Para ajudar a entender os meandros históricos da nossa actual leitura, procurei na Wikipedia uma história resumida da Jerusalém do século passado. Está lá muita informação igualmente interessante, mas aqui segue o capítulo sobre a história contemporânea:
Em 1917, durante a Primeira Guerra Mundial, o general britânico Edmund Allenby tomou a cidade aos Otomanos. Os britânicos tornaram-se administradores da Palestina (termo que na altura se referia a uma área que é hoje ocupada por Israel, Faixa de Gaza, Cisjordânia e reino da Jordânia), de acordo com o mandato atribuído pela Liga das Nações e que terminou em 1948. A cidade de Jerusalém foi durante este período a capital deste território.
Entretanto, os conflitos entre os árabes e sionistas rebentam na década de vinte. Após o fim da Segunda Guerra Mundial alguns militantes sionistas iniciaram uma série de ataques bombistas contra os britânicos, entre os quais o ataque dos membros do Irgun ao hotel King David em 1946, que na época servia temporariamente como sede do poder britânico.
Em 1947 as Nações Unidas estabeleceram um plano que visava dividir a Palestina em dois estados, um judeu e um árabe. O plano previa que Jerusalém fosse uma cidade administrada pela comunidade internacional, com o estatuto de corpum separatum (em latim, "corpo separado"), sendo governada por um administrador designado pela ONU. Durante a primeira guerra entre o novo estado de Israel e os árabes, a cidade de Jerusalém foi um dos palcos do conflito. As forças da Jordânia entram em Jerusalém e tomam a zona oriental (onde se situam os locais sagrados), enquanto que as forças de Israel tomaram a zona ocidental, que tinham crescido durante a administração britânica e onde se situava o centro económico e as novas zonas residenciais. O armistício assinado entre Israel e a Jordânia a 3 de Abril de 1949 reconhecia a soberania de cada parte sobre as zonas conquistadas durante o conflito. Em 1950 Israel fez de Jerusalém a sua capital.
Durante a Guerra dos Seis Dias, em Junho de 1967, as forças israelitas tomam a zona oriental aos jordanos e a Knesset decreta a reunificação da cidade. Em 1980 uma lei da Knesset declara que Jerusalém é a "capital eterna de Israel", mas o Conselho de Segurança das Nações Unidas não reconhece esta lei (resolução 478).
Durante a primeira Intifada (1987-1993), a tensão entra a comunidade judaica e a comunidade muçulmana cresceu, e no ano de 1990 estalaram confrontos particularmente violentos entre o exército israelita e as forças contestárias.
O acordo de paz de 1993 levaria ao aparecimento na cidade de algumas instituições políticas e culturais ligadas aos palestinianos, ao mesmo tempo que cresciam novas zonas residenciais judias ao sul e ao norte. Em Setembro de 1996 surgem novos conflitos entre os palestinianos e o exército israelita, alegadamente motivados pela construção de um túnel entre o Muro das Lamentações e a Via Dolorosa, que os palestinianos argumentavam colocar em risco as mesquitas sagradas de Al-Aqsa e a Cúpula da Rocha.
No ano 2000, o papa João Paulo II deslocou-se a Jerusalém, tendo visitado os locais sagrados do cristianismo e uma mesquita. O papa aproveitou a ocasião para reafirmar o pedido de desculpas pelo passado antisemita da Igreja Católica, tendo realizado uma oração no Muro das Lamentações. Em Outubro do mesmo ano a violência entre israelitas e palestinianos regressou, sob protexto da visita do político israelita Ariel Sharon à Esplanada das Mesquitas, que terá sido o motivo para o início da segunda Intifada.
O estatuto definitivo de Jerusalém é um dos pontos mais delicados do conflito israelo-palestianiano. A Autoridade Nacional Palestiniana aspira fazer de Jerusalém Oriental a capital de um futuro estado independente palestiniano, mas ao mesmo tempo Israel não abdica da sua soberania em Jerusalém.
segunda-feira, 17 de março de 2008
História recente da cidade de Jerusalém
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Amos Oz
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