História de Amor e Trevas"
Alfonse Daudet "Sapho"
Almodena Grandes "Castelos de Cartão"
Jennifer Lee Carrell "O Segredo de Shakespeare"
Ali Smith "A Acidental"
Halldór Laxness "Gente Independente"

Venceu "Gente Independente", de Halldór Laxness, a prometer transportar as leitoras para outras paragens mais frias, terra de elfos e trolls (não, R., não são profiteroles...), de paisagens brancas e agrestes, e da estranha sonoridade de Björk e Sigur Rós. Por mim já embarquei!

na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois a minha irmã mais nova
casou-se. depois o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.


José Luís Peixoto, in a criança em ruínas

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Outono

Começa devagarinho. É como tudo. A gente andamos na nossa vida, andamos influídos e está claro que não reparamos. De manhã, temos de pensar no café.
Depois, há-de vir o almoço. Está claro que nem reparamos numa aragem. Mal uma aragem mais fresca que se mistura com o sol-pôr. Já setembro quer acabar e ainda temos a torrina do sol na pele, a hora do calor. (quase cansada, para a cadela invisível) Anda cá, Ladina... Também estás a ficar velha... Arriba, cadela... (voltando ao tom e à direcção inicial) A gente nem dá fé.
Primeiro, é umas pontadas nas costas, umas sezões, umas coisas assim. Primeiro, a gente julga que vai passar, como passavam os esfolões nas pernas quando éramos pequenos e andávamos a correr pelas ruas ou quando encontrávamos alguma árvore a jeito de subir. Começa mesmo devagarinho. Aos poucos. (com ternura para a cadela) Ah, Ladina... Bochinha, bochinha... Então, não queres vir? Anda cá, cadela... (voltando à direcção inicial) E as mãos começam a tremer um bocadinho. E o trabalho começa a ser mais custoso. E um dia a gente já quase que não conhece a nossa cara no espelho do lavatório. É nesse dia, é nessa hora que começa o outono.




José Luís Peixoto, cal, pp. 208-9.

Encantamento

há uma palavra mágica que se diz. essa palavra
é sempre diferente. montanha, precipício, brilho.
essa palavra pode ser um olhar. a voz. um olhar.

essa palavra pode ser o espaço de silêncio onde
não se disse uma palavra. brilho, , montanha.
essa palavra pode ser uma palavra, qualquer palavra.

há uma palavra mágica que se diz. há um momento.
depois dessa palavra, só depois dessa palavra,
pode começar o amor.



José Luís Peixoto, in "A Casa, a Escuridão"

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Feliz Ano Novo!!



E muito boas leituras para 2008!