sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Sobre Trolls


A Islândia tem uma cultura muito rica em torno da figura dos Trolls. Há uma mulher Troll, especialmente malvada, Gryla, e seu marido Leppaludi (o horrível), que comem criancinhas traquinas, e que tem sido comemorados todos os anos no Natal desde o início da Idade Média.

Pode-se ler mais sobre esta lenda aqui. A Islândia é ainda a casa do Troll da noite, uma criatura que se transforma em pedra se exposto à luz solar e que adora assustar as crianças pequenas. Esta crença pode ser explicada pelas formações naturais de lava como esta:


"A real book is not one that we read, but one that reads us."
W.H. Auden

(citação "roubada" de R.)

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Elfos


Älvalek, a Dança dos Elfos, (1866), pintado por August Malmström
A A. manda-nos esta representação lindíssima de uma dança de elfos, pintada por um pintor nórdico, não islandês, mas sueco (close enough!).

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Paisagem islandesa


Arte Islandesa


Jóhannes S. Kjarval

Arte Islandesa


Asgrimur Jónsson

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Utopias

Encontrei um postal da R., já de alguns anos, com uma citação muito bonita. Aproveito para voltar a agradecê-la e partilho-a:

"Ela (a utopia) está no horizonte. Aproximo-me dois passos e ela afasta-se dois passos. Avanço dez passos e o horizonte distancia-se de mim dez passos.
Posso ir tão longe quanto quiser: nunca lá chegarei.
Para que serve então a utopia?
Para isso: para avançarmos."

Eduardo Galeano

[Já agora, a citação em língua original:

Ventana sobre la utopía

Ella está en el horizonte (...) Me acerco dos pasos, ella se aleja dos pasos. Camino diez pasos y el horizonte se corre diez pasos allá. Por mucho que camine, nunca la alcanzaré. ¿Para qué sirve la utopía? Para eso sirve: para caminar.

Eduardo Galeano, Las palabras andantes, México, D.F.: siglo veintiuno editores, 1993, p. 310.]

Mais Islândia, para encher o olho!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Dia de São Valentim (3)

Dia de São Valentim (2)


Chagall, La Promenade

Dia de São Valentim

Soneto da Felicidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vive-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angustia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Arte Islandesa


"Earth", Einar Jónsson

Quaresma

A Igreja da Inglaterra propõe este ano uma Quaresma diferente. Assim, nos 40 dias que medeiam entre a Quarta-feira de cinzas e a Páscoa, em vez de se privarem da carne ou dos doces, os anglicanos deverão fazer um jejum de carbono. Ou seja, tentarem adoptar em cada um desses quarenta dias uma série de medidas de forma a reduzir o seu impacto ambiental na terra. No primeiro dia deverão tirar uma lâmpada que esteja num local proeminente da casa e viver sem ela durante toda a Quaresma, como lembrança dos sacrifícios que deverão fazer. No último dia, deverão substituí-la por uma lâmpada de baixo consumo. Este é apenas um exemplo das medidas propostas. Poderão ler mais sobre esta iniciativa aqui. Parece-me uma excelente ideia!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Arte Islandesa


The Night Troll at the Window, Asgrimur Jónsson

Björk - It's Oh So Quiet

Talvez a voz mais reconhecível da Islândia.

Aqui fica um excerto de um artigo sobre Halldór Laxness publicado na World Literature Today, Vol. 66, 1992. Quem estiver interessado em lê-lo na íntegra, peça-mo por e-mail (mas aviso que o trecho sobre Gente Independente contém spoilers...).

The World of Halldór Laxness
By SIGUMUR A. MAGNÚSSON

It is a constant source of wonder to foreign observers that a scattered and destitute nation of fewer than eighty thousand souls, as the Icelanders were at the turn of the century, should have produced such a plethora of creative talent, especially in literature and the visual arts. In painting there were such outstanding individuals as Asgrimur Jónsson (18761958), Jón Stefónsson (1881-1963), Jóhannes Kjarval (1885-1972), Thorvaldur Skúlason (1906-84), and Svavar Gudnason (1909-87); in sculpture one could single out Einar Jónsson (1874-1954), Ásmundur Sveinsson (1893-1982), and Sigurjón Olafsson (190882). In literature the first Icelanders to achieve an international reputation wrote in Danish: the dramatists Jóhann Sigurjónsson (1880-1919) and Gudmundur Kamban (1888-1945), and the novelist Gunnar Gunnarsson (1889-1975). There was also the Jesuit scholar and teacher Jon Svensson (1857-1944), who wrote in German about his boyhood experiences in Iceland and captured a worldwide audience. The first writer employing his native tongue to achieve international renown, however, was Halldór Laxness (b. 1902), who in 1955 was awarded the Nobel Prize in Literature.
No doubt the literary excellence of the Icelanders during the past century and a half owes much to the old and distinguished tradition of the Edda and the saga. It was in thirteenth-century Iceland that the famous sagas were composed, a fresh genre of realistic prose works whose equivalent can only be found in the European novel of the last two centuries. The sagas had little influence on prose writing in the rest of the world, but they still stand as the first successful attempt in Europe to create realistic secular prose narratives. Halldór Laxness works in the tradition of the anonymous saga writers and has actually found some of his subject matter in early Icelandic literature. With his narrative powers and vivid, dramatic style, he has done more than any modern novelist to renew Icelandic prose; indeed, he dominated the literary scene of his country from the mid- 1920s to the mid-1960s. He is a veritable magician with words and has in that respect alone worked miracles. His linguistic virtuosity tends to be lost in translation, as does his innate feeling for the native soil and tradition. Laxness is so deeply rooted in the oral folk tradition, shaped by the history and environment of his people, that much of the fragrance of his exquisite prose is hopelessly lost even in the best foreign renditions. Any translator of his works will testify to the exasperating dilemma of recapturing and rendering some of the original flavour. This is not to say, as some would, that every literature has its own singular attributes which are alien to other literatures. It merely means that some authors identify themselves so thoroughly with the native tradition that the most intimate quality of their writing cannot be conveyed in another language.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008






Passado uns dias o riacho tornou-se novamente pequeno e toda a neve da montanha tinha derretido. Tinha-se então o riacho tornado maçador? Não, longe disso. Transparente e alegre, corria pela areia luminosa e os seixos, entre as margens cobertas de relva murcha, a sua alegria é eternamente nova todas as Primaveras durante mil anos, ele conta pequenas histórias na sua pequena linguagem, com pequenas variações de voz, enquanto na margem está o menino sentado e escuta durante mil anos. O menino e a eternidade, dois amigos, o céu por cima da terra, límpido e interminável.
Sim.

Halldór Laxness, Gente Independente