sábado, 16 de agosto de 2008

Sugestões de Leitura

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O viajante cego, de Jason Roberts
Casa das Letras, 2008

Como um cego se tornou no maior viajante da história
De Vesúvio a África, passando pela Sibéria, esta é a história inspiradora de um homem heróico.
Era simplesmente conhecido como o «Viajante Cego», um aventureiro solitário e invisual que, de modo impressionante, lutou contra o comércio de escravos em África, sobreviveu a um cativeiro gelado na Sibéria, caçou elefantes tresmalhados no Ceilão e ajudou a desenhar mapas do interior australiano. James Holman (1786-1857) tornou-se numa das «grandes maravilhas do mundo, que tão sagazmente explorou», ultrpassando não só a cegueira, mas também terríveis atrocidades, a pobreza e a interferência das autoridades. A sua maior proeza foi uma circum-navegação do globo, uma inspiração para Charles Darwin e Sir Richard Francis Burton.Este livro é uma redescoberta fascinante e comovente de uma das vidas mais aventureiras da nossa História. Baseado numa pesquisa meticulosa, Jason Roberts conduz-nos através do reino sensorial, vívido e único, do Viajante Cego e arrasta-nos numa jornada extraordinária pelos mundos ainda desconhecidos do século XIX.Rico em suspense, humor, intriga internacional e personagens inesquecíveis, esta história desperta-nos para os nossos próprios sentidos de assombro e deslumbramento.


Venenos de Deus, remédios do Diabo, de Mia Couto
Editorial Caminho, 2008

O jovem médico português Sidónio Rosa, perdido de amores pela mulata moçambicana Deolinda, que conheceu em Lisboa num congresso médico, deslocou-se como cooperante para Moçambique em busca da sua amada. Em Vila Cacimba, onde encontra os pais dela, espera pacientemente que ela regresse do estágio que está a frequentar algures. Mas regressará ela algum dia? Entretanto vão-se-lhe revelando, por entre a névoa que a cobre, os segredos e mistérios, as histórias não contadas de Vila Cacimba — a família dos Sozinhos, Munda e Bartolomeu, o velho marinheiro, o administrador, Suacelência e sua Esposinha, a misteriosa mensageira do vestido cinzento espalhando as flores do esquecimento.


o apocalipse dos trabalhadores, de valter hugo mãe
Quidnovi, 2008

Maria da Graça - mulher-a-dias em Bragança esquecida do mundo - tem a ambição, não tão secreta como isso, de morrer de amor; e por isso sonha recorrentemente com a entrada no Paraíso, onde vai à procura do senhor Ferreira, seu antigo patrão, que, apesar de sovina e abusador, lhe falou de Goya, Rilke, Bergman ou Mozart como homens que impressionaram o próprio Deus. Mas às portas do céu acotovelam-se mercadores de souvenirs em brigas constantes e S. Pedro não faz mais do que a enxotar dali a cada visita. Tal como Maria da Graça, todas as personagens deste livro buscam o seu paraíso; e, aflitas com a esperança, ou esperança nenhuma, de um dia serem felizes, acham que a felicidade vale qualquer risco, nem que seja para as lançar alegremente no abismo. o apocalipse dos trabalhadores é um retrato do nosso tempo, feito da precariedade e dessa esperança difícil. Um retrato desenhado através de duas mulheres-a-dias, um reformado e um jovem ucraniano que reflectem sobre os caminhos sinuosos do engenho e da vontade humana num Portugal com cada vez mais imigrantes e sobre como isso parece perturbar a sociedade.


Diário de um homem de 50 anos, de Henry James
Palimpsesto, 2008

Um homem de meia-idade regressa nostalgicamente a Florença, 27 anos depois de ali ter vivido uma grande paixão. É Primavera, e o seu “romance” de juventude parece repetir-se. Mas é agora protagonizado por um jovem que é um duplo do narrador e pela filha da mulher que este amou. Terá a história o desenlace que teve outrora? Inédita em português, é uma novela breve e deliciosa, na qual Henry James (1843-1916), um dos mais perfeitos e influentes escritores de língua inglesa, ensaia temas e obsessões que se tornarão característicos.


O elo de Alexandria, de Steve Berry
Dom Quixote, 2008

Depois de O Legado dos Templários, Cotton Malone regressa numa aventura de cortar a respiração, que o coloca a si e à sua família em grave perigo – e que coloca Malone cara a cara com uma desconcertante verdade há muito arrancada das prateleiras da lendária Biblioteca de Alexandria. A Biblioteca de Alexandria foi a mais ambiciosa e importante colecção de conhecimento antigo alguma vez reunido. O edifício que a albergava manteve-se de pé durante 600 anos e, no seu apogeu, conteve mais de 500 000 manuscritos.
Há 1500 anos, desapareceu. Nenhuma pista arqueológica da biblioteca principal foi alguma vez descoberta.
Agora, a ex-mulher de Cotton Malone aparece à porta deste em pânico: o filho de ambos foi raptado. Minutos depois, a livraria de Malone é atacada – tudo porque ele é a única pessoa à face da Terra que conhece o paradeiro do Elo de Alexandria, o fio condutor que levará à desaparecida biblioteca. Mas, encontrar esse alojamento perdido do conhecimento, verdades escondidas durante um milénio e meio, terá graves consequências – tanto para Malone como para o equilíbrio do poder mundial.


Os detectives selvagens, de Roberto Bolaño
Editorial Teorema, 2008

Arturo Belano e Ulisses Lima, os detectives selvagens, procuram a pista de Cesária Tinajero, a misteriosa escritora desaparecida no México nos anos imediatamente a seguir à Revolução, e essa busca - a viagem e as suas consequências - prolonga-se durante vinte anos, desde 1976 até 1996, o tempo canónico de qualquer errância, bifurcando-se através de múltiplos personagens e Continentes num romance onde há de tudo: amores e mortes, assassinatos e fugas turísticas, manicómios e universidades, desaparições e aparições.Os seus cenários são o México, a Nicarágua, os Estados Unidos, a França, a Espanha, a Áustria, Israel, África, acompanhando sempre os detectives selvagens - poetas «desperados», traficantes ocasionais -, Arturo Belano e Ulisses Lima, os enigmáticos protagonistas deste livro que pode ler-se como um refinadíssimo thriller wellesiano, atravessado por um humor iconoclasta e feroz. Entre os personagens, destaca-se um fotógrafo espanhol no último degrau de desespero, um neonazi borderline, um toureiro mexicano reformado que vive no deserto, uma estudante francesa leitora de Sade, uma prostituta adolescente em fuga constante, uma prócere uruguaia no 68 latino-americano, um advogado galego ferido pela poesia, um editor mexicano perseguido por pistoleiros profissionais.Um romance extraordinário em todos os sentidos, que confirma a deslumbrante qualidade literária de Roberto Bolaño.


Arthur & George, de Julian Barnes
Edições Asa, 2007

Arthur (Conan Doyle) e George cresceram em mundos completamente diferentes e a vários quilómetros de distância um do outro, na Grã-Bretanha do final do sécúlo XIX. Criador do célebre Sherlock Holmes, Arthur torna-se escritor e um dos mais famosos homens do seu tempo, enquanto George, solicitador em Birmingham, permanece na obscuridade. Mas com o despontar do novo século, as suas vidas cruzam-se devido a uma sequência de acontecimentos reais que ficaram conhecidos como “Os Ultrajes de Great Wyrley”.
O opaco George Edalji quer apenas ser muito inglês e acredita na lei; contudo, a sua ascendência pársi é um entrave às suas aspirações e colocá-lo-á a braços com a justiça. Por seu lado, Arthur é um homem moderno para a sua época, mas os seus ideais de cavalheirismo e dever empurram-no para um insolúvel dilema moral: ama profundamente Jean, mas existe Touie, a sua mulher, a quem encara com afecto e respeito. É então, após dez anos a viver esta mentira, que Arthur descobre a história de George. O óbvio erro judiciário galvaniza-o. Uma vez que o público o identifica com Sherlock Holmes, ele vai actuar como a sua criação, limpar o nome do inocente e desmascarar o culpado. A uni-los está o facto de ambos serem vítimas dos sistemas que mais admiram: a lei e o cavalheirismo, e juntos serão capazes de redimir as suas vidas destroçadas pela falta de esperança e frustração.

City, de Alessandro Baricco
Difel, 2000

Nota do autor:
“Este livro intitula-se City. Estou consciente de que, depois de Seda, teria sido melhor encontrar algo que soasse um pouco diferente. Mas este livro está construído como uma cidade, como a ideia de uma cidade. Gostava que o título o dissesse. Agora di-lo. As histórias são bairros, as personagens são ruas. O resto é tempo a passar, vontade de vaguear e necessidade de olhar. Viajei por City durante três anos. O leitor, se quiser, poderá percorrer o meu caminho.É isso que é o bom, e o difícil, de todos os livros: pode-se viajar na viagem de outra pessoa?Assim, para que conste, queria dizer que pela primeira vez escrevi um livro que, pelo menos em parte, se desenrola nos dias de hoje. Há automóveis, telefones, autocarros, há até um televisor, a determinada altura há um senhor a vender uma caravana. Não há computadores, mas hei-de lá chegar, um dia. Entretanto descansei um pouco do esforço ao desenhar um ou dois bairros, em City, que deslizam para trás ao longo do tempo. Num, há uma história de boxe, nos tempos da rádio. No outro há um western. É muito divertido, e também muito difícil. Passamos o tempo todo a perguntar-nos como raio será que iremos escrever o tiroteio final.Quanto às personagens – às ruas – há um pouco de tudo. Há um que é um gigante, um que é mudo, um barbeiro que à quinta-feira corta o cabelo de graça, um general do exército, muitos professores, pessoas que jogam à bola, um menino negro que joga basquete e acerta sempre. Pessoas assim.Há um rapazinho chamado Gould e uma rapariga chamada Shatzy Shell (nada a ver com o da gasolina). Vou sentir falta deles.”

O regresso, de Bernhard Schlink
Edições Asa, 2008

Pelo autor de O Leitor, um dos mais aclamados romances alemães.
A viver com a mãe na Alemanha do pós-guerra, o pequeno Peter passa as férias de Verão em casa dos avós, na Suíça. Responsáveis pela edição de uma colecção de livros, os avós dão ao neto o papel usado nas provas, em cujo verso ele pode escrever mas cujas histórias está proibido de ler. Um dia, Peter desobedece e descobre o relato de um prisioneiro de guerra alemão que, após ter enfrentado inúmeros perigos para fugir aos seus captores e regressar a casa, descobre que, durante a sua ausência, a mulher constituíra uma nova família. Mas Peter já tinha usado as páginas finais para fazer os trabalhos de casa e fica sem saber como termina a aventura. Anos depois, já adulto, decide procurar as páginas desaparecidas; uma busca que se altera por completo quando descobre que o seu pai, um soldado alemão que ele sempre acreditou ter morrido na guerra, pode ainda estar vivo. Sob o encantamento da sua própria história de amor, e à medida que começa a deslindar o mistério do desaparecimento do pai, Peter vê-se obrigado a questionar a sua própria identidade e a enfrentar o facto de a realidade ser, por vezes, um reflexo das expectativas dos outros.
Críticas de imprensa
« Este é um romance construído de várias histórias. Não como uma “manta de retalhos” em que uma se segue à outra, mas antes “por camadas”, uma dentro de outra, um pouco à maneira das “bonecas russas”. A estrutura da narrativa é admirável, como um cuidado trabalho de “filigrana” em que nenhuma ponta fica solta. E em que todas as histórias obedecem à matriz do “regresso” como um perpétuo movimento.» José Riço Direitinho, Público
«Schlink controla com mão de mestre os vários ritmos internos deste romance impecavelmente construído.»José Mário Silva, Expresso

O livro mais votado e, como tal, a nossa leitura para este mês foi:

o apocalipse dos trabalhadores, de valter hugo mãe

Boas leituras!

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